Domingo, 27 de abril de 2025

Já inclusa na grade curricular, entenda como funciona a disciplina de Pensamento Computacional

Professores e gestores divergem sobre impactos no ensino da rede pública de São Bento do Sul

• Atualizado 23 dias atrás.

A inclusão da disciplina de Pensamento Computacional na grade curricular do ensino fundamental da rede municipal de São Bento do Sul tem gerado discussões entre a Secretaria de Educação e a comunidade escolar. A iniciativa, que visa alinhar o município às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é vista como um avanço tecnológico por gestores, mas enfrenta críticas de professores preocupados com os impactos na qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com o secretário de Educação, Josias Terres, a nova disciplina tem como objetivo preparar os estudantes para os desafios do mercado de trabalho, proporcionando desde cedo o contato com tecnologia e programação. “Estamos investindo na formação de uma geração capacitada para atuar no mercado tecnológico, que será um dos pilares da economia em Santa Catarina nos próximos anos. A disciplina será implementada em todas as escolas da rede, abrangendo alunos do 1º ao 9º ano. Essa iniciativa é parte de um esforço estadual e nacional para fomentar a cultura digital e preparar os estudantes para o futuro”, destacou Terres.

Na Escola Municipal Lúcia Tschoeke, a professora da disciplina, Alana Engel, explicou como o ensino de Pensamento Computacional está sendo conduzido para os alunos do Ensino Fundamental I, que abrange até o 5º ano. “Trabalhamos com introdução à programação utilizando blocos e componentes como o sensor de luminosidade. Isso permite que os alunos desenvolvam projetos práticos, como um exemplo de como o poste de luz acende à noite e apaga durante o dia. É uma forma de tornar a programação divertida e significativa,” afirmou.

Além das habilidades tecnológicas, a disciplina fortalece competências como raciocínio lógico e resolução de problemas. “Os alunos são estimulados a testar, errar e tentar novamente, ganhando independência e aprimorando o pensamento crítico. Temos também estudantes de educação especial que têm demonstrado grande interesse,” destacou a professora.

A Secretaria de Educação reforça que tem realizado investimentos significativos em equipamentos, como Chromebooks, kits de robótica e carrinhos de pensamento computacional. Além disso, recursos adicionais estão sendo direcionados para o Ensino Fundamental II, incluindo laboratórios móveis.

Miguel Carvalho, aluno do 3º ano, demonstrou entusiasmo com a nova disciplina. “Eu quero ser eletricista ou programador. Adoro ver os comandos que faço no computador funcionando de verdade nos projetos”, revelou.

Preocupação
Por outro lado, a implementação da disciplina tem gerado descontentamento entre os professores. Uma parte dos educadores argumenta que a medida reduziu a carga horária de matérias essenciais, como Matemática, Ciências e Geografia, sem a devida consulta à comunidade escolar. “Não somos contra a tecnologia, mas acreditamos que tirar aulas de disciplinas fundamentais comprometerá o aprendizado dos alunos,” afirmou uma professora em carta aberta ao jornal. Eles sugeriram alternativas, como aumentar o número de aulas semanais, mas a proposta foi rejeitada pela Secretaria devido a dificuldades logísticas.

Sobre essas preocupações, Josias Terres ressaltou que a disciplina de Pensamento Computacional é um esforço conjunto de São Bento do Sul com o estado de Santa Catarina, dentro de um pacto estadual para transformar o estado em um polo de inovação até 2030. “Em 2026, essa disciplina será obrigatória em todo o país, mas decidimos adiantar a implantação para garantir que nossos alunos estejam preparados desde cedo. Estamos formando uma base educacional sólida que atrairá empresas e empregos de alta qualificação para a região”, explicou o secretário.

Josias também destacou a importância de tornar a tecnologia acessível e prática para os estudantes. “As crianças aprendem a programar de forma lúdica e prática, utilizando blocos no início e avançando para linguagens mais complexas. Isso não é algo abstrato, é a base do futuro que queremos construir para eles e o que a gente gostaria é que os professores que já estão pegassem essas aulas, mas infelizmente a gente teve que adiantar o processo e chamar de concurso”, concluiu.

O Departamento de Ensino da Secretaria, confirmou ainda que não haverá mais reuniões sobre o assunto, apenas serão respondidos os questionamentos formais recebidos, que serão sanados pela equipe técnica, pautado em normativa e embasamentos jurídicos.


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