A cidade de Rio Negrinho foi uma das mais atingidas no Estado pelas chuvas em junho do ano passado. O município passou pela terceira pior enchente da sua história recente, contabilizando centenas de desalojados e atingindo cerca de 70% do comércio. Na época, foi decretado situação de calamidade pública e até hoje os moradores não conseguiram se recuperar totalmente.
A água atingiu cerca de 50% da cidade, abrangendo dez bairros. São eles: Alegre, Pinheirinho, Centro, Bela Vista, Industrial Sul, São Rafael, Ceramarte, Quitandinha, Vista Alegre e Campo Lençol. O efeito devastador deve-se ao volume de água que caiu no local: 302 milímetros (o equivalente a 302 litros por metro quadrado) em apenas 96 horas – volume previsto para o período de três meses. O efeito foi devastador causou deslizamentos, incontáveis perdas materiais e uma tristeza sem fim.
17 milhões de prejuízos
O Centro da cidade foi a área mais afetada pelas chuvas. Os comerciantes tiveram que superar as perdas e contar com a solidariedade da população para se reerguer. As empresas foram obrigadas a ficar mais de um mês fechadas até retomar as suas atividades.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Negrinho (CDL) em parceria com o Sebrae, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e o Sindivarejista, divulgou que as empresas tiveram prejuízo estimado em 17 milhões. Para o atual presidente da CDL, Aldo Genésio Liebl, é impossível medir um tempo para que elas se recuperem financeiramente. “Muitos empreendimentos, inclusive, jamais irão recuperar tudo o que perderam”, confessa. “A persistência é a grande característica dos empresários de Rio Negrinho”, completa.
Reflexos da catástrofe podem ser vistos na garagem da Prefeitura, onde se encontram os entulhos que restaram depois que água baixou. Para dar o destino correto aos materiais, a Prefeitura Municipal aguarda recurso de Brasília para a construção de um aterro industrial.
Não foi a primeira
Reconstruir é a palavra que povo rio-negrinhense carrega há muitos anos. As enchentes tornaram-se parte do cenário da cidade. O curso dos principais rios, através de um sistema de drenagem natural, converge para a área urbana, expondo a cidade às enchentes e inundações. Os piores momentos da história recente do município foram registrados em 1983, 1992 e 2014, quando a água subiu mais do que esperado, deixando centenas de famílias assustadas e obrigando-as a abandonar suas casas.
As cheias atingiram o ápice no ano de 1992, registrando a marca de 9,50 metros acima do nível normal. Em 2014 o nível de alagamento ficou um pouco abaixo, contudo, foi o estrago mais rápido já registrado no local.
Projetos existem
Ex-vereador Denilson durante visita a um dique na Holanda – Foto: Divulgação
Há alguns anos o ex-vereador Denilson da Cruz estuda a possibilidade de fazer um dique para contensão da água, perto da foz do rio Negrinho, nas proximidades da Estação de Tratamento de Esgoto do Samae, no bairro Vista Alegre. O projeto, porém, tomou grandes proporções apenas meados do ano passado. “Quando estava na câmara trabalhei duro nesse plano e, para fazer os estudos necessários, contei a ajuda de uma empresa de Chapecó, a LW Engenharia e Projetos”, explica. A intenção é evitar que as águas do rio Negro adentrem no rio Negrinho, e quando houver cheias, a água seja bombeada por um sistema ao rio Negro.
Ele conta que em 2013 foi até a Alemanha e a Holanda para observar o funcionamento de projetos semelhantes ao que poderá ser implantado em Rio Negrinho. “Tive a oportunidade de verificar a eficácia dessas obras de engenharia e as imensas estruturas que podem ser feitas”, diz. Segundo Denilson, a ideia de construir um dique já havia sido aprovada, mas depois da enchente a comunidade o procurou solicitando agilidade no processo.
Não descartada
O prefeito Alcides Grohskopf afirma que a construção de um dique não está totalmente descartada, mas é preciso fazer um levantamento de todas as bacias para que outras localidades não sejam afetadas. “Por enquanto não temos certeza de que o dique é a melhor solução para a cidade. Além de se tratar de uma obra extremamente cara, ela não oferece garantia 100% que o problema será resolvido”, diz.
No início de fevereiro, Alcides seguirá até Brasília para encontrar o deputado Mauro Mariani. “A Prefeitura tem um projeto junto com a Defesa Civil do Estado para que seja feito um levantamento de todas as bacias próximas ao município”, revela. De acordo com ele, cerca de seis pontos precisam ser estudados para que sejam tomadas atitudes imediatas e certeiras para conter as águas. “Estamos pedindo recursos para o Governo Federal a fim de solucionar não só o problema da enchente, mas também das pequenas enxurradas, a limpeza do Rio Negrinho, entre outros”, declara.
Para colocar os planos em prática, o prefeito garante que a união das forças políticas será essencial. “Estão sendo realizados estudos e os projetos estão ganhando forma. Também queremos formar um conselho junto à comunidade para discutir e mostrar como a indústria, o comércio e as famílias devem se preparar em relação as chuvas”, explica.