A tarde do dia 10 de maio ficará guardada para sempre na memória de Denner Sties da Maia, soldado da Polícia Militar de São Bento do Sul. Era por volta das 18h quando ele estava realizando atividade física em frente ao batalhão e viu um carro entrar em alta velocidade no pátio da PM. De dentro dele saiu uma mãe desesperada com a filha recém-nascida nos braços, com um mês de vida, engasgada com o leite materno. Então, entrou em cena toda a bravura e conhecimento de Denner em primeiros socorros. O soldado conta que estava na parte externa do batalhão quando a ocorrência se iniciou. “Eu estava em serviço, durante atividade física, próximo da reserva de armamento, quando um veículo adentrou o batalhão em uma velocidade considerável, chamando atenção. Saiu do veículo uma família com uma criança recém-nascida nos braços, gritando por socorro”, relata.
Num primeiro momento, o soldado disse que não sabia que a criança estava ferida ou algo do tipo. “De imediato, desci a rampa e fui conversar com os familiares, que informaram que a criança estava com situação de engasgo. Verifiquei os sinais e vi que não respondia. Realizei a manobra de Heimlich para socorrer a criança, que é o procedimento de primeiros socorros para desengasgue”, explicou.
Rapidamente, ele avisou os colegas sobre a situação, que acionaram os bombeiros. Enquanto isso, Denner iniciou a manobra de Heimlich para desobstruir as vias aéreas da criança. “Após as primeiras tentativas, ela voltou a respirar e chorar. Virei a criança, vi que ela havia voltado a respirar e entreguei-a aos pais”, disse. “Dada a circunstância, por ser um bebê recém-nascido, a primeira coisa que me veio à cabeça foi realizar o procedimento da melhor maneira possível para salvar aquela vida. Por se tratar de um recém-nascido, ele não tem toda a estrutura óssea desenvolvida. Graças a Deus consegui fazer o resgate dessa criança”, completou Denner.
Dever cumprido
O policial, que está há pouco mais de três anos na profissão, disse que acaba se deparando com diversos tipos de ocorrência. “No primeiro momento, a gente não tem a noção da complexidade da ocorrência, mas depois acaba percebendo a complexidade da nossa profissão. A gente se depara com situações e consegue salvar uma vida. Isso é uma sensação sem igual”, frisou. Ele cita ainda que já atuou em outra ocorrência similar, quando realizou os primeiros socorros e auxiliou no resgate de uma vítima até a chegada dos bombeiros. “Todo policial militar se sente honrado em fazer isso. Apesar de não ser a função principal da Polícia Militar, o procedimento de primeiros socorros, no curso de formação, a gente aprende alguns procedimentos. A gente sempre tenta se atualizar para, quando se deparar com uma situação dessas, realizar o melhor procedimento possível”, concluiu o policial.
Salvar vidas
O major Everaldo Simão Stanchack, subcomandante da PM em São Bento do Sul, destaca que o atendimento pré-hospitalar (APH) é parte integrante da formação básica dos policiais. “Quando alguém é aprovado no concurso público e ingressa no curso de formação policial, aprende não só o básico, mas também táticas avançadas, como o tratamento de ferimentos em combate e como estancar hemorragias massivas. Temos conhecimento básico dessas situações”, explicou.
Ao longo da carreira, são oferecidos aos policiais outros cursos de atualização e formação em primeiros socorros. “É um conhecimento simples, mas extremamente importante. Mesmo que uma pessoa não tenha filhos pequenos, aprender as manobras de socorro para crianças ou adultos pode ser crucial para salvar uma vida”, frisou o major.
Stanchack menciona que ocorrências como a atendida por Denner não são comuns, mas que pelo menos uma vez por mês os policiais se deparam com ligações sobre engasgos em crianças. “Para nós, como policiais, é gratificante poder ajudar alguém, salvar uma criança que poderia estar em risco de morte. Embora não seja nossa atribuição primária, conseguimos aplicar nossos conhecimentos e ajudar pessoas que estão em necessidade”, disse.
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