O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Papel e Plástico de Rio Negrinho (Sintipar) reuniu, na noite de quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, os ex-funcionários credores da empresa Busscar, para demonstrar e discutir a proposta do plano de recuperação judicial proposto pela empresa. O resultado da reunião foi de 100% dos trabalhadores votando contra a proposta.
O presidente do Sintipar, Egbert Klein, explicou os principais pontos da proposta e simulou como seria o pagamento a um ex-funcionário que tivesse, por exemplo, verbas trabalhistas a receber de R$ 50 mil. “Dos R$ 50 mil, ele receberia cerca de R$ 7 mil dentro de oito meses. Do restante da dívida, segundo a proposta, o trabalhador vai perder 85% do valor. Além de receber apenas 15% da dívida, ela será paga em 72 vezes, sem correção e juros”, explicou Klein.
Sindicato não quer fechamento
Egbert Klein deixou claro que tanto o sindicato quanto os trabalhadores são contra a proposta da empresa. “Não queremos o fechamento da empresa, mas sim uma proposta em que o trabalhador não tenha que pagar a conta sozinho”, disse. Ele exemplificou que o plano prevê a venda de imóveis de milhões de reais para capital de giro. “Faremos uma contraproposta, para que pelo menos 50% desse valor seja para pagamento dos trabalhadores”, finalizou.
Decisão será dia 19 de agosto
Da filial de Rio Negrinho, são cerca de 300 ex-funcionários, de um total de 5 mil trabalhadores, contando a matriz em Joinville. A reunião dos ex-funcionários da matriz aconteceu na terça-feira e também trouxe posição unânime contra a proposta do plano de recuperação e a volta ao trabalho. A definição acontece em assembleia geral, no dia 19 de agosto, em Joinville. Até lá pode haver novas propostas da empresa, já que a atual foi completamente vetada pela categoria.
Os trabalhadores ficaram boquiabertos quando viram que, de um crédito de R$ 50 mil, será pago pouco mais de R$ 12 mil ao trabalhador, ao longo de 8 a 9 anos. Enquanto isso, as dívidas com bancos e ex-sócios não terão nenhum desconto, sendo pagas em até 15 anos. “Em 2010 não ouvimos o sindicato. Eu lembro até hoje que o sindicato disse para paralisarmos a empresa, que haveria possibilidade de recebermos. Nós não paralisamos, trabalhávamos por amor à empresa e fomos enganados. Vestimos a camisa, e hoje estão querendo tirar o nosso couro”, expressou um dos ex-funcionários.
Recuperação difícil
O diretor sindical foi claro quanto à dificuldade na recuperação da empresa. Mesmo que o plano de recuperação seja aprovado, não há nenhuma garantia de que as dívidas com o trabalhador sejam pagas integralmente. “Eles querem vender os bens, imóveis; se a empresa voltar a quebrar, nem isso teremos de garantia”, esclareceu Klein.
Para o retorno das atividades, a Busscar necessitaria de mão de obra qualificada e com experiência, trazendo antigos funcionários e engenheiros. Questionados se algum dos ex-funcionários presentes gostaria de retornar a trabalhar na empresa, ninguém se manifestou, caracterizando a dificuldade de mão de obra. Além disso, com dívidas com muitos bancos, seria difícil novos empréstimos para investimentos.