Segunda-feira, 21 de abril de 2025

Duas décadas sem Ayrton Senna

• Atualizado 10 anos atrás.

No país do futebol, um piloto da Fórmula 1 conseguiu alcançar o status de ídolo do esporte e ser venerado por milhares de brasileiros a cada vitória conquistada. Porém, há exatos 20 anos, sua história era interrompida na curva Tamburello, em Ímola, e o piloto deixava o mundo para assumir o status de lenda no imaginário de todos os amantes de corrida. Seu nome era Ayrton Senna da Silva, e o seu legado vai além das pistas de corrida.

Nascido em 21 de março de 1964, Senna competiu, por dez anos, na fórmula um, passando por quatro equipes – Toleman, Lotus, McLaren e Willians – e conquistando três títulos mundiais da categoria. Com um estilo arrojado e agressivo, o piloto marcou época pelas ultrapassagens, corridas brilhantes na chuva e uma busca constante pela perfeição.

Um acidente, no dia 1º de maio de 1994, interrompeu uma carreira que já era brilhante. Luís Carlos Frantz, piloto da equipe Enzo Powersport, preparador de rali e construtor, conta que o sentimento no dia do acidente era de incredulidade. “Quando Senna se foi, parecia que não era real, não era de se acreditar; para quem viu ao vivo, como eu, foi chocante”, lembra.

Para Frantz, a maior herança deixada pelo piloto foi a determinação, o poder de conquistar o que deseja, servindo de incentivo para uma geração. “Senna era uma inspiração para pilotos e torcedores, o automobilismo como um todo perdeu o interesse do público depois que ele se foi. Jovens do Brasil e do mundo queriam ser ele no futuro, e essa motivação de várias pessoas pelo esporte se perdeu um pouco”, diz, sintetizando, em poucas palavras, o sentimento que fica pelo ex-piloto. “Para mim, sempre vou lembrar como se tivesse conhecido ele, como um amigo que partiu”, completa.

Bruno Grossl tinha apenas cinco anos quando ocorreu o acidente, mas tem lembranças do dia em que Senna morreu. “Lembro de estar assistindo a corrida, do acidente e da comoção que foi surgindo entre toda a família depois da morte dele”, frisa.

Ele é fã de automobilismo e tem uma coleção com diversos souvenirs do piloto, que incluem chaveiros, adesivos, bonés, miniaturas de carro, revistas, pôsteres, entre outros. Grossl destaca a marca deixada pelo piloto no automobilismo mundial. “O seu legado fez ele se tornar a lenda que é hoje em dia, não só no Brasil, mas no mundo. Muitos pilotos são lembrados por determinados feitos em algumas provas, mas Senna é lembrado por todas as vezes que sentou em um carro de corrida”, diz.

O dia fatídico

Senna chegava para o Grande Prêmio de San Marino, no dia 1º de maio de 1994, já com uma carreira impressionante, acumulando mais de 40 vitórias na categoria. Era sua primeira temporada correndo com o carro da Willians e, nas duas primeiras provas da temporada, ele havia conquistado a pole position, mas não tinha conseguido chegar ao fim das corridas.
Na sétima volta do terceiro GP da temporada, em Ímola, na Itália, Senna perdeu o controle do carro na curva Tamburello e se chocou violentamente contra o muro. No acidente, um pedaço da barra de suspensão da Willians se solta, quebra a sua viseira e atinge a cabeça do piloto, que não resiste e tem a morte confirmada poucas horas depois.

Legado na educação

Senna via na educação um dos maiores caminhos para o desenvolvimento do País, mas seu acidente fez com que ele partisse sem realizar seu desejo de contribuir efetivamente nesta área. Pensando em manter vivo o legado do piloto, sua irmã e empresária, Viviane Senna, fundou, meses depois da tragédia, em 1994, o Instituto Ayrton Senna, partindo de um projeto idealizado pelo próprio piloto ainda em vida.
Com o objetivo de pesquisar e produzir conhecimentos para melhorar em larga escala a qualidade da educação brasileira, o instituto capacita anualmente 75 mil educadores, e seus programas beneficiam diretamente cerca de 2 milhões de alunos em mais de 1.300 municípios, nas diversas regiões do Brasil.
Integrante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Instituto Ayrton Senna não tem fins lucrativos e é financiado com recursos próprios, de doações e também de parcerias com empresas privadas.

Números

• 3 títulos mundiais (1988,1990,1991);
• 161 GPs disputados;
• 65 pole positions;
• 41 vitórias;
• 2.982 voltas na liderança;
• 19 voltas mais rápidas;
• 614 pontos na carreira.

Entre os ensinamentos que o piloto deixou, muitos deles vão além das pistas de corrida, como lembra Grossl. “Precisamos buscar sempre o nosso limite e o nosso melhor, mas sem perder a humildade. Uma das características mais marcantes de Senna era seu desejo de vencer, de estar na melhor equipe, e podemos nos espelhar nisso em nossas vidas, não se acomodando e sempre procurando evoluir”, completa.

Saudade que fica
Ao entrar no consultório do médico Eduardo Moraes, logo se percebe a paixão do profissional pelo automobilismo, estampada no quadro com a icônica fotografia dos anos 1980 que mostra os pilotos Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet reunidos.

Moraes acompanha a Fórmula 1 desde os anos 70 – atualmente com menos intensidade do que no passado, ele confessa – e diz que Senna fez parte do último grupo de pilotos que trazia emoção para as pistas. “Foi a última geração romântica do automobilismo, pois o carro ainda dependia muito do piloto, tanto que a segurança não era um aspecto primordial. As ultrapassagens aconteciam na pista, a tecnologia estava evoluindo, ela era importante, mas os pilotos – em condições ideias – ainda disputavam mesmo, ainda existia aquela história de entrar lado a lado em uma curva”, lembra.

Desde a década de 1990, Moraes trabalha na parte da cobertura médica de provas de velocidade no município e lembra com pesar do dia 1º de maio de 1994. “Foi uma comoção nacional, talvez a maior da história do esporte”, completa.

Adriano Fendrich acompanha a Fórmula 1 desde os anos 1980 e, desde 2007, vai até São Paulo assistir o Grande Prêmio de Interlagos junto a um grupo de fãs de automobilismo da cidade. Ele possui uma série de revistas, jornais e pôsteres do tricampeão, todos guardados com muito carinho e que remetem a uma época única do automobilismo mundial. “Ele era o cara, o melhor piloto de Fórmula 1, na chuva, não tinha para ninguém”, lembra, destacando que a competição perdeu muitos seguidores devido à saída prematura do brasileiro das pistas. “Tem gente hoje que não assiste a Fórmula 1 por não ter o Senna, ele deixou muita saudade”, frisa.

Últimas notícias

Dom João 2
Papa 2
Papa
Mega Sena site
Morte moto site

Mais lidas

corpo-27498
visita-tecnica-havan-2-27563
tumulto-na-camara-27492
forum-da-comarca-27578
magda-elizabeth-27501

Notícias relacionadas