Balões decoravam a recepção do Ambulatório de Feridas. Pela parede também era possível ver várias mensagens de “vai comemorar sim”. E claro, uma festa precisa de animação e sorrisos, e isso não faltou. O motivo da comemoração era a alta de Adelino Avelino Franck, que depois de 36 anos sofrendo com uma ferida na perna, finalmente “se livrou”.
Ele chegou pontualmente, discreto e até um pouco tímido. Sem entender nada, pois já na entrada se deparou com a sua família, os funcionários, fumaça colorida e muita animação. Foi uma verdadeira surpresa. “Eu não imaginava que era para mim. Pensei que isso era para outra pessoa”, comenta com um sorriso no rosto, de quem está curado.
O olho brilhando exalava a felicidade que ele estava sentindo, afinal, foram anos e anos buscando tratamentos, indo em médicos e mudando totalmente a rotina. Vilma Mazzetto Franck, a esposa de Adelino, explicou que ele se fraturou jogando bola, isso quando tinha 32 anos. Na época ele foi encaminhado para um hospital de Curitiba, onde engessaram a perna. E quando fez um ano que ele fraturou, saiu uma mancha pequena na perna, que começou a inflamar e virou uma ferida.
Desde então, foi uma verdadeira luta. Mas apesar de tudo, ele nunca desanimou. A filha Evelin Mazzetto Franck Ribeiro nem era nascida quando o pai se machucou, e cresceu vendo Adelino deixar de fazer muitas atividades durante esses anos, mas nunca viu ele parar de lutar para se tratar. “E ele tinha uma fé tão grande assim, sabe”, complementa.
Aliás, fé, determinação e comprometimento não faltaram. Há pouco mais de três anos, e por meio de uma Unidade de Saúde, Adelino conheceu o Ambulatório de Feridas, o trabalho da enfermeira Erica Flos e da equipe. Foi então que ele começou o tratamento, no início, de segunda a sexta-feira, sem faltar um dia.
Mas antes de chegar ao ambulatório, passou por diversos especialistas. Nesses 36 anos, muitos procedimentos e medicamentos evoluíram. O paciente já chegou a escutar que a única solução seria a amputação. Porém, como a enfermeira Erica explicou, antigamente não existiam essas soluções tecnológicas. “Então, hoje, se evita amputar. Primeiro, a gente quer tratar. E eu falo sempre para os pacientes, aqui, a gente vai tratar, vamos cuidar de você, com carinho, com conhecimento, com ciência e com tecnologia”, pontuou.
Não foi fácil conviver com uma ferida enorme na perna, bem exposta e quase dando para ver o osso. Além da dor que ele sentia, Adelino comentou que era difícil até de usar um calçado, pois o pé inchava muito. “Só nós que estávamos com ele todos os dias, sabemos o que passamos”, comentou a esposa.
“Todos estão felizes aqui, mas a pessoa mais feliz sou eu. O problema estava comigo”, reforça o paciente, e brinca, que vai voltar ao Ambulatório de Feridas, mas só para visitar a equipe. E agora vai aproveitar para curtir a vida, claro, ainda mantendo os cuidados necessários.
Ambulatório de Feridas
Seu Adelino não foi o primeiro, nem o último a ser tratado no espaço. O Ambulatório de Feridas foi instalado na Secretaria de Saúde em abril de 2021. Ali são tratadas feridas complexas, de difíceis cicatrizações.
“A grande demanda do ambulatório. São as úlceras de perna mesmo. As úlceras venosas, úlceras arteriais. Mas a gente também atende queimadura, politraumatizados, os acidentes de moto, principalmente”, explica Erica. A porta de entrada é a Unidade de Saúde, lá os pacientes são avaliados e primeiramente atendidos pela equipe da unidade.
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