Enquanto o mês de outubro é dedicado à prevenção do câncer de mama, novembro ganha tons de azul para alertar em relação a saúde masculina, especialmente para a conscientização do câncer de próstata, considerada a segunda neoplasia mais incidente no mundo. Quando diagnosticado precocemente, as chances de tratamento bem-sucedido aumentam significativamente.
Para esclarecer algumas dúvidas, A Gazeta conversou com o oncologista Grégori Conte Tondello, que atende no setor de oncologia do Hospital Sagrada Família. Ele explica questões relacionadas aos exames de rastreamento, fatores de risco e também destaca a importância de adotar um estilo de vida saudável.
“Muitos homens relacionam o câncer de próstata com o toque prostático, mas não é bem assim. A abordagem é muito mais ampla e existem várias controvérsias”, declara. Ele também reforça que na maioria dos casos, a doença está localizada, confinada no órgão, por isso se torna altamente curável. “Os casos metastáticos são minoria”, diz.
A Gazeta: Quais são os fatores de risco para o câncer de próstata?
Dr. Grégori: O principal é o envelhecimento. Há, ainda, outros fatores como o tabagismo; histórico familiar, especialmente parentes de primeiro grau e que tiveram diagnóstico com menos de 65 anos; síndromes de predisposição ao câncer na família e pacientes negros.
Qual a importância dos exames regulares de rastreamento?
Os exames de rastreamento servem para tentar detectar o câncer numa fase pré-clínica, que é antes da doença se manifestar, e gerar impacto em sobrevida. Os estudos comprovam isso, quando é feito o rastreio com PSA, com ou sem exame digital, diminui a taxa de mortalidade.
Ao mesmo tempo também é preciso cuidar com o “overdiagnosis”, que são os diagnósticos de doenças que não seriam conhecidas e nunca poderiam trazer problemas ao paciente. Sabemos que o câncer de próstata muitas vezes tem um comportamento não agressivo, então muitos pacientes morreriam por outras causas. A mensagem é saber qual subgrupo terá mais benefícios em fazer o rastreio.
O rastreio é uma decisão compartilhada. É preciso sentar, conversar e colocar os prós e contras de fazer, pois vai requerer exames de imagem e biopsias. E fazendo o diagnóstico, muitas vezes será indicado algum tratamento que poderá ter efeitos colaterais.
Ele é importante, mas não é para todo mundo. Geralmente indica-se a partir dos 50 anos. A população de alto risco pode iniciar antes, a partir de 40, 45 anos.
Qual é o papel do exame de PSA?
O PSA é orientado em várias situações, não só para o câncer de próstata. Qualquer alteração na próstata pode aumentar o nível do PSA, como inflamação, infecção, trauma e a hiperplasia. Como há outras causas, tem que cuidar com falsos positivos e falsos negativos.
Existem medidas preventivas para reduzir o risco de câncer de próstata?
O estilo de vida influencia muito e vale para tudo, tendo um impacto na diminuição de incidência de várias neoplasias. Alguns estudos falam que a obesidade e o sedentarismo podem ter correlação ao câncer de próstata. Além disso, é importante evitar o tabagismo também.
Quais são os principais sintomas da doença?
Na grande maioria das vezes, o câncer de próstata não apresenta sintomas, como muitos outros canceres. A maior parte dos tumores são confinados na próstata ou linfonodos regionais, e enquanto não crescer e invadir outras estruturas, dificilmente vai demonstrar sinais.
O sangramento pela urina é incomum, mas pode acontecer. Sintomas obstrutivos e irritativos não são tão comuns. O fato é que grande parte dos casos são assintomáticos ou os sintomas recorrentes de uma metástase.
Quais são as opções de tratamento para o câncer de próstata?
O paciente faz o diagnóstico por imagem e biopsia e estratificamos ele no grupo de risco. De acordo com essa classificação, é proposto o melhor tratamento.
Em pacientes diagnosticados com baixo risco, geralmente é feita a vigilância ativa. Ou seja, o acompanhamento com exames de PSA e de imagem e eventuais biópsias porque é aquele câncer que muitas vezes não vai causar problemas.
Quando se opta por oferecer uma modalidade de tratamento, tem a cirurgia (prostatectomia radical) e, conforme o resultado do procedimento, avalia-se a possibilidade de fazer um tratamento adicional.
Por outro lado, pode ser feita uma radioterapia com ou sem hormonioterapia. É um tratamento que preserva o órgão, mas é definitivo. E quando o homem já vem com uma doença avançada ou tem uma recidiva, é feita uma castração química. Sempre conversamos com o paciente, individualizamos os casos e, após uma avaliação multidisciplinar, chegamos ao melhor consenso.
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