Uma das principais dificuldades de pessoas com intolerância é a necessidade de evitar certos alimentos. No caso do glúten, isso abrange uma variedade de produtos, como pães, massas, bolos, biscoitos e até alguns molhos e condimentos. Ademais, a contaminação cruzada representa uma preocupação constante, visto que alimentos livres de glúten podem ser contaminados pela proteína durante o preparo ou armazenamento.
O glúten é a combinação de dois grupos de proteínas: gliadina e glutenina, presentes no trigo, cevada e centeio, especificamente no endosperma, a reserva nutritiva do embrião da planta. A sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) tornou-se um tema de grande interesse, pois muitos indivíduos manifestam sintomas ao consumir glúten, sem serem diagnosticados com doença celíaca ou alergia ao trigo. Para esclarecer essa condição, a nutricionista Liliane Grein Beuther detalhou os sintomas, diferenças em relação à doença celíaca, diagnóstico, tratamento e impacto na saúde.
Segundo ela, os sintomas mais comuns da SGNC incluem distensão e dor abdominal, diarreia ou constipação, náuseas, estomatite aftosa, perda de peso, dor de cabeça, anemia, fadiga, mal-estar, dor muscular e até depressão. Esses sintomas geralmente surgem após a ingestão de glúten e melhoram com uma dieta isenta desta proteína.
Ao contrário da doença celíaca, uma condição autoimune crônica que causa inflamação na mucosa intestinal e resulta em má absorção de nutrientes, na SGNC não ocorrem danos permanentes à mucosa intestinal. O diagnóstico da SGNC realiza-se pela exclusão e reintrodução do glúten na dieta, com avaliação clínica dos sintomas.
Liliane também comentou que a dieta livre de glúten pode beneficiar, melhorando a disposição, o funcionamento intestinal e a capacidade de concentração em indivíduos com doença celíaca ou SGNC. Contudo, enfatiza-se que o glúten não prejudica quem não tem intolerância.
Ela ressalta que os principais riscos de não tratar a sensibilidade ao glúten incluem deficiências nutricionais devido à má absorção, além do impacto na qualidade de vida devido aos sintomas gastrointestinais. A recomendação de suplementos de vitaminas e minerais deve basear-se em exames que comprovem deficiências nutricionais.
Como conviver
O diagnóstico, tanto de intolerância ao glúten quanto de doença celíaca, pode ser feito logo na infância através de exames médicos. Neste caso, eles terão um plano de tratamento adequado para cada caso. Inclusive, no dia a dia, alguns cuidados em casa se tornam mais fáceis para a família se adaptar, porém, assim como em outros ambientes, como restaurantes, por exemplo, deve-se comunicar o estabelecimento sobre o problema.
Até mesmo na escola, a instituição de ensino precisa ser avisada pelos pais ou responsáveis, para que o cardápio ao estudante seja adaptado de acordo com a sua saúde, evitando riscos nos momentos de refeição.
Em São Bento, no caso das unidades da rede pública municipal, esse trabalho é feito com controle da Secretaria de Educação, através das nutricionistas da pasta, Luciana de Freitas e Letícia Pimentel, que identificam as necessidades de alimentação especial.
Nutricionistas Luciane e Letícia, e a diretora Maria Margarete
“As escolas nos enviam os laudos dessas crianças e tentamos manter isso sempre atualizado, para sabermos se está sendo acompanhada pelo médico e se essa condição se mantém. Por exemplo, um caso de diabetes, a criança não vai sarar, mas um caso de intolerância à lactose, por exemplo, pode ser passageiro e por isso pedimos atualização desses laudos todo ano. Em relação ao glúten, temos informados na rede oito crianças com problemas relacionados à intolerância”, informa a profissional da Educação, Luciana de Freitas.
Luciana também explica que um material informativo é entregue para as auxiliares de cozinha de cada unidade, indicando inclusive as substituições que devem ser feitas na alimentação da criança.
“Temos itens especiais para essas crianças, como biscoito sem glúten, macarrão, mistura para fazer pão, bolo, farinha sem glúten, entre outros. Lembrando que o cardápio será o máximo possível igual o das outras crianças, mas se tiver algum caso de que o aluno não possa ter contato nem com traços de glúten é permitido que a criança leve um lanche de casa”, destaca a nutricionista.
Em média, são 18 mil refeições por dia destinadas aos estudantes da rede municipal. No Centro de Educação Infantil Municipal Pica Pau, no bairro Brasília, esse cuidado também é especial pelas auxiliares de cozinha que fazem o preparo dos alimentos. “Aqui nós atendemos desde o berçário e tudo é feito com muito carinho para preparar a refeição das crianças”, destacou a diretora da unidade, Maria Margarete.
Profissionais ajudam a manter o cuidado com os alunos
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