Sábado, 19 de abril de 2025

Major Michels comandou equipes após ciclone no RS e fala como foi a operação

• Atualizado 1 anos atrás.

O major Clemente Stahelin Michels, comandante do 23º Batalhão de Bombeiros de São Bento do Sul, falou sobre sua atuação comandando uma força-tarefa catarinense na região do Vale do Taquari, em Rio Grande do Sul, atingida por um ciclone extratropical no início de setembro. Michels comandou profissionais de São José, Itajaí, Rio do Sul e Tubarão no resgate das vítimas da catástrofe.

O major possui vasta experiência de atuação em desastres, tendo atuado em 2019 na tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. O comandante explica que a força-tarefa de Santa Catarina, em auxílio ao estado do Rio Grande do Sul, foi composta por uma tropa especializada. “É uma tropa especializada, mas não exclusiva para esse trabalho. É a própria tropa que trabalha dentro do quartel que faz expediente, que trabalha no plantão da ambulância ou caminhão e que tem o nome relacionado devido às especialidades que possuem. Quando necessário enviar um apoio externo, a gente pinça essas pessoas pra compor uma equipe que desloca para esse apoio”, disse.

Estes profissionais, além da formação de Bombeiro, podem possuir especialização em campos como Intervenção em Áreas Deslizadas, Trabalhos em Inundações e Enxurradas, Incêndios Florestais e também Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas. “Nas duas primeiras semanas foram equipes para trabalhar em inundações e enxurradas e depois disso, com o nível do rio baixando, foram as equipes para intervir nas áreas onde ficaram os entulhos. Misturamos o pessoal com capacidade em deslizamentos e estruturas colapsadas. O rio carregou um monte de casas e estruturas e juntou tudo num remanso. A hora que baixou o nível, isso aflorou. Eram estruturas, lama e árvores, uma coisa bem mista”, contou Michels.

A força-tarefa, segundo ele, funciona justamente devido essa flexibilidade das equipes. “Uma semana pode ir uma equipe com uma especialização, outra semana equipe com outra especialização. Santa Catarina mandou quatro equipes. Havia um líder para cada equipe e um oficial para comandar essas equipes e centralizar os trabalhos. Eu fui comandando essas quatro equipes na segunda semana. Fomos focados com especialização em inundação e enxurradas e trabalhamos quase que exclusivamente no rio”, ressaltou.

Território devastado
Sobre a área afetada, o cenário era de devastação. “Eu já tinha visto várias inundações e enxurradas, conhecia o poder destrutivo, mas ver ao vivo tem uma proporção bem diferente. Pude ver um bairro de uma cidade ter sumido. Alguém perguntou se eu me referia pelo nível da água ter subiu muito e ficado tudo submerso. Mas de fato, eu me referia que após a água retornar ao nível normal, não tinha nada ali, o chão estava limpo, carregou casas e tudo o que tinha ali”, conta Michels.

A área de atuação das equipes compreendia cerca de 150 km ao longo do rio. “São várias áreas de planícies de alagamento. O que me chamou a atenção foi que a maior bacia coletora de água de todo o planalto dessa região juntou muita água. Não vi em nenhum lugar isso, conversei com o pessoal da Defesa Civil sobre a possibilidade de ser um tempo de recorrência altíssimo, mas não é algo que as pessoa veem de uma geração pra outra. Nenhuma geração dessas que hoje vive lá presenciou algo assim. Realmente foi um volume tão grande de chuva que caiu, foi algo muito atípico”, frisou.

A partir da segunda equipe, foi organizado uma jornada semanal para revezamento. Para fins de mobilização das equipes e organização, a cada segunda-feira ficou programado um revezamento, onde um grupo retornava enquanto outro chegava no local. No segundo dia de atuação a chuva caiu forte no local, mas aos poucos foi se dissipando. “Existia o receio de que pudesse elevar o nível da água, mas estabilizou e o pessoal conseguiu trabalhar durante o dia sem problemas”, citou o comandante.

20 bombeiros na equipe
A equipe comandada por Michels na operação era formada por 20 bombeiros militares do Estado. Além disso, outras forças-tarefas atuavam na área. “Tinha muita gente trabalhando. Como a área é gigantesca, eram muitos sítios de trabalho. De manhã cedo, na hora das equipes deslocarem para campo, a gente via como era. Como fiquei no Posto de Comando ajudando a organizar as informações, via essa diferença da hora que o pessoal saía pra campo e o posto ficava enxuto, como nós controlando o trânsito das informações. Só voltava a ver as equipes no final do dia”, lembra.

Sobre o desafio em coordenar profissionais que não conhecia, Michels diz ser tranquilo quando há sintonia nas informações. “Quando a gente fala a mesma língua, tudo fica mais fácil! É só colocar todos para seguir a mesma doutrina. Como no Estado a gente possui essa sintonia, é relativamente mais fácil pegar as pessoas que nunca trabalharam juntas, compor a equipe e por para trabalhar”, explicou.

Números do desastre
No início de setembro, um ciclone extratropical atingiu 97 municípios da região sul do país, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Conforme anúncio feito pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, mais de 50 mortes já foram registradas na região. Os municípios mais afetados foram Muçum, Roca Sales, Cruzeiro do Sul, Lajeado, Colinas, Estrela, Ibiraiaras, Bom Retiro do Sul, Encantado, Imigrante, Mato Castelhano, Passo Fundo e Santa Tereza.

  • YouTube: Inscreva-se para assistir as matérias de A Gazeta.

Confira mais notícias no jornal impresso. Assine A Gazeta agora mesmo pelo WhatsApp (47) 99727-0414. Custa menos que um cafezinho por dia! ☕

Últimas notícias

WhatsApp Image 2025-04-17 at 16.18
sirene-pm-iml-igp-morte_12426-750x430
igreja-cristo-rei-26273-1
Padre Humberto - Zuciane Peres (1)
WhatsApp Image 2025-04-16 at 12.11

Mais lidas

corpo-27498
visita-tecnica-havan-2-27563
tumulto-na-camara-27492
forum-da-comarca-27578
magda-elizabeth-27501

Notícias relacionadas