Foi aberta nesta terça-feira (24) a Mostra Internacional de Instrumentos Medievais de Tortura, no prédio do antigo Arquivo Histórico de São Bento do Sul, ao lado do Museu Municipal Dr. Felippe Maria Wolff. Segundo a curadora Carla de Andrade, estarão em exposição 40 peças, a mais antiga delas datada de 1186. Trata-se de uma cadeira inquisitória com mais de 1,6 mil pontas de madeira e outras 23 de ferro. Se o resultado esperado – as confissões – não fosse alcançado, a vítima morria em cerca de três dias, após um lento processo de sofrimento através das perfurações e o consequente sangramento.
Os instrumentos são oriundos de diferentes países europeus, como Itália, França, Espanha, Alemanha e Áustria. “São todos originais”, garante Carla. Organizada pela Associazone Ricercatori Storici D’Itália, de Verona, a exposição permanecerá em São Bento por um mês. Durante este período, a população terá a oportunidade de conhecer aparelhos utilizados com frequência durante a Idade Média. A empalada, por exemplo, era enfiada no ânus da vítima e saía pela garganta. As atrocidades cometidas na época com o instrumento teriam servido de inspiração para o escritor irlandês Bram Stoker, autor do clássico “Conde Drácula”.
Horários e ingressos
A exposição poderá ser visitada durante a semana, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 21 horas. Aos sábados, das 9 às 12 horas e das 14 às 19 horas. E, aos domingos, das 14 às 19 horas. Os ingressos custam R$ 6 (inteiro), R$ 3 (meia entrada) e R$ 2 (para estudantes com grupo agendado). Professores acompanhantes não pagam.
Outro instrumento, a virgem de Nuremberg, era uma cápsula que podia abrigar uma pessoa em pé. Propositadamente, as lâminas das paredes internas não atingiam os órgãos vitais. Assim, a vítima perdia sangue aos poucos. A forquilha do herege era uma espécie de garfo com pinos nas duas extremidades. Uma delas ficava embaixo do queixo, enquanto a outra apertava o peito da pessoa, deixando-a com o pescoço esticado e a cabeça erguida. Dessa forma, se ela se movimentasse, os dentes afiados penetravam a pele. Mesmo que a pessoa não se mexesse, ela sofria psicologicamente e de cansaço, pois ficava impedida de dormir, por exemplo.
Humilhação
Na berlinda, a pessoa ficava com a cabeça e com as mãos presas, em praça pública. “Era um instrumento de humilhação”, conta Carla. Outro acessório medieval humilhante era a viola das comadres, prendendo as mulheres pelas mãos e pelo pescoço. As vítimas, no caso, eram as “fofoqueiras e briguentas”, conforme explica a curadora. Presas ao instrumento, elas permaneciam assim em público. As acusadas de adultério eram submetidas ao mesmo aparelho, mas andavam individualmente pelo vilarejo. Outra peça de sofrimento psicológico era a flauta de bagunceiro, utilizada para punir, entre outros, músicos devido às más execuções musicais. As vítimas ficavam por um longo tempo presos ao aparelho, na posição de flautista.
Um exemplar do tradicional machado medieval, utilizado por carrascos, era um “privilégio” apenas para membros do alto clero, conforme Carla. Outro instrumento tradicional da exposição é a guilhotina. Peça vista com frequência em filmes e desenhos animados, o balcão de estiramento era utilizado para deixar as vítimas deitadas, alongando o corpo das mesmas em até 30 centímetros. Também poderão ser vistos na mostra dois cintos de castidade, um modelo masculino e um modelo feminino. De acordo com a curadora da exposição, o aparelho masculino surgiu primeiro, para impedir atos sexuais de escravos. Já o equipamento feminino, conforme ela, protegia as mulheres contra estupros.