Terça-feira, 3 de junho de 2025

Opinião: A emoção versus a razão

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• Atualizado 10 anos atrás.

Ao longo da última semana, o que mais se comentou na região foi a tragédia nas 27 Curvas. Tamanha comoção, porque não dizer revolta, não se via há muito em São Bento do Sul e cidades da redondeza. E, de tudo, o que mais chama atenção foram os comentários movidos em pura emoção, principalmente, com a raiva imperando. É uma tremenda infelicidade, certamente sim. É algo que merece punição caso se comprove a imprudência do motorista da BMW, com certeza.

No entanto, é na hora da emoção que o ser humano expressa seus mais profundos instintos. São ataques feitos de uma maneira em que a crítica a um possível crime ocorre de forma ainda mais criminosas, com ameaças e tudo mais. O que se viu, principalmente na internet, foi um verdadeiro linchamento virtual.

Revolta tal situação, sim, revolta e muito. Até porque, ao nos colocarmos no lugar daquela família despedaçada no asfalto, perdemos a noção do certo e do errado. Mas vale lembrar que não foi só uma família. São duas as despedaçadas, uma delas, moral e psicologicamente. Afinal, quem quer levar nas costas o peso de ter matado seis pessoas?

Porém, é nestas horas que devemos colocar a mão na consciência e fazer uma reflexão. Dos mais aguerridos críticos, quantos não fazem parte de grupos de WhatsApp, Facebook ou qualquer outro aplicativo de rede social para ficarem informados de blitze policiais e desviar delas? E desviam por qual motivo? Quantos não cometeram na vida algum tipo de imprudência no trânsito e, literalmente, deram sorte de não ter ocorrido algo semelhante à tragédia das 27 Curvas?

Do outro lado da ponta, estavam pessoas simples, dentro de um carro velho, todos, literalmente, empilhados. Criança no colo, e não na cadeirinha, gente no porta-malas e um condutor inabilitado. A alegação, de cara, será a de que nada teria acontecido se a BMW não tivesse invadido a contramão. Tudo bem, procede. Mas quem garante que, poucos metros adiante, não teria ocorrida tragédia semelhante envolvendo outro carro?

E não se trata de defender motorista A ou B. A questão crucial é pensarmos que um crime (caso assim a Justiça entenda) não pode ser punido com outro crime. Ainda mais quando a emoção está à flor da pele. Agindo assim, deixa-se de lado qualquer senso de razão, e isso tira do ser humano sua principal característica, a de pensar.

Lamentável, sim. E muito. Mas este e tantos outros acidentes por aí devem servir para que reflitamos quanto aos perigos das estradas. Reclamamos de buracos e de qualquer coisa, porém não percebemos que a imensa maioria de acidentes são causados por culpa única e exclusiva dos próprios motoristas. Tem os que aceleram demais, os que bebem, os que forçam ultrapassagem, os que não conhecem os limites dos carros. E é isso que precisam mudar, pois carro é coisa séria e, se usado de maneira errada, se torna uma arma capaz de cometer genocídio como o que vemos nas estradas e cidades brasileiras.

Que possamos refletir e tirar proveito de situações como esta e façamos, então, um trânsito mais justo, humano e seguro para todos.

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