O professor Carlos Campestrini, de História, tem praticado um hobby que tem tudo a ver com sua formação: a busca por objetos antigos por meio do detectorismo. Com a ajuda de um detector de metais, ele vasculha o entorno de casarões antigos e outros ambientes em busca de itens que possam estar enterrados. Entre parafusos, pregos e moedas, o passatempo é como uma pescaria em terra firme.
Criado para fins militares, o detector de metais vem sendo utilizado cada vez mais por curiosos e amantes da história. “Quando eu era mais jovem, vi um esquema de montagem de um detector caseiro usando um rádio AM, mas nunca cheguei a testá-lo de fato. Agora, com as redes sociais e inúmeras páginas e perfis sobre o tema, minha curiosidade voltou. Comentei um dia com minha esposa que acharia legal brincar com um detector de metais e, para minha surpresa, foi justamente o que ganhei de aniversário naquele ano, junto com um imã para pesca magnética”, revela Carlos.
A estreia do equipamento aconteceu no ano passado, no Parque 23 de Setembro. “Me surpreendeu a quantidade de pregos e parafusos espalhados pelo parque. Os cabos subterrâneos da antiga iluminação pública atrapalharam um pouco, e tive que aprender a evitá-los. Alguns pedaços de metal e uma moeda de 10 centavos foram seguidos por um objeto que, até agora, não sei o que é. Parece um enfeite de móvel, talvez parte de um puxador de gaveta. Alguém sugeriu que poderia ser um cabo de espelho. O que acho interessante é imaginar de onde veio, o motivo de estar ali e há quanto tempo está enterrado”, comentou.
Em abril deste ano, o pesquisador resolveu explorar um espaço no bairro 25 de Julho e encontrou muitos pregos, algumas latas de tinta, de cerveja e o maior valor já achado até o momento: uma moeda de um real. “Outro local explorado foi o casarão Schlagenhaufer, na Dona Francisca, com a permissão da proprietária, Elenice Baldin, que vem se empenhando na conservação do local. Não foi uma busca muito produtiva: apenas alguns fragmentos de alumínio e uma antiga embalagem de creme dental Kolynos foram localizados. Ao explorar o poço com o imã, encontrei apenas um pedaço de arame, e a frustração foi grande”, frisou.
Novos adeptos
Recentemente, o paulista José Eduardo da Amaral Rosa, também membro do Grupo de Pesquisa e Reencenação Histórica Dogs of War e amigo de Campestrini, esteve na Itália. “Ele esteve na localização da Torre di Nerone, o posto mais ingrato, perigoso e precário que os soldados brasileiros enfrentaram na Segunda Guerra, durante o período mais sacrificante: o inverno nos Apeninos, com temperaturas de -20°C, bombardeios diários e uma média de 80 granadas de morteiro e artilharia. Havia um lugar que os pracinhas chamavam de ‘Pátio das Granadas'”, comenta Carlos.
Depois de fotografar quase tudo, começou o garimpo do perímetro ao redor do casarão com o detector de metais. “Cada som forte identificando um metal fazia o coração disparar! Escavávamos o local na expectativa de saber o que era. ‘Bingo’ — um cartucho deflagrado! A busca continuou, agora mais empolgante. ‘Bingo’ — um estilhaço de granada de morteiro! E assim foi a tarde toda, até que o cansaço tomou conta, depois de achar uma tampa de latinha de ração K, mais um cartucho deflagrado, mais um estilhaço — agora de bomba — e vários fios telefônicos. Foi uma tarde sensacional, fantástica, superando todas as minhas expectativas”, lembra Campestrini. “A busca, a incerteza e a emoção do bip no aparelho são os motivos que levam os entusiastas a saírem de casa”, completou.
- WhatsApp: Participe do grupo fechado de A Gazeta.
- YouTube: Inscreva-se para assistir as matérias de A Gazeta.
Confira mais notícias no jornal impresso. Assine A Gazeta agora mesmo pelo WhatsApp (47) 99727-0414 . Custa menos que um cafezinho por dia! ☕