Você não precisa saber cantar uma música italiana, mas quando estiver perto do Circolo Italiano di São Bento do Sul, todos estarão cantando “La Bella Polenta”. O ritmo alegre é contagiante e instintivo, envolvendo todos ao redor, especialmente quando interpretado por um grupo que exala carisma e vivacidade. Através de suas vozes, várias canções são executadas, todas com o mesmo objetivo: preservar a cultura italiana no município.
Nos ensaios, é possível encontrar crianças, casais e até membros que estão no grupo desde 1984, como o presidente Evanir Bertoldi. Aliás, ele foi um dos fundadores e até hoje é um dos mais ativos, sempre cantando a plenos pulmões. Mas se hoje eles têm sede própria e um nome conhecido em todos os cantos do município, no início as coisas não eram assim.
Primeiro, eles começaram somente com coral, ensaiando em lugares como a Capela São José – hoje a Igreja Matriz no bairro Serra Alta – e até mesmo num espaço fornecido pela Fiação São Bento. Porém, na década de 1990, as coisas foram melhorando, e conseguiram o terreno doado pela Prefeitura e também a verba, vinda do deputado Antonio Aguiar, para construírem sua sede. Com isso, o grupo conseguiu um lugar para chamar de seu, localizado na Rua Amália Preissler Roesler, no bairro Serra Alta. Já em 1996, a mudança foi ainda mais significativa, passando a se chamar “Circolo Italiano di São Bento”. A criação do nome foi impulsionada pela existência de outros círculos que já existiam em Santa Catarina.
Outro fato importante na história do grupo veio em 2010, quando se associaram ao “Trentini Nel Mondo”. A associação tem como objetivo manter vivas as tradições culturais e os laços entre descendentes que vivem fora da Itália. “Temos contato com vários países. Recebemos uma revista e, quando fazemos alguma atividade, é publicada e vai para 27 países”, explica o tesoureiro Luiz Sevignani.
Ao longo de todos esses anos, se o espaço consegue preservar a cultura herdada por seus antepassados, é graças ao comprometimento de cada associado. Todo ano são realizados almoços e jantares, e com isso eles conseguem recursos para fazer as manutenções e viagens para os eventos culturais que participam.
Tradições
Os ensaios acontecem na sexta-feira, a cada 15 dias, sempre regados de boa prosa e muita música. Mas para aqueles que pensam que somente quem é descendente de italiano pode participar da cantoria, estão enganados, pois todos são convidados a participar. “Se você não sabe cantar, não tem problema nenhum, você vem para aprender”, acrescenta Evanir. Por lá, o grupo é regido pelo gaiteiro Alessandro Ropelato, com o qual, através da afinação de todos os integrantes, já conseguiram até mesmo gravar um CD.
Mas não é somente através da música que eles preservam a cultura italiana. Nos intervalos das cantorias, às vezes sobra tempo para a diversão, como jogar “mora”, uma brincadeira que surgiu quando os imigrantes estavam vindo de navios para o Brasil e criaram o jogo como uma forma de se distrair das longas viagens. Além disso, uma das marcas do italiano é a boa gastronomia, e em todas as refeições promocionais que realizam ao longo do ano, sempre haverá espaço para a polenta, macarronada e fortaia.
E agora, se depender da força de vontade de cada integrante, o Circolo Italiano di São Bento do Sul irá continuar, pois novas gerações já estão entre os membros e, no futuro, serão os responsáveis por manter viva a cultura italiana presente no município.
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