Poucos sabem, mas o padre Fábio de Melo já morou em São Bento do Sul. Antes de converter-se sacerdote e ganhar reconhecimento e fama como um dos principais pilares da música católica religiosa, ele passou por algumas cidades catarinenses e deixou uma legião de amigos e admiradores.
A são-bentense Bárbara Fuckner teve, como ela mesmo designa, o privilégio de trabalhar e conviver com ele durante a sua passagem pelo município, em 1990. “Ele é um homem simples, preocupado com a igreja católica e visionário. Através da música, consegue alcançar todos os públicos e levar a palavra de Deus também aos desconhecidos”, afirma.
Na época, Bárbara foi convidada para trabalhar na Paróquia Puríssimo Coração de Maria, no Centro. Como já atuava voluntariamente como catequista, aceitou a proposta e passou a dedicar o seu tempo integralmente à igreja. Naquele ano, segundo ela, também vieram três seminaristas para a cidade. O Fábio era um deles. “Cada um ficou responsável por uma área dentro da Paróquia. O Fábio decidiu trabalhar comigo na secretaria e, desde então, estabelecemos uma relação de amizade”, conta.
O sacerdote permaneceu na cidade até janeiro de 1991. Nesse ínterim, trabalhou vigorosamente em prol da igreja e da comunidade. “Mesmo com 19 anos, já tinha vocação para a palavra e para a música. Ele cantava na igreja, junto com os corais, auxiliava no atendimento ao público e participava ativamente das liturgias para as crianças”, recorda.
Comunicativo, Fábio também se destacou no rádio. Conforme Bárbara, o padre, responsável pela igreja naquele ano, tinha um programa na 89 FM. “Como o Fábio tinha uma voz muito bonita, ele foi convidado para gravar as vinhetas de abertura do programa. Os áudios ficaram muito famosos, todos queriam saber de quem era aquela voz”, lembra.
Logo, do trabalho, veio o companheirismo. “A nossa amizade se estabeleceu. A família dele esteve na cidade, ele frequentava a minha casa e geralmente viajávamos juntos”, diz.
Distância
No ano seguinte, em 1991, Fábio seguiu a sua vocação. Mudou-se para Jaraguá do Sul, Brusque e São Paulo, onde estudou Teologia. A distância, no entanto, não estremeceu a afeição que um tinha pelo outro. “Não perdemos o vínculo. Sempre dávamos um jeito de nos encontrar. Também costumávamos trocar cartas e postais”, revela.
Em 2001, quando Fábio foi ordenado sacerdote, os compromissos aumentaram e os encontros se tornaram mais raros. Alguns anos depois, em 2008, ele lançou seu primeiro CD pela gravadora Som Livre, intitulado “Vida” – trabalho que lhe tornou conhecido nacionalmente e abriu as suas participações em programas da TV aberta.
Bárbara, claro, acompanhou a ascensão. “A primeira vez que fui no show dele foi em Brusque. Depois, fui para Joinville, São Paulo e Curitiba. Mesmo de longe, continuei observando a sua trajetória”, relata.
O último encontro ocorreu recentemente, durante uma apresentação na capital paranaense. “Fui até o seu camarim, onde conversamos por cerca de 1 hora e relembramos os velhos tempos e as antigas amizades. Ele também pediu para fazer uma selfie comigo para publicar no seu Instagram”, conta. Na imagem, aliás, o padre lembra da época que morou no município e auxiliou Bárbara na secretaria da igreja. “A nossa história é tão bonita porque sempre trocamos confidências, mantemos contato, preservamos a amizade e cuidamos carinhosamente desse relacionamento”, reflete a são-bentense.
Biografia
Há três semanas, Bárbara foi contatada para participar da biografia do padre Fábio de Melo. A obra vai ser lançada em novembro e está sendo redigida pelo jornalista e correspondente da TV Globo Rodrigo Alvarez. “Muitas pessoas já passaram pela vida do Fábio. Sinto-me lisonjeada por ele ter lembrado da nossa história e, principalmente, por continuar sendo esse amigo carinhoso. Mesmo com a fama, não mudou a sua essência. É um grande artista de Deus”, comenta.