Sexta-feira, 25 de abril de 2025

Salão do tio Edu: cortes especiais para crianças com TEA e Síndrome de Down

Eduardo Fagundes estudou e adquiriu ferramentas para atender crianças com TEA

• Atualizado 21 dias atrás.

O pequeno salão situado no bairro 25 de Julho é mais do que um espaço para cortar o cabelo. Lá, Eduardo Fagundes, ou tio Edu, como é carinhosamente chamado, transforma esse momento em uma experiência especial e acolhedora para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down.

Em cada prateleira há um instrumento capaz de entreter os pequenos. O ambiente também conta com uma cadeira especial com ajustes de altura e outros estímulos visuais e táteis que ajudam a manter as crianças calmas e relaxadas durante o corte.

Eduardo trabalha na área há seis anos. Em 2020, depois que ele se mudou para um novo espaço, anexo à sua casa, começou a perceber que os pais tinham muita dificuldade em levar seus filhos para o salão, pois a maioria das barbearias da cidade segue um padrão e não possui muitos atrativos para o público infantil.

Foi assim que o são-bentense decidiu mesclar seu público, entre adultos e crianças. “Busquei didáticas pedagógicas, personagens e bichinhos de pelúcia. Percebi que o mais incomodava era o barulho das máquinas. Algumas têm um ruído muito alto, então comprei equipamentos mais silenciosos. E tudo foi se tornando uma grande brincadeira”, conta.

A clientela aumentou e logo Eduardo se deparou com Benjamin, um menino diagnosticado com autismo nível 1. No primeiro atendimento não foi possível realizar o corte de cabelo e isso deixou o profissional muito frustrado. Por outro lado, também foi o pontapé inicial para se aprofundar na área.

Com o apoio de Vanessa Rudnick, mestre em Educação, Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia, o barbeiro realizou uma pós-graduação de Intervenção ABA para Transtorno do Espectro Autista (TEA), pela Faculdade Metropolitana de São Paulo. “Era um curso bem técnico. Entendi que o autismo envolve muitas questões, desde hipersensibilidade, hipossensibilidade, socialização”, comenta.

Todo esse aparato educacional, somado às ferramentas lúdicas e outras estratégias de atendimento, resultou no primeiro corte de uma criança com autismo. E essa sensação, de alívio e ao mesmo tempo poder, é compartilhada diariamente com os pais que encontraram em Eduardo um refúgio.

Cada criança que entra no salão tem suas particularidades, o que demanda um atendimento bem individual e personalizado. “Primeiro pergunto para os pais o que o filho gosta e inicio todo o trabalho em cima disso”, explica.

Além disso, é importante garantir uma assiduidade – que não está atrelada ao dinheiro lucrado. O fato é que para manter esse laço, garantir uma proximidade e um acesso cada vez mais tranquilo aos pequenos, deve existir um comprometimento e constância. “Assim, conseguimos fazer desse momento uma festa”, diz.

Crescimento
Eduardo ainda atende o público adulto, mas confessa que a sua clientela aumentou consideravelmente desde que passou a se especializar em crianças, especialmente com TEA. Hoje, ele possui em sua cartela cerca de 35 famílias, que são fiéis aos seus serviços, e também atende pessoas de outras cidades, como Rio Negrinho, Campo Alegre e Piên. “Toda semana recebo uma mensagem nova”, celebra.

Sua dedicação e inovação na criação de um ambiente inclusivo e acolhedor lhe renderam várias premiações na área. O são-bentense conquistou o troféu Tesoura de Ouro e mais um prêmio pela especialidade em TEA. “Servir as pessoas é a minha maior paixão e estar atuando nessa área não tem preço. Tenho muito retorno com isso, e não é financeiro. É uma entrega de fazer algo pela causa e para melhorar o mundo”, ressalta.

Alívio para os pais
O pai do pequeno Benjamin (foto abaixo), Felix Tadeu Stuani Jarutais é só elogios ao trabalho de Eduardo. Ele conta que o filho não permitia cortar o cabelo, exceto quando era bebê. Foram anos de tentativas fracassadas, que deixaram seus pais bem desanimados.

Em uma abordagem diferente, Felix decidiu levar o filho como acompanhante em suas idas à barbearia, afinal também é cliente do salão. “No começo ele não queria nem entrar, não tinha jeito”, recorda.

Aos poucos, o “tio Edu” foi se aproximando do garoto, ganhando confiança até realizar o primeiro corte e pintar as mechas, pois a cada encontro Benjamin comentava sobre a vontade de se tornar um super-herói diferente. “Tenho muita gratidão por tudo o que o Eduardo fez por nossa família. É algo que precisa ter muito tato, conhecimento e criatividade para inovar a cada dia”, afirma.

Confira a reportagem em vídeo: 


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