Foi em 1º de fevereiro de 1965, ou seja, há quase seis décadas, que o rio-negrinhense Ivo Schroeder, atualmente com 77 anos, iniciava sua trajetória na Máquinas Lampe. A história da empresa, uma das mais antigas da região, e que celebra 96 anos de atividades neste mês de outubro, se confunde com a própria história de Schroeder, que durante seu período na Lampe teve a oportunidade de conhecer os processos industriais de todos os setores. Mesmo aposentado, Ivo ainda trabalha em meio período na empresa e nem pensa em parar.
Schroeder iniciou cedo no trabalho e, aos 13 anos, já era marceneiro de uma antiga fábrica de móveis. Após cinco anos no primeiro emprego, surgiu a oportunidade de vir para a Lampe, mas as coisas não foram tão fáceis como seu Ivo imaginava. Ele recorda que, ao anunciar que sairia do emprego anterior, seu antigo patrão exigiu que ele cumprisse os 30 dias de trabalho. “Eu vim aqui, era antes do Natal e iria começar a trabalhar em janeiro, mas meu patrão anterior não deixou eu sair na hora. Vim aqui e falei com o seu Carlos (Lampe) e comecei em fevereiro”, diz.
Ivo iniciou seu trabalho na marcenaria, preparando madeira e trabalhando na confecção de máquinas descascadoras de arroz e caixaria para máquina. “Quando eu entrei aqui, o ambiente era diferente e eu tive que aprender as novas funções. No começo, trabalhávamos eu e mais uma pessoa, e depois fiquei só eu. Eu preparava a ferragem do descascador, a madeira do descascador. Furava, montava e deixava a máquina embalada. Quando não tinha muito serviço na marcenaria, eu vinha trabalhar na oficina, na época como ajudante em guinchos”, lembra.
“E assim fui aprendendo muitas coisas e continuo aprendendo até hoje. Tudo que eu sei hoje eu tive que ir aprendendo sozinho e era tudo na prática”, cita ele, que atualmente trabalha como ajustador mecânico, fazendo a furação de peças. “Cheguei a trabalhar também na fundição de ferro, alumínio e bronze, então a gente tem que ir aprendendo, devagar e aprendendo”, destaca ainda Schroeder, que nesse período acompanhou de perto a modernização e substituição de equipamentos.
Sem pensar em parar
Nem a aposentadoria fez Schroeder pensar em parar de trabalhar. “A gente ficar em casa também é complicado, né? Eu até tinha saído do emprego, fiquei uns dias em casa e voltei a trabalhar”, cita Ivo, que afirma ainda não ter do que se queixar em seu emprego e muito menos de seus patrões. “Estou nessas três gerações junto com eles e aprendi as coisas aqui dentro e me acostumei aqui. Muita gente, hoje em dia, trabalha numa empresa, não gosta de um lugar, já vai para outro lugar. Hoje em dia, é cada vez mais difícil”, opina.
Questionado sobre a receita para ter disposição diária para vir ao trabalho, em uma época da vida onde muitos aposentados apenas querem ter mais tempo com a família – Schroeder é casado há 54 anos com dona Dorita e pai de Deisy e Sheila, ambas professoras –, ele afirma que se trata de uma questão de costume. “Parece que a gente se acostumou no lugar, acho que a gente todo dia vai dormindo e já vai pensando, poxa, amanhã tenho isso e aquilo para fazer, então parece que já levanto cedo com a vontade de vir trabalhar”, conta.
“Eu não fui de ficar parado. Muitos dizem que eu deveria sossegar o facho um pouco e ficar em casa, mas se eu fico em casa, fico nervoso porque não tenho o que fazer. Eu tenho, na minha casa, o meu quintal, onde até planto minhas verduras, e as horas passam um pouco, mas ficar sentado eu não gosto, prefiro mais trabalhar. Aqui na empresa eu aprendo alguma coisa nova todos os dias, acho que por isso também prefiro continuar”, afirma.
No jornal impresso de 24 de outubro você conhece mais sobre a história da empresa Máquinas Lampe.
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