Terça-feira, 22 de abril de 2025

A vida tem que continuar

Quando entregou o inquérito policial ao Fórum, na quarta-feira (16), o delegado Thiago de Freitas Nogueira encerrava a sua parte no caso mais complexo e delicado da sua carreira, iniciada em 2009 e, há aproximadamente dois meses, voltada para o município.

O caso iniciou no dia 09, quando a delegacia recebeu uma denúncia anônima que acusava um pai de abusar sexualmente, há mais de uma década, das duas filhas, uma de 24 e outra de 22 anos, tendo inclusive três crianças com cada uma delas. Um dia após a denúncia, na madrugada da última quinta-feira, o pai foi preso, e a família finalmente se viu livre de um problema que se arrastava, sem perspectiva de ter fim.

“Será um recomeço na vida”
A família ainda tenta se erguer para reiniciar, provavelmente em um novo local. Vivendo em uma casa simples, há aproximadamente 10 quilômetros da cidade, em uma localidade do interior, a matriarca da família conta que eles pretendem se mudar logo da cidade, levando na bagagem perspectivas de um futuro melhor e deixando o passado para trás.

Junto a uma das filhas, elas contaram que se sentem aliviadas de não terem que conviver mais com o medo e com as ameaças anteriormente constantes. “Será um recomeço nas nossas vidas”, diz a filha mais velha. Elas relatam ainda que sempre imaginaram que esse dia ia chegar, quando estariam livres. “Foi muito difícil, a gente sabia que um dia isso ia acontecer, nós não imaginávamos como seria, foi uma correria. Só agora que vai dar para parar e pensar em tudo”, contam, lembrando que nesta semana receberam dezenas de visitas da imprensa, e que apenas agora poderão começar a esquecer de tudo.

Apesar de tudo que aconteceu, todas as crianças da casa seguiram estudando normalmente, alheias a toda a situação. Além das duas filhas vítimas e das seis crianças − entre 1 e 9 anos − frutos da relações incestuosas, o homem ainda tem outros sete filhos com a esposa, seis homens e uma mulher, que não sofreu abusos.

Toda a renda da família vinha do trabalho em uma plantação de pinos, capitaneado pelo pai, o qual agora está parado. A mãe da família ainda conta que eles estão esperando o apoio da assistência social em um primeiro momento, até se organizarem para recomeçar em um novo local.

Acompanhamento
O caso foi repassado do Conselho Tutelar local para a Secretaria da Família e do Desenvolvimento Comunitário, que irá dar o próximo passo visando o bem-estar da família.

Segundo a secretária da pasta, Eliane Dalabona Treml, a família contará − através do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) – com todo o apoio socioassistencial necessário, que engloba serviço de psicóloga, assistente social, entre outros. A assistente social Ezilda de Souza comenta sobre a complexidade da situação. “São histórias que chocam, mas nós iremos trabalhar para fazer o melhor possível para essa família”, diz.

A psicóloga Elisa Preisler explica que, como o caso ocorria dentro da família e envolvia todos os adultos presentes, o tratamento deve ser feito com todas as envolvidas reunidas, e não separadamente. Quanto à abordagem, a profissional relata que deve ser tudo realizado com cuidado. “Como eles tinham uma regra de sigilo, provavelmente irão demorar para se abrir com um profissional e realmente relatar o que acontecia e como acontecia. Então isso deve ser feito aos poucos, sem insistir no assunto, para que elas consigam falar”, diz.

A profissional relata que existe sim dificuldades para superar os acontecimentos vividos, mas que é possível seguir em frente. “É um trauma, e elas irão levar isso para o resto da vida. O trauma é reduzido com terapia, que é elaborada para que as pessoas consigam viver sem sofrimento; com um trabalho realizado em longo prazo, é possível ter uma boa evolução, é possível recomeçar”, comenta.

Em um primeiro momento, a psicóloga destaca ainda que as jovens podem enfrentar problemas interpessoais e de relacionamento, devido a tudo que foi enfrentado. “Elas podem sentir um medo constante, ter crises de ansiedade, então é necessário um bom tratamento e um acompanhamento em longo prazo”, reforça.

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