A rio-negrinhense Ieda de Aviz utilizou a tribuna popular da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, na semana passada, para falar sobre um assunto muito importante: a falta de auxiliares em sala para alunos com autismo e outras deficiências.
Ieda é mãe de três filhos, sendo um deles diagnosticado com o transtorno do espectro autista desde os três anos. “De lá para cá, minha vida tem sido repleta de amor, desafio, descoberta, aprendizado e muita luta para garantir-lhe uma vida digna num mundo onde seus direitos sejam respeitados e cumpridos. E é exatamente por causa dessa luta que estou aqui hoje. Represento não apenas meu filho, mas me solidarizo com as mães de filhos autistas e com necessidades especiais que, assim como eu, tem enfrentado frustrações no que se refere ao direito de um auxiliar em sala de aula, previsto pela lei federal Berenice Piana”, frisa.
Conforme a munícipe, a dificuldade tem sido tanta que ela precisou procurar o Ministério Público para assegurar seu direito.
“Um dos grandes problemas é a rotatividade, pois os auxiliares dos alunos especiais são estagiários contratados pela Prefeitura, que às vezes não se adaptam ou encerram contrato para trabalhar em outros locais. Assim, permanecem dificilmente com o mesmo aluno por mais tempo. Essas mudanças causam impactos gigantescos em crianças autistas, fazendo um verdadeiro desiquilíbrio emocional e psicológico, afetando o desenvolvimento escolar”, explica.
No último concurso público, esteve disponível vagas para o cargo de Atendente Educacional, cujas atribuições são semelhantes ao do auxiliar de sala. “Confesso que fiquei aliviada com a esperança de que meu filho teria alguém que não estaria com ele apenas por algum tempo e que não precisaria me preocupar em garantir que realmente houvesse um auxiliar depois de cada final de ano ou encerramento de contrato. Mas a esperança logo se desfez. Fui informada que esses atendentes seriam contratados apenas para os Cmeis. Se essa vaga tem a função de atender os Cmeis e Emebs, por que, então, estão sendo destinadas apenas para substituir os assessores contratados nas creches?”, indagou.
Falta de verba e de demanda
Ieda comentou que procurou a secretária de Educação do município, Sandra Brambilla Hacke. Ela a informou que a contratação ocorre apenas para as creches devido a falta de recursos e receio de não haver demanda.
“Com todo respeito, não acredito que seja por falta de verba, mas sim por falta de interesse, de um olhar mais cuidadoso com a imensa necessidade de apoio pedagógico que nossos filhos especiais precisam diariamente. Quanto a demanda, os senhores realmente acreditam nisso?”, questionou.
Ainda, a moradora citou o crescente número de laudos nos últimos anos. “Acreditam que em algum momento teremos em escolas alguém que não seja necessário ter um auxiliar em sala acompanhando um aluno com necessidade especial? Infelizmente, todos os números em pesquisas dizem o contrário. Somente na escola em que meu filho estuda há cerca de 45 alunos com algum tipo de laudo e vários com autismo, deficiência física ou intelectual que iniciam o ano sem nenhum auxílio em sala”, disse Ieda.
Por fim, ela pede a ajuda dos demais vereadores para reivindicar a pauta. “Temos o cargo, temos os atendentes, temos os recursos. O que ainda não temos? Alguém que realmente se importe e nos ajude nessa luta! Espero sinceramente que essa ajuda esteja nessa casa e que com esse passo, possamos assegurar o direito de nossas crianças à uma educação verdadeiramente inclusiva e de qualidade”, concluiu.
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