Quarta-feira, 23 de abril de 2025

Os ritmos e as faces do “Maluco Beleza”

Há exatos 25 anos, na manhã do dia 21 de agosto de 1989, o Brasil foi surpreendido com a notícia da morte de Raul Santos Seixas. O baiano de Salvador, conhecido por pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais, também conhecido como “Maluco Beleza”, iniciou sua trajetória após ganhar um violão como presente dos pais. Acabou mudando não só a própria história, mas também o cenário artístico brasileiro.

Definição sem meias palavras

A carreira de Raul Seixas deixou uma legião de fãs espalhada pelo Brasil. Em São Bento do Sul, um deles é Tiago Peres, 28 anos, violonista da banda “The Cashers”. O morador do bairro Progresso define o artista sem meias palavras: “Ele era um gênio”. Influenciado pelo irmão, que tinha banda, Tiago se envolveu com o mundo musical e começou a conhecer o trabalho de Raul Seixas na adolescência, na mesma época em que conheceu nomes como Led Zeppelin e The Doors. “Isso mudou meu rumo para sempre”, explica.


Lançamentos póstumos

Com a morte de Raul, aos 44 anos, uma série de obras póstumas já foi lançada. Para este mês, estão previstos novos lançamentos, como um box especial com seis discos (sendo dois inéditos) e um DVD. Show com vários artistas (do qual resultarão um CD e um DVD), passeata e livro, entre outros eventos e produtos também marcarão os 25 anos da morte dele. 

 

Na casa de um amigo, após ouvir uma lista de músicas de Raul, sentiu-se atraído não só pelas próprias músicas, mas pelas letras e pela voz do artista. Foi o que bastou para adquirir “Novo Aeon”, de 1975, um dos álbuns de maior sucesso e melhor crítica do baiano. Entre outras, a faixa “Caminhos” chamou a sua atenção logo de cara. “O Raul tinha algo muito interessante, pois, apesar da influência do rock, ele nunca se esqueceu que era brasileiro”, define. A música “Mata Virgem”, lançada algum tempo depois, é outra que merece elogios rasgados do são-bentense. “É praticamente tudo perfeito nela”, comenta.

O “lado B” e a diversidade cultural

Tiago ressalta que Raul Seixas impactou o País com sua obra. “Ele conseguiu mostrar o melhor da música brasileira, apesar de ser um cara experimental. Ou seja, ele não era um músico casual e só ele conseguiu ser assim”. Tiago indica o documentário “Raul – O Início, o Fim e o Meio”, de 2012. “Se você gosta dele, vai gostar mais ainda. Se você não gosta, vai passar a gostar”, aposta. Na produção, conforme ele, é demonstrada a criatividade do próprio Raul e de seus parceiros, entre eles Paulo Coelho. Em várias letras das músicas, destaca Tiago, há “mensagens subliminares”, ficando a interpretação das mesmas a cargo de cada um.

Outra observação feita por Tiago diz respeito à diversidade cultural que o artista deixou transparecer, citando o exemplo de “Blue Moon of Kentucky”, com sua improvável mistura de Elvis Presley e Luiz Gonzaga. O músico são-bentense, que já esteve em shows de nomes consagrados nacional e internacionalmente, como Roger Waters, Black Sabbath, Alceu Valença e Hermeto Pascoal, lembra que, além das músicas mais famosas de Raul Seixas, há uma infinidade de outras que merecem chegar aos ouvidos e mentes do público, notadamente as do chamado “lado B” do artista. Segundo ele, muitas faixas desconhecidas por parte do grande público contêm solos e arranjos dignos de muitos aplausos. “Os músicos que tocaram com ele também sempre foram muito bons”, elogia. Tiago também acredita que bandas iniciantes deveriam conhecer a obra completa de Raul Seixas, para absorver o que a música do artista tem a oferecer, independente do gênero musical.

O Corcel e o estilo de vida

Outro são-bentense admirador de Raul Seixas é o metalúrgico Guto Rosá. Aos 30 anos, morador do bairro Serra Alta, ele lembra que, certa vez, em uma sexta-feira, ouviu um miniespecial do artista na rádio, com suas músicas mais famosas, como “Gita”, “Tente Outra Vez” e “Metamorfose Ambulante”. Para Guto, a obra de Raul imediatamente se mostrou “algo totalmente fora do padrão”, diferenciando-se do que normalmente ele ouvia até então. Questionado por que se sentiu fascinado pelas músicas, o fã se diz sem palavras. “Não sei explicar, mas foi algo que mexeu comigo. Sei lá, parece uma coisa magnética”, confessa.

Apesar de Raul Seixas ficar marcado como um ícone do rock, destaca o são-bentense, o artista tem várias faces musicais, graças aos inúmeros gêneros que mesclou em sua obra. O próprio jeitão do “Maluco Beleza” é outro aspecto abordado por Guto. “Não era apenas um hobby ou algo que ele só fazia no palco, mas sim o estilo de vida dele”, aponta, registrando que o artista viveu no exílio por causa da ditadura militar. “Até um certo tempo ele conseguiu driblar a ditadura com suas letras, mas depois não deu mais”.

Saiba mais

No site oficial do Raul Rock Club, o www.raulsseixas.wordpress.com

O fã relata que, por conta de um trecho da música “Ouro de Tolo”, optou por um Corcel quando decidiu comprar seu primeiro veículo. “Mas não era do ano 73”, explica, entre risos. A identificação com o repertório raulseixista já chegou aos filhos gêmeos Gustavo e Gabriel, de 5 anos, os quais, às vezes, pedem músicas do artista. Ele diz que as pessoas normalmente se identificam com algum tema específico que as bandas abordam em suas músicas. “Já a obra do Raul envolve tudo, não apenas um assunto”, resume. Além disso, a “junção de instrumentos e ritmos” também é ressaltada, bem como a parceria com Paulo Coelho, agregando qualidade ao trabalho, segundo Guto, que encerra deixando uma frase da música “Prelúdio”, de 1974: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

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