A Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil de São Bento do Sul concluiu a segunda parte das investigações sobre o caso da Associação dos Servidores Públicos Municipais (ASP), apurando crimes eleitorais cometidos nas eleições de 2010 e 2016 envolvendo alguns políticos ligados ao PSB. Foram oito meses de investigações, com 3 mil folhas de documentos e 42 pessoas sendo ouvidas. Ainda foram apreendidos mais de 80 celulares e computadores, quatro caixas de documentos contábeis e realizadas buscas em 15 endereços dos investigados.
Com isso chega ao final a segunda parte das investigações ligadas à ASP. A primeira delas foi desencadeada em maio de 2017, a partir de denúncia feita pelo então presidente da associação, de que três pessoas estariam desviando recursos da entidade para realizar compras no comércio. Os outros crimes cometidos por meio da associação foram identificados durante a primeira fase da operação. Até agora, já foram feitos 17 indiciamentos no “Caso ASP”.
Sem os nomes
A Polícia Civil não repassou os nomes dos indiciados porque as investigações prosseguem. Assim, mais detalhes sobre o caso segue em sigilo.
Eleições de 2010
Sobre a compra de votos nas eleições de 2010, a DIC juntou vários indícios, como documentos e depoimentos de testemunhas, de que um candidato a deputado estadual pagou em troca de votos diversos abastecimentos para eleitores em um posto da cidade no período eleitoral. Em razão disso, o ex-candidato a deputado estadual e mais duas pessoas foram indiciadas pelo crime de compra de votos. Ele não se elegeu na ocasião.
Eleições de 2016
Sobre a compra de votos nas eleições municipais de 2016, a DIC também encontrou inúmeros documentos e tomou depoimentos de diversas pessoas que confirmaram o crime. O esquema ocorreu através de desvio de dinheiro da associação, por meio de uso de um cartão de compras em nome da esposa de um candidato a vereador do PSB.
Com esse cartão o grupo abasteceu inúmeros veículos de eleitores em troca de votos em outro posto da cidade, equivalente a 2 mil litros de gasolina, aproximadamente. Conforme o delegado Odair Rogério Sobreira Xavier, o esquema envolveu sete pessoas para desviar o dinheiro, ocultar a fraude e beneficiar o candidato. Todos os envolvidos foram indiciados pelos crimes de compra de votos e associação criminosa. Este ex-candidato também não se elegeu e ficou como suplente.
Agiotagem
Outro fato grave é que a Polícia Civil encontrou um esquema de agiotagem e lavagem de dinheiro através de ASP, pois uma pessoa da cidade emprestava dinheiro para os servidores, mediante juros abusivos e as outras pessoas que trabalhavam na associação colocavam as parcelas para desconto em folha de pagamento, como se fosse um empréstimo legal.
Depois, a Prefeitura repassava os valores para a ASP e o dinheiro voltava para o agiota e seus comparsas como se fosse limpo. O esquema de furto e desvio de valores da associação, agiotagem e lavagem de dinheiro envolveu quatro pessoas e por isso todos foram indiciados por furto, agiotagem, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Próximos passos
Agora, a Divisão de Investigação Criminal ainda precisa apurar outros possíveis crimes, e para isso durante as diligências foram apreendidos quase 80 aparelhos celulares, tabletes e computadores, que já foram encaminhados para perícia. A Polícia Civil aguarda o laudo do Instituto Geral de Perícias de Joinville.
Além disso, outros crimes como falsificação de documentos e associação criminosa também continuam sendo investigados. Para a continuidade das investigações, a Polícia Civil abriu um novo inquérito policial, pois o objetivo é possibilitar que a Promotoria Criminal e o Ministério Público Eleitoral possam já analisar o caso e oferecer denúncia contra os investigados sobre os crimes que já foram reunidas as provas nesta fase da investigação.
O inquérito sobre os crimes eleitorais foi encaminhado para a Justiça Eleitoral, enquanto o inquérito sobre os demais crimes foram encaminhados para a 3ª Vara Criminal de São Bento do Sul para análise por ambas as Promotorias de Justiça e os Juízes titulares.
