O esporte muda vidas. Essa é uma frase tão comum para quem pratica alguma modalidade, mas sem dúvida, reflete a realidade. Ainda mais para crianças e jovens que estão em fase de descoberta do mundo ao seu redor, o esporte se revela como uma ferramenta de aprendizado e disciplina, ajudando a formar cidadãos mais conscientes, preparados para os desafios da vida.
E existe um projeto social que, há 10 anos, vem cumprindo esse papel, sendo uma das maiores referências no município: o “Voleibol para Sempre”, realizado pela Associação São Bentense de Voleibol (ASBV). O jornal A Gazeta acompanhou recentemente o primeiro treino do ano para a turma de 12 anos, e o que fica nítido nos olhos dessas crianças é o quanto gostam de praticar a modalidade.
Ao todo, quase 60 alunos estiveram presentes, muitos deles iniciando no projeto, como Isabel Cordeiro. Quando chegou, a jovem estava um pouco nervosa, mas animada para aprender voleibol. “A minha amiga participa do projeto, me contou e eu quis vir também”, resume.
Além disso, ela estará seguindo os passos da mãe, que no passado foi jogadora de vôlei. Já Izadora Rankel é veterana no projeto, participa há dois anos e não pensa em parar. Ela conta que, desde que entrou no Voleibol para Sempre, muita coisa melhorou em sua vida — não só fisicamente, mas também em outros aspectos.
Ela conta que é grata aos treinadores, pois vem aprendendo muito com eles, principalmente na parte social, tornando-se mais responsável e focada nas atividades diárias. E apesar de ter somente 12 anos, a são-bentense diz que levará o que está aprendendo para o futuro, já que seu sonho é tornar-se jogadora profissional.
Referência no vôlei
Por trás do “Voleibol para Sempre” estão duas das maiores referências na modalidade no município: Sylvio Munhoz e Fábio Moura Machado. A dupla iniciou o projeto em 2015, com o objetivo de contribuir para a formação de crianças e adolescentes, com idade entre 8 e 15 anos, mas também para dar mais visibilidade ao voleibol, já que eles percebiam que, em competições como os Jogos Escolares, a procura era sempre por futsal ou futebol.
Inclusive, para dar vida ao projeto, Munhoz – que tinha acabado de se aposentar – decidiu retornar às quadras, inspirado por um programa executado em Jaraguá do Sul. Depois, o próximo passo seria encontrar um patrocinador, pois, como é um projeto social, as crianças não precisam arcar com nenhum custo, sendo totalmente gratuito.
Eles tiveram o apoio da Oxford Porcelanas; que inclusive, até hoje a empresa é a patrocinadora master do projeto. Já as aulas, no começo, eram realizadas apenas na Escola São Bento — como os treinadores gostam de mencionar, “é a casa da ASBV”. Hoje, no entanto, elas ocorrem em mais lugares do município, como na Escola Orestes Guimarães, Escola Professora Osmarina Batista Betkowski e Escola Carlos Zipperer Sobrinho. E, se antes eram apenas dois treinadores, hoje a associação já conta com quatro professores.
Sem cobrança exagerada
Algo que os treinadores reforçam é que o intuito não é realizar um treino intensivo com os alunos. Muito pelo contrário, as crianças e adolescentes estão ali para ter um lugar onde possam aprender o vôlei, cada um no seu tempo e ritmo. Não é cobrada perfeição. Até mesmo porque, como em cada turma há um grande número de inscritos, os treinadores não conseguem acompanhar a performance de cada aluno de forma individual.
Além de dar o pontapé inicial na modalidade, o projeto tem como finalidade trabalhar o desenvolvimento emocional dos menores. Por exemplo, eles incentivam a colaboração, o que ajuda as crianças a aprenderem a trabalhar em grupo, a compartilhar responsabilidades e até mesmo a se integrarem, já que, no projeto, há crianças de diferentes origens sociais.
Dar vida ao projeto
Como é um projeto social, eles não participam de competições, e isso nem é o foco para a ASBV. “Porque quando participa de competição, precisa elitizar, pegar os melhores, e a gente quer dar oportunidade para todos”, diz Fabio. Porém, algumas jogadoras da associação, alunas da Escola São Bento, representam o instituto nos Jogos Escolares. Isso até serve como uma contrapartida, já que a escola libera o espaço desde 2015 para os treinos acontecerem.
Além disso, por meio do “Voleibol para Sempre”, muitos atletas já foram formados e seguiram para equipes nacionais e até internacionais. No ano passado, a são-bentense Suelen Honorio de Lima conseguiu uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, graças ao seu talento no vôlei, que foi descoberto no projeto.
Para o futuro, o intuito será revelar novos jogadores. No entanto, para dar continuidade, eles dependem de patrocínios. Para a compra de materiais, como bolas e camisetas, os treinadores costumam se inscrever em projetos, como o Fundo da Infância e Adolescência (FIA), onde, no ano passado, conseguiram os recursos. Com o apoio da Oxford Porcelanas, é feito o pagamento dos professores, entre outros gastos mensais, afinal, o projeto conta com mais de 300 alunos. Ainda, eles têm a parceria com a Fundação Municipal de Desportos (FMD).
Em dezembro, o Voleibol para Sempre foi aprovado na Lei de Incentivo ao Esporte do governo federal. Isso significa que empresas optantes pelo Lucro Real podem destinar até 2% do Imposto de Renda, na forma de doação ou patrocínio. O valor doado retorna para a empresa em forma de crédito para o pagamento de impostos. Pessoas físicas também podem contribuir, doando até 6% do imposto de renda. A quantia volta para o doador, como desconto para o pagamento do imposto. Para quem deseja apoiar, pode entrar em contato através do (47) 99932-4020.
Com os recursos obtidos, a ASBV tem vários planos para o desenvolvimento dos integrantes. Um dos sonhos dos treinadores, inclusive, é poder atender mais escolas e expandir para outros bairros, atendendo assim a mais crianças. Claro, quem deseja participar — lembrando que o projeto é voltado para crianças de 8 a 15 anos, tanto meninos quanto meninas — sempre poderá contar com vagas nos quatro polos do projeto social, que é totalmente gratuito. As aulas são divididas por faixa etária. Os interessados em praticar podem entrar em contato pelo número citado acima.
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