Regularmente, o Centro Brasileiro de Estudos Sul-Americanos realiza um balanço da violência em todo o País. O resultado disso é o Mapa da Violência, uma tabela com os dados dos homicídios, suicídios e acidentes de trânsito correspondentes aos 5.565 municípios brasileiros reconhecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Recentemente foi divulgada a última atualização do estudo − contendo os números referentes ao ano de 2012 − e que manteve os padrões encontrados nos anos anteriores, em todos os municípios da região.
Acidentes de trânsito
Como era de se esperar, os acidentes de trânsito seguem liderando o número de mortes que ocorrem na região. Segundo o estudo, São Bento do Sul foi a cidade da região que mais apresentou mortes por esse motivo, 16, o mesmo número dos dois anos anteriores. Rio Negrinho apresentou nove óbitos, Campo Alegre, quatro, e Piên não registrou mortes por acidente de trânsito em 2012.
O subtenente e comandante do posto da Polícia Militar Rodoviária de Campo Alegre, João Filhakoski, analisa esses dados e aponta alguns motivos para os números ainda altos. “As estradas não são ótimas, mas são adequadas para o tráfego. Nós temos um fluxo intenso, então é necessário muita atenção e cuidado ao dirigir. Acredito que são duas situações que contribuem para esses números, a imprudência e as condições da pista, como tráfego, falta de acostamento, pista molhada, entre outros, sendo que a imprudência ainda é o diferencial”, diz.
Para diminuir essa estatística, a aposta é na fiscalização ainda maior dos motoristas e também no cuidado com a formação de futuros habilitados. “Para reduzir esses números, trabalhamos em duas correntes simples, uma envolvendo condutores e outra envolvendo futuros motoristas. Para quem dirige já há algum tempo, é necessário corrigir vícios como ultrapassagens em locais proibidos e excesso de velocidade, através de uma fiscalização mais severa e uma punição maior”, conta, explicando também a ação com os futuros pilotos. “Para os que ainda não são condutores, há cada vez mais a busca pela educação no trânsito, tanto em casa quanto na escola e no dia a dia; é preciso preparar melhor esses futuros motoristas”, explica Filhakoski e ainda completa. “Acredito que, com essas ações, iremos colher os frutos em breve”.
Suicídios
As mortes por suicídio, por sua vez, apresentam poucos casos em comparação com outras regiões catarinenses e também dos demais estados brasileiros. Campo Alegre não registrou ocorrências nos últimos dois anos do estudo, enquanto Piên não teve caso em 2012. Rio Negrinho teve uma morte deste tipo catalogada, enquanto São Bento do Sul registrou três.
O psicanalista Robson Mello, diretor-geral da clínica Casa Vida, discorda destes números apresentados pelo estudo. “Este assunto é muito grave, e as pessoas nunca querem falar sobre isso, também existem tentativas que não se consumam, mas do que nós ficamos sabendo de situações que se concretizam são muito mais do que esses casos registrados”, diz.
O psicanalista registra que estes números tendem a aumentar se não se pensar em políticas públicas de prevenção, trabalhando com profissionais para falar e debater acerca deste assunto. “A realidade social e cultural que estamos vivendo colabora para o suicídio, e a única forma de evitar que isso ocorra é trazendo este tema para a discussão, ao invés de tratar como um tabu. As pessoas estão sofrendo muito e pensam que o único modo de curar essa dor é através de remédio”, diz, frisando as consequências destes atos. “O remédio é importante, mas, sozinho, ele não dá conta do sofrimento das pessoas, e quem se entrega a isso acaba se afundando”, completa.
Homicídios
Ainda segundo o estudo, Campo Alegre é a cidade da região que apresenta a maior taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes. Foram dois casos registrados em 2012, o que coloca a cidade na posição 1.406° do ranking brasileiro, com taxa 17. No outro extremo da ponta, está São Bento do Sul, com quatro casos no mesmo período e o lugar 2.474° entre as mais de cinco mil cidades brasileiras, com taxa 5,2.
Rio Negrinho conta com uma taxa de 12,4 homicídios para cada 100 mil habitantes e registrou em 2012 cinco casos, ficando na 1.762° posição. Já Piên teve um caso neste período de tempo e conta com uma taxa de 8,7, ficando no 2.106° lugar.
O delegado regional Rubens Almeida Passos de Freitas destaca que os números da região estão abaixo tanto da média estadual quanto da nacional, e que a maioria desses casos foram solucionados, resultando em diversas prisões. “Esta é uma região tranquila, estes números não preocupam, estão dentro do aceitável”, destaca.