O documentário “Gastronomia Identitária”, lançado recentemente, revela minúcias interessantes dos dois pratos pesquisados em Campo Alegre: a bolacha de Natal e o croquete de ovelha. Os trabalhos desenvolvidos durante seis meses passaram ainda por outros estabelecimentos localizados em municípios com raízes germânicas, no caso, Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Schroeder, Timbó, Brusque, Pomerode e São Pedro de Alcântara.
Anelore Kohlbech, proprietária da Delícias da Lola, empresa que produz a iguaria, conta que desde a infância está envolvida com a produção da “Weihnachtsplätzchen”, algo como “bolacha alemã natalina”. Desde os 7 ou 8 anos ela já ajudava a mãe Evelina a produzi-las. “Mas era só no Natal”, diz. Atualmente, para prosseguir com a receita que vem dos antepassados, a filha não só continua na atividade como contam com o trabalho de duas funcionárias no estabelecimento, no bairro Avenquinha.
“É praticamente a mesma receita”, comenta Lola. “Mas hoje colocamos um pouco mais de cravo”, pondera, sem dar mais detalhes. Os produtores do documentário destacam que um dos ingredientes das bolachas – o leite – não é comprado externamente, pois a família tem vacas leiteiras para tal. Um item específico entra na alimentação dos animais: a batata-doce. Com isso, o resultado é um leite mais rico em nutrientes.
O outro prato que entrou no documentário foi o croquete de ovelha. Fernando Veronese, proprietário da Montserrat Cervejaria, responsável pelo preparo, explica que há algum tempo, durante uma “beertrip”, ou “viagem cervejeira”, conheceu o “kroketten”. Maravilhado com o gosto, ele tratou de incluir a experiência quando começou a planejar a instalação da cervejaria no bairro Faxinal. “Um dos pratos que veio à mente foi o croquete”, ressalta.
A carne ovina foi incluída por motivos óbvios – afinal, Campo Alegre é a Capital Estadual da Ovelha. Os produtores do vídeo destacam que também foram visitadas outras pessoas envolvidas com o processo, caso do açougue especializado nesta carne e os criadores das ovelhas fornecidas, proporcionando uma movimentação econômica maior no próprio município.
Corupá
O projeto também passou por Corupá, que, assim como Campo Alegre, faz parte da Região Turístico Destinos do Quiriri. A cuca de banana e a weisswurst e a linguiça pura foram as estrelas gastronômicas. No primeiro caso, a “Streuselkuchen” – o nome original deste tipo de bolo, segundo a produção – representava um desafio de pronúncia para os nativos. Os moradores, por isso, inicialmente passaram a citar somente o “kuchen”, que logo virou “cuca”.
Proprietário da Padaria Pão de Mel, Guido Darossi, esclarece que aprendeu a receita em Joinville, com um confeiteiro local, no fim dos anos 1970. “É uma receita totalmente artesanal”, diz. O principal ingrediente, claro, é comprado de um produtor local do município, Capital Catarinense da Banana e detentor do título de “Banana mais doce do Brasil”, conforme Indicação Geográfica recebida recentemente.
Ainda em Corupá, os pesquisadores conheceram a Bosse Alimentos, que produz a weisswurst e a linguiça pura. De acordo com o documentário, a linguiça pura é uma variação da “linguiça Blumenau”. Diferentemente das outras produções, neste caso foram apresentados os itens que compõem a receita.
“Pimenta, alho, sal, pernil de porco e um pouquinho de gordura e de fumaça natural”, relata a proprietária da empresa, Elsa Bosse. Já a weisswurst, a linguiça branca muito tradicional na Alemanha, igualmente feita artesanalmente, surge a partir de uma mistura de carnes e temperos, mas também não foram apresentadas mais informações.
O projeto
“Saberes e Fazeres da Gastronomia Germânica – uma Abordagem Territorializada” é um projeto realizado pela Agência Cultural AqueleTrio, por meio do Programa de Incentivo à Cultura (PIC), aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC).
Para assistir o documentário, clique aqui.
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