Icônico e imponente, assim permanece o prédio onde se localiza o Departamento de Turismo, no Centro de São Bento do Sul. E não precisa ser necessariamente nascido em São Bento do Sul para admirar sua história. Turistas que por ali passam fazem questão de registrar com uma foto essa arquitetura que completará 120 anos em 2024.
Situado na esquina entre as ruas Jorge Lacerda e Barão do Rio Branco, ao lado da praça Jardim dos Imigrantes, este prédio centenário possui muita história para contar. O escritor Alexandre Pfeiffer, autor da obra ‘São Bento na Memória das Gerações’, conta um pouco mais sobre a história deste prédio.
Publicado em 1997, o livro conta como a pequena vila de São Bento do Sul, nos anos 1900, necessitava de um espaço para abrigar suas funções administrativas. E foi o então superintendente à época, Manoel Tavares, quem mobilizou esta construção juntamente com a comunidade.
Conforme cita Pfeiffer, a Câmara, em setembro de 1899, recebeu um subsídio do Estado no valor de cinco contos de réis para construção do prédio. Inclusive, esta foi a primeira vez que São Bento do Sul recebia algum tipo de subsídio do Governo Estadual.
Dois meses após o recebimento da verba, a Câmara aprovava a construção no prédio em terreno de sua propriedade.
O terreno, no total de 1.228 m², fora comprado da Sociedade Colonizadora de Hamburgo em 1891 e Manoel conseguiu convencer a Câmara Municipal a adquirir mais 3.500 m² no entorno, onde funcionavam barracões de abrigo aos imigrantes.
Em 1900, pelo preço de três contos de réis, a Câmara adquiria mais este espaço para construção de um Jardim Municipal, hoje Praça Jardim dos Imigrantes.
Pântano, praça e polícia
Engana-se quem pensa que o terreno era plano e limpo como hoje. Conforme a obra de Alexandre e os registros de época, havia um grande brejo coberto por uma vegetação no local. Foi preciso aterrar tudo e drenar a água daquele pântano onde antes passava próximo o rio São Bento.
Além da praça com um lindo jardim, foi possível construir um quartel de polícia e uma cadeia pública onde antes era mato e lodo.
No dia primeiro de julho de 1901, foi aberta a concorrência pública para construção do prédio, uma espécie de licitação da época, tendo como vencedor o senhor Adolfo Weber. Com a presença de autoridades e da comunidade, era lançada a pedra fundamental em 7 de setembro daquele ano, durante comemorações da Independência do país.
Segundo o projeto, o prédio deveria ter 16,70 metros de frente e 9,20 metros de lateral. Como os recursos eram escassos à época, o prédio só foi concluído três anos depois, com um valor pouco maior a 16 contos de réis. Em telegrama enviado ao Governo do Estado, Manoel convidava as autoridades para inauguração do prédio, em 30 de julho de 1904.
Projeto de restauração
Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Andrea Tamanine, há uma parceria com o governo de Portugal para restauro do atual prédio.
“Nós fizemos uma parceria com Portugal, com cidade de Guimarães, que tem um grande patrimônio reconhecido pela Unesco. Quando fomos atrás do projeto de restauro, buscamos outras fontes e agora vamos numa pegada mais forte. Esse projeto que vamos apresentar de restauro vem com essa parceria, com a equipe de Portugal e de São Bento do Sul e com um selo de qualidade internacional”, ressaltou.
Com este selo, conforme Tamanine, será possível defender o projeto em Brasília com maior respaldo. “São Bento do Sul tem uma marca de história portuguesa, tem outras marcas no museu, na estação de Serra Alta. Esse prédio central do turismo, que é um dos cartões postais de São Bento do Sul, além de trazer essa marca da arquitetura portuguesa, tem todo um contexto de representação de governo. O primeiro superintendente, que dá nome ao prédio, o Manoel Tavares, ficou vários anos como prefeito de São Bento. Ele é nascido no Brasil e de origem portuguesa”, comentou a secretária.
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