Referência na área da educação, Antonio Dias Mafra será condecorado com o título de Cidadão Honorário pela Câmara de Vereadores de São Bento do Sul, no dia 30 de novembro. Esse reconhecimento é reflexo do seu comprometimento e dedicação às redes municipal, estadual e particular de ensino e também a esfera pública e com seu trabalho pela preservação da história do município.
*Mafra é natural de Araquari, onde residiu até os 6 anos. A sua família sempre esteve envolvida com a agricultura, mas como a atividade não estava rendendo o suficiente, teve que alçar outros campos de trabalho. Foi o que aconteceu em 1955, quando se mudou para Marcílio Dias, considerado o povoado mais antigo de Canoinhas. Lá, seu pai passou a trabalhar na empresa Wiegando Olsen S.A, considerada a maior fábrica de artefatos de madeira da região.*
*Em 1960, com o falecimento de sua mãe, precisou ingressar no mercado de trabalho para contribuir com o sustento familiar, aos 12 anos. Em seu primeiro emprego, na Casa Comercial João Pirmann, fez de tudo um pouco. “Trabalhei com erva-mate, no açougue, com o engarrafamento de bebida. Tudo isso sem deixar os estudos de lado”, recorda.*
Mafra estudava no atual Colégio Estadual Santa Cruz, quando recebeu o convite para ingressar na Congregação Marista e concluir o seu curso ginasial no tradicional Ginásio São Bento. A vinda para São Bento ocorreu em 1966 e ele lembra com muito carinho desse dia. “Desembarquei na Estação Serra Alta, peguei uma lotação até o Centro e subi as escadarias da Igreja Matriz”, conta.
O período de internato foi positivo, além de abrir muitas portas. Nas horas livres aproveitou para cursar datilografia e logo recebeu um convite para trabalhar como auxiliar na secretaria da instituição, ampliando seu horizonte de atuação para além da sala de aula.
Já em 1970, após concluir o Ensino Médio, tornou-se o secretário titular e assumiu a responsabilidade de montar um projeto de Estadualização do Ginásio, transformando a escola em pública, mista e com cursos no horário noturno.
Ainda a convite da direção da unidade educacional, deu o pontapé inicial para a sua carreira como professor, recebendo autorização da Secretaria de Educação para lecionar também Português e História. Essa última disciplina, aliás, é considerada a sua paixão e lhe rendeu um diploma de Ensino Superior. “Estava entre os poucos profissionais licenciados da época”, diz.
Poder público
Devido ao salário atrativo, Mafra prestou concurso na Prefeitura e assumiu a posição de Fiscal da Fazenda Municipal, em 1974. Um ano depois, veio o convite do então prefeito, Osvaldo Zipperer, para comandar o cargo de Diretor do Departamento de Educação e Cultura, que corresponde atualmente à Secretaria de Educação.
Foi nesse período que o docente pôde compreender mais profundamente como funcionava a esfera pública e elaborar planos e ações em benefício da comunidade. Mafra tinha apenas 27 anos, contudo, muita determinação e vontade. Tanto é que permaneceu no cargo até 1983, fazendo parte também da gestão de Odenir Osni Weiss.
Para ele, foram anos de muitas realizações. “Se tem uma coisa de que eu posso me vangloriar era a minha equipe de trabalho. Eles eram muito bons”, elogia. Em poucos anos, o município adquiriu terrenos para a instalação de escolas estaduais, como a Osmarina Batista Betkowski, a João Ropelato e a Carlos Zipperer Sobrinho.
Além disso, o departamento investiu na formação dos professores, implantou a rede de pré-escolas na intenção de atender todos os bairros, duplicou o número de salas de aula, criou a sede da Apae e a Fetep – instituição onde atuou como secretário após finalizar o seu mandato no âmbito executivo. Nesse ínterim, junto a Direção da FURJ (Univille), montou o processo de criação do Curso de Administração de Empresas.
A carreira de professor
O compromisso com a educação não se limitou a Prefeitura. Mafra foi o pioneiro como diretor-geral eleito na Escola Roberto Grant, além de ter tido a oportunidade de lecionar em várias outras instituições escolares. A vontade de aprender cada vez mais o levou a realizar uma pós-graduação em Historiografia Brasileira na Univali, em Itajaí, e a iniciar sua trajetória dentro do ramo acadêmico, na Univille.
Todas essas qualificações ainda proporcionaram ao professor uma passagem pela Gerência Local de Ensino, no qual foi Inspetor Escolar e tinha a missão de ajudar a construir a Proposta Curricular de Santa Catarina. “Ministrei cursos em diversas cidades e conheci muitos professores. Foi muito gratificante”, revela.
Mafra também possui uma ligação muito forte com a Universidade do Contestado, onde dedicou 22 anos de sua vida profissional. Durante esse período, atuou como coordenador do curso de História e foi indicado como paraninfo por vários anos consecutivos. Simultaneamente, empenhava-se no ensino de jovens e adultos pelo Ceja, uma instituição que o acolheu até sua aposentadoria.
Literatura
Mafra nunca considerou a possibilidade de parar. Desde que deixou o ambiente educacional, vem se dedicando com mais afinco a duas áreas distintas: a habilidade artesanal de criar relógios de madeira e a arte da escrita, tornando-se um grande autor de livros.
Ele conta que teve o incentivo de renomados professores, como Irmão Eloi Schneider, Pedro Machado Bitencourt e dona Irene Husmann. No início, escrevia por necessidade, mas aos poucos desenvolveu um verdadeiro gosto pela atividade.
A sua primeira publicação foi em 1993 titulada “História do Desenvolvimento da Indústria do Mobiliário”. Em 2003, Mafra lançou o seu segundo livro, “Ginásio São Bento 50 anos”, em celebração a instituição que lhe recebeu tão bem.
São várias obras, mas algumas ele mantém um carinho especial, como os livros que narram as trajetórias de Osvaldo Zipperer (o Prefeito do Centenário) e de Odenir Osni Weiss, além dos exemplares que abordam a história do Poder Legislativo são-bentense e os 150 anos do município.
Recentemente, ele também concluiu a pesquisa biográfica de Silvio Dreveck, a pedido do próprio ex-prefeito e atual Secretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviço de Santa Catarina. O livro não tem data de lançamento ainda, mesmo assim, Mafra já está sendo procurado por outras pessoas que gostariam de ter suas histórias registradas.
Amor por São Bento
Quando veio morar em São Bento, Mafra passou a cultivar um amor pela cidade e pelo seu povo. Foi aqui que ele construiu a sua família, viu seus filhos crescerem e agora acompanha o desenvolvimento de seus netos. Aos 75 anos, sente-se realizado por tantos feitos e pela sua contribuição com o desenvolvimento da região, especialmente no âmbito educacional.
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