Há onze meses, A Gazeta publicou material contando a realidade da Cooperativa de Catadores de São Bento do Sul. A situação já não era das melhores, hoje permanece ruim, mas com alguns agravantes. A “bola de neve” da dívida fiscal com a Receita Federal cresceu e está próxima dos R$ 15 mil, o que mantém o CNPJ da entidade negativo, a impedindo de receber recursos municipais, estaduais e federais.
As dificuldades
Sandra esclarece que a cooperativa precisaria de um espaço maior, com cobertura , e ainda uma estrutura adequada no pátio para armazenar o material que chega. Além disso, a empresa perdeu um importante filão de arrecadação: o óleo de cozinha usado que antes era destinado para a entidade. “Não sei quem está recolhendo e para onde está indo o óleo de cozinha”, desconversa a presidente. O fato é que existe um sistema de recolhimento na cidade, mas que não é feito pela cooperativa. Além disso, pesa contra a cooperativa a falta de licença ambiental para tal procedimento. “A Fatma exige um monte de documentos, e a gente não está conseguindo. Precisamos de ajuda para resolver os problemas, mas está difícil”, lamenta. Sandra diz que o recolhimento do produto traz um retorno financeiro considerável, por isso está na expectativa de conseguir sanar os problemas e conseguir a licença ambiental.
Com 14 anos de existência, a cooperativa passa pelo pior momento. A falta de espaço faz com que o lixo reciclável que chega ao longo do dia seja depositado também fora dos muros do terreno destinado ao setor. “Recebemos em média oitos caminhões carregados todos os dias, além do material recolhido pelo caminhão da própria cooperativa. Não temos mais onde armazenar todo esse material. Está muito difícil”, conta a presidente, Sandra Alves de Lima Carvalho Machado.
Ela diz que a questão é muito delicada e que precisa de ajuda para tirar a entidade da situação deprimente em que se encontra. “Como se trata de uma cooperativa, A Prefeitura até poderia nos ajudar com algum repasse, mas não pode por conta da falta de negativas. Enquanto esse débito não for quitado, não poderemos receber nada”, segue. Sandra prefere não detalhar, entretanto deixa claro que o montante devido vem de administrações anteriores ao seu mandato e que agora não importa encontrar culpados, mas sanar o problema e preservar a cooperativa trabalhando com responsabilidade na condução dos trabalhos.
Aumento no fluxo
Ela informa que, nos últimos tempos, alguns catadores que trabalhavam por conta deixaram de atuar no setor, deixando mais material para ser recolhido de maneira oficial pela empresa de coleta e pelo veículo próprio. “Algumas pessoas não resistem muito tempo nesse trabalho. É complicado, porque é sujo, a remuneração não é assim tão vantajosa, mas é uma profissão que nos tem dado o sustento ao longo dos anos. Quem precisa, tem força de vontade e compromisso, fica no trabalho com a gente”, segue.
São mais de 20 trabalhadores, e todos eles recolhem INSS do pagamento que recebem mensalmente. Em média, os trabalhadores do setor recebem de R$ 750 até R$ 850. “Pela primeira vez, tivemos uma renda boa no final do ano e conseguimos uma reserva para bancar um décimo terceiro salário”, informa a presidente.