Há cerca de 10 anos, no Monte Crista, em Garuva, o são-bentense Juliano Novais puxou conversa rapidamente com dois atletas que estavam treinando na montanha mais conhecida e visitada da região. “Eu não entendia como era possível alguém correr naquele lugar”, comenta ele, lembrando que já é exigido um certo preparo físico mesmo de quem chega até lá em cima apenas caminhando.
“Aquela foi a primeira vez que tive contato com o trail running”, diz, referindo-se à atividade que consiste em correr em trilhas e caminhos montanhosos, passando por toda sorte de obstáculos naturais, como córregos d’água, pedras e galhos. “Desde então, eu fiquei fascinado, e sempre me imaginei fazendo aquilo”, confessa.
Hoje, com 34 anos, o morador do Centro acumula algumas experiências com o esporte, disputando provas com alguns dos melhores atletas do Brasil na modalidade. Tanto que ele já competiu três vezes no Campeonato Brasileiro de Skyrunning, em Jaraguá do Sul, em 2022 correndo 13 quilômetros, ficando na 11ª posição; em 2023, com 25 km, alcançando o 27° posto; e, agora em 2024, em trajeto com 34 km, obtendo o 17º lugar.
Recentemente, Juliano deu algumas passadas consideráveis na carreira, ao participar de sua primeira ultramaratona, no caso, a Ultramaratona dos Perdidos, no Paraná. “Uma prova de 55 km, com muita lama e frio”, conta ele, que não teve um bom resultado, culpa das dores de uma lesão sentida dias antes da corrida – que ele fez em pouco mais de 10 horas.
Muito além do físico
“Para ser ultra, é necessário ter muito mais do que um ótimo preparo físico. É preciso estar bem alinhado consigo mesmo, com os treinos, com a alimentação, com a suplementação e com a disciplina para conseguir manter a performance por várias horas de trilha”, expõe. “Correr em trilhas é muito mais divertido, porém, requer muito mais planejamento estratégico, técnica e concentração do atleta”, completa.
O trail running, conforme Juliano, tem ganhado cada vez mais adeptos, “pois proporciona um altíssimo grau de autorrealização”, conforme suas palavras. “Conquistar uma montanha correndo é altamente satisfatório. Chega a ser indescritível. É uma experiência muito intensa”, sentencia o atleta, que começou nas passadas ainda nas corridas de rua, em 2021. Logo no ano seguinte ele conquistou o título de campeão geral no Desafio Serra Dona Francisca, com 15 km, apenas na terceira corrida que disputou.
Treinos
Juliano treina em áreas interioranas de São Bento do Sul, correndo de 50 a 60 km semanais. “Onde tiver terreno off-road eu estou”, resume, citando como exemplos a Serrinha Gatz, o vale de Rio Natal e a Estrada Dona Francisca. Outro local é o Castelo dos Bugres, na serra, explica o atleta, que também faz academia, para fortalecimento.
Itens
Durante provas com tamanho nível, explica Juliano, são exigidos itens como mochila de hidratação, apito, manta térmica, corta-vento impermeável e lanterna de cabeça, por exemplo. “Para algumas corridas, é necessária até a assinatura por um médico liberando”, ressalta.
Mas e a alimentação? Normalmente os atletas utilizam cápsulas de gel de carboidrato e de sal, para reposição mais rápida dos nutrientes. “A própria organização do evento fornece pontos de hidratação e em alguns pontos da prova para facilitar, geralmente mesas com frutas, paçoca e salgadinhos”, diz.
Próximo desafio
A próxima prova da agenda está marcada para novembro. “São quatro meses de preparo para enfrentar os 55 km da Mons Ultra Trail, em Nova Trento”, ressalta, relatando que a prova ocorre em um local com um cenário que mescla beleza e dificuldade, com a participação de atletas chegam a competir em distâncias superiores a 100 km.
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