Neste final de semana, ocorre a 16ª Festa Estadual da Ovelha. Entre as diversas atrações, a carne de ovelha segue como protagonista. Preparada das mais diversas formas, utilizada em recheios e onde mais a criatividade permitir, chama visitantes de diversas partes do Brasil. Cerca de dez toneladas da iguaria serão servidas, boa parte advindas dos municípios de Rio Negrinho e Mafra.
Soluções para o abate
Há um projeto para trazer ao município uma Casa de Carnes, onde serão abatidos ovinos, suínos, coelhos, entre outros, com a devida inspeção municipal, tal como acontecerá com a agroindústria, já inaugurada. “Esta foi a forma que o município encontrou para auxiliar a continuidade da produção de ovelha, em especial dos pequenos criadores, e garantir a venda”, destaca o secretário de Desenvolvimento Econômico, Edilson Prucknescki. O projeto foi encaminhado para o governo do Estado no valor de R$ 200 mil e abrange a construção do espaço, o maquinário e a câmara fria. Assim, também será criada a marca de Campo Alegre na comercialização de ovinos.
No Frigorífico Ahrens, de Campo Alegre, o abate de ovelhas já iniciou no sábado, uma semana antes da festa. No ano passado, pouco mais de 500 cabeças foram sacrificadas, número esperado também para esta edição do evento. “As ovelhas chegam aqui 24 horas antes de virarem carne. Neste período, permanecem em jejum. É determinação federal”, explica o veterinário responsável pela inspeção, Marcos Farias. Ele informa, também, que a carne resfriada tem prazo de dez dias para consumo. No congelamento, pode ser armazenada por até um ano. “As ovelhas abatidas aqui em Campo Alegre, tanto para a festa como para o comércio, chegam até de Canoinhas”, explica.
Nos idos de 1980, o destaque da criação de ovelha ficava com o Planalto Serrano. Ao longo dos anos, diversos municípios, de nordeste a oeste de Santa Catarina, perceberam a notoriedade da carne e passaram a investir na atividade. Em 2007, o destaque na produção fez Campo Alegre ser oficializada como capital catarinense da ovelha. O título foi obtido mediante o deputado Antônio Aguiar (PMDB).
Nova era
O título empolgou os pecuaristas campo-alegrenses. A visibilidade da cidade no cenário ovinocultor trouxe sonhos de lucros a curto prazo. Mesmo quem estava acostumado a pequenas criações de animais passou a investir nos ovinos. O sonho iludiu muita gente. Rebanhos iniciados com pouca noção técnica não duraram muito tempo. “Já tivemos oito mil cabeças, hoje não chega a cinco mil”, lamenta o presidente do Núcleo de Ovinocultores de Campo Alegre, Wolfram Bahr. Na época do “boom”, Campo Alegre chegou a ter a ovelha orgânica. A criação não prosperou devido à dificuldade de vários produtores em atender às exigências técnicas, consequência da falta de conhecimento. Foram poucos os animais que resistiram às doenças, devido à impossibilidade de receber medicação normal.