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LAYRA OLSEN / JORNAL A GAZETA

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Dr. Luiz aconselha paciente a procurar unidade de saúde ao apresentar sintomas da doença

SAÚDE

Médico infectologista responde 10 perguntas sobre a dengue

Layra Olsen - layra@gazetasbs.com.br | São Bento do Sul

29/04/2022 - 11:25

Somente neste ano, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) confirmou quase 15 mil casos de dengue e muitos municípios já são considerados infestados pelo mosquito Aedes aegypti. Em São Bento do Sul, a Prefeitura registrou dois pacientes com a doença. Ambos adquiriram o vírus em outra cidade, ou seja, são casos importados.

Diante da atual conjuntura, A Gazeta conversou com o médico infectologista, Luiz Felipe de Souza Moreira. Ele compartilhou algumas informações sobre a doença e frisou a importância de realizar um tratamento adequado. Confira as perguntas e respostas abaixo.

1. O que é a dengue?
Doutor Luiz Felipe de Souza Moreira: É uma doença infecciosa causada por um vírus, e pode despertar tanto a manifestação clássica quanto a forma hemorrágica. No nosso meio, o transmissor é o Aedes aegypti. São quatro tipos de vírus (Den-1, Den-2, Den-3 e a Den-4). Quando o paciente adquire um desses sorotipos, fica imune ao mesmo. Porém, há uma grande probabilidade de evoluir para uma dengue mais grave ao contrair os tipos subsequentes.

Normalmente, a segunda vez é pior que a primeira. Isso não descarta de ter dengue hemorrágica já na primeira vez, embora não seja o habitual. Geralmente as chances de ocorrer são maiores a partir do segundo episódio.

2. Quais são os principais sintomas?
A dengue é uma doença febril aguda. O paciente pode apresentar febre por até sete dias, dor no corpo e dor de cabeça – em geral na região retro-orbitária (atrás dos olhos), mal-estar generalizado, perda de apetite.

3. O paciente pode ser assintomático?
Sim. Em qualquer doença pode.

4. Como é feito o tratamento?
Não tem um tratamento específico e nenhuma droga. Existem medidas de suporte. O paciente pode utilizar paracetamol, dipirona e deve evitar medicamentos que podem baixar plaquetas, como aspirina. Também é importante manter uma boa hidratação. Quando há sinais de gravidade, o ideal é internar para hidratar porque pode evoluir para o choque. A pressão cai muito, a pessoa não consegue levar sangue adequado para os órgãos e pode ocorrer a falência de múltiplos órgãos.

Curiosamente, na dengue, quando a febre começa a ir embora, pode piorar a condição do paciente. Isso se deve pelo sistema imune, que está desregulado. As substâncias produzidas não favorecem essa resposta. Têm citosinas que fazem muito bem para combater a dengue, e outras que fazem muito mal. E dependendo do padrão de resposta a desempenhar, pode evoluir mal.

5. Qual o tempo de cura para dengue?
O tratamento é muito rápido. Habitualmente, o paciente vai se hidratando por três a quatro dias, e logo apresenta melhora. Mesmo assim, é preciso ter acompanhamento médico. Só o médico pode dar alta.

6. Que tipo de exame identifica a dengue?
É difícil olhar para o paciente e garantir que é dengue, até porque existem doenças parecidas, como a Covid-19. Por isso, na fase inicial, é feito um exame que procura pedaços do vírus, como o PCR. E na segunda fase são feitos exames sorológicos para contagem de plaquetas.

7. Uma pessoa infectada pode passar a doença para outra?
Basicamente, não. Mas, o paciente não pode ficar circulando com dengue. Ele tem que ficar em casa, passar repelente. Se for picado novamente, pode transmitir indiretamente para outras pessoas.

8. Existe vacina para a dengue?
Sim, mas não é liberada para quem nunca teve dengue. A indicação é para quem já contraiu a doença, sendo disponibilizada na rede privada.

9. Como proceder ao apresentar os primeiros sintomas?
O ideal é procurar uma unidade básica porque o município precisa ser notificado.

10. O Aedes aegypti também transmite outras doenças. Quais são elas?
As mais comuns são o zika vírus e a chikungunya. A mortalidade do zika é muito baixa, porém, ao atingir uma mulher grávida, por exemplo, pode causar mal a criança. Já a chikungunya gera dor nas juntas e demora para melhorar. Muitas vezes é necessário utilizar remédios fortes.

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