Sepulturas com mais de 100 anos de história estão se perdendo com a ação do tempo. Quem passa pelo antigo cemitério do bairro Lençol, nos fundos da rodovia Acesso Oeste, pode perceber os centenários túmulos que ainda resistem no local. Hoje, aquele que foi repouso de tantos pioneiros está vendo sua história desaparecer. Uma visita pelos jazigos revela diversas curiosidades, como as escritas em alemão e a presença de diversos túmulos de crianças. O cemitério remonta ao final dos anos 1800 e foi a última morada de muitas famílias que vieram para essas terras em busca de trabalho e progresso.
Um desses trabalhos era justamente na Estrada Dona Francisca, que passa em frente ao acesso do cemitério. Concluída em 1880, a estrada foi o principal elo entre a colônia de mesmo nome (hoje Joinville) e o Planalto Norte. “Esse cemitério é da época da colonização da região de Lençol, ou seja, a partir de 1876 essa região começa a ser ocupada. A distância do centro fez com que eles construíssem cemitérios em Lençol e Rio Vermelho, por exemplo. Esse é um dos primeiros cemitérios”, explica o professor e historiador Antônio Dias Mafra.
Atualmente, há cerca de 20 túmulos presentes no local, mas, em seu auge, já foram mais de 100. Ou seja, praticamente 80% das sepulturas já desapareceram com a ação do tempo e o abandono. Nossa equipe entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura para confirmar se ocorrem roçadas no local e se há previsão de algum projeto de proteção ao cemitério. Porém, não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Bárbara Simone da Silva, presidente da Fundação Cultural, conta que conheceu o cemitério no final dos anos 1900. “Em 1999, ano 2000, eu trabalhava na Prefeitura. Lembro que foi levantada a questão desse cemitério. Tinha alguém que havia plantado um monte de pinus naquele cemitério, inclusive com alguns nascendo dentro das sepulturas. Foi feita uma limpeza e a comunidade andou fazendo uma lista de quem estava enterrado lá. Isso já tem uns 25 anos”, lembra.
Conforme Bárbara, naquele ano as informações sobre o local já eram poucas. “Naquela época, ele já estava abandonado e sem muitos registros. Em 2000, começaram a procurar informações a respeito desse cemitério, quando já não se tinha mais nada falando a respeito dele”, citou. Inclusive, ainda hoje é possível ver uma dessas árvores saindo praticamente de dentro de uma das sepulturas.
Primeiros sepultamentos
Em uma publicação no blog São Bento no Passado, o pesquisador Henrique Fendrich compartilhou informações sobre alguns dos primeiros sepultamentos no cemitério do Lençol. Os dados, segundo Henrique, foram encontrados em pesquisas em registros paroquiais. O cemitério do Lençol foi utilizado para sepultamentos até meados dos anos 1950, sendo um ou outro ente enterrado com seus parentes após esse período.
Alguns dos primeiros sepultados:
– Nome: Thereza Stiegler
– Sepultamento: 23/05/1886
– Idade: 10 anos
– Nome: Rosa Ferreira Ribeiro
– Sepultamento: 20/06/1886
– Idade: 26 anos
– Nome: menino Streit (Como sobreviveu apenas um dia, a criança ainda não tinha nome de batismo)
– Sepultamento: 01/07/1886
– Idade: 1 dia
– Nome: Francisco Seiboth
– Sepultamento: 08/07/1886
– Idade: 49 anos
– Nome: Gregor Dittert
– Sepultamento: 03/09/1886
– Idade: 58 anos
– Nome: Adolfo Hoffmann
– Sepultamento: 06/09/1886
– Idade: 2 anos
– Nome: João Rohrbacher
– Sepultamento: 10/12/1886
– Idade: 10 dias
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