A frota motociclística de São Bento do Sul fechou o mês de setembro com 10.886 unidades, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran/SC). São exatas 6,5 mil motos e motonetas a mais em comparação ao mesmo mês de 2004, ocasião em que havia 4.386 veículos do gênero.
Ou seja, em uma década, foi registrado um aumento de 148,19%. O gerente da Yamaha/L9 Motos de São Bento do Sul, Edilson Fernandes, aponta que o principal fator de crescimento da frota é o custo/benefício. O valor da parcela de um modelo básico, exemplifica ele, corresponde ao total que uma pessoa gastaria mensalmente com o transporte coletivo. Edilson conta que as motos com até 250 cilindradas (cc) são as mais vendidas na concessionária são-bentense, adquiridas principalmente por homens na faixa de 18 a 35 anos. Entre os modelos que mais têm registrado aumento das vendas, estão as motos off-road (fora de estrada), registra ele.
Questão de segurança
Com o crescimento da frota motociclística e também dos automóveis em geral, é natural que o trânsito também esteja mais complicado. O major Atila Tiago Royer, da seção de Relações Públicas do 23º Batalhão de Polícia Militar de São Bento do Sul, informa que, em média, são registrados mensalmente 25 acidentes de trânsito envolvendo motociclistas no município. De cada 10 acidentes de trânsito, 3 envolvem motocicletas ou motonetas, segundo ele. “Os motociclistas precisam ter atenção redobrada quando estiverem transitando nas vias”, lembra. “O uso dos equipamentos de segurança e principalmente o respeito ao trânsito e aos demais veículos são imprescindíveis, uma vez que em um acidente o motociclista envolvido é o que mais sofre as consequências”, cita.
Nove em cada dez vendas são financiadas, ressalta. Em média, os compradores fazem as aquisições em 36 vezes, muitas vezes sem entrada. Nesse aspecto, a estabilidade financeira é outro fator preponderante. O motociclista sabe o valor exato da parcela do começo ao fim do plano. Caso pague o valor do mês e quite antecipadamente mais algumas das últimas parcelas do carnê, ainda consegue eliminar os juros do financiamento e diminuir o valor total da aquisição. O gerente lembra, porém, que atualmente os bancos estão um pouco mais rígidos para aprovar as prestações, o que não impede que a venda das motos Yamaha cresça, em média 10% ao mês, segundo Edilson. Do início do mês até segunda-feira (dia 20), a L9 comercializou 45 motos zero quilômetro, conforme o gerente.
VENDAS DE ACESSÓRIOS TAMBÉM CRESCE

Edilson ressalta, ainda, que um segmento do setor motociclístico que tem experimentado aumento de vendas é o de acessórios. Segundo ele, o acréscimo é de 22% ao mês, em média. “As pessoas estão se protegendo mais”, comenta. Os capacetes que normalmente a concessionária oferece como brinde na aquisição de uma moto por vezes são rejeitados pelos compradores, que acabam adquirindo modelos melhores – e também mais caros. Os acessórios são inúmeros. Além dos capacetes, são vários modelos de luvas, óculos de proteção, roupas (inclusive de chuva), etc. Como há mais motos circulando, automaticamente também existe uma demanda maior por serviços de oficina, da manutenção à aquisição de peças e equipamentos. Com a chegada do fim de ano e os consequentes benefícios trabalhistas, como 13º salário e férias, a tendência é que haja mais crescimento ainda. “Muitos aproveitam para dar uma entrada maior, diminuindo, assim, o valor da parcela”, explica Edilson, que também é motociclista há 25 anos.
CONSUMO ECONÔMICO E MANUTENÇÃO BARATA
A gerente da Honda/Behr Motos, Betina Behr, esclarece que as vendas começaram a aquecer com maior intensidade a partir de 2006. Ela também cita o custo/benefício como um dos principais atrativos para a aquisição de motocicletas. “Elas têm um consumo econômico e uma manutenção barata”, resume, incluindo que o veículo também tem maior agilidade no trânsito. Atualmente, na concessionária Honda são-bentense, é possível comprar uma motoneta a partir de R$ 174 mensais. O que também contribui para o aumento das vendas, conforme Betina, é a liberdade de escolha em relação às formas de pagamento e planejamento financeiro. Enquanto aproximadamente 70% dos consumidores financiam a compra, outros preferem o consórcio, que não tem juros.

Existem públicos de todas as idades que adquirem os veículos sobre duas rodas. Inclusive senhoras na faixa dos 50 anos que preferem, por exemplo, o modelo Lead, que tem transmissão automática. A campeã de vendas da Honda, empresa há 42 anos no mercado, é também a mais vendida do País: a CG, disponível a partir de R$ 6,5 mil. O novo modelo 2015 vem com freio CBS, um sistema conjugado com as rodas traseira e dianteira. Outro lançamento é a Honda CB 500 X. Além das cilindradas, o preço também é outro, pois o modelo sai a partir de R$ 25,9 mil.
UMA PAIXÃO QUE CRESCEU
Não é difícil encontrar quem tenha uma moto nova em São Bento do Sul. A estudante Ana Victória Campioni Ferretto, de 19 anos, é um exemplo. Moradora do bairro Progresso, ela tem uma Yamaha Ténéré 250cc que mal chegou aos 3 mil quilômetros rodados. Ela aprendeu a andar de moto ainda aos 14 anos, com um amigo. “Era uma XL de trilha”, recorda. “Desde aquela idade, eu já tinha essa paixão, mas, depois que aprendi a pilotar, a vontade de ter uma e a paixão por elas só aumentaram”, diz. Antes da Ténéré, Ana tinha uma Suzuki Intruder 125cc, com qual fez pequenas viagens, com no máximo 200 quilômetros de distância. “Hoje em dia já percorro distâncias maiores, de até 500 quilômetros”, conta ela, que utiliza o veículo para o dia a dia.

A aventura mais marcante de Ana até agora foi uma viagem até a região da Serra do Rio do Rastro e da Serra do Corvo Branco. “Aproximadamente 100 motociclistas com Ténérés se encontraram para fazer o famoso percurso”, relata. Entre seus próximos planos, está uma viagem até o Uruguai, no início de 2015. Integrante do Moto Grupo Tribo Celta, Ana conta que foi com os integrantes do clube que começou a rodar mais de moto por aí. “Com eles aprendi o que realmente significa companheirismo, pois passamos por desafios e dificuldade nas estradas”.
Rio Negrinho e Campo Alegre
Conforme o Detran/SC, em Rio Negrinho atualmente existem 5.636 motos e motonetas. Em Campo Alegre, são 1.930 unidades. Somando os três municípios da microrregião, há 18.452 veículos sobre duas rodas.
VENTO NO ROSTO E NOS CABELOS
Ana explica por que gosta de andar de moto. “A sensação de liberdade, associada à natureza”, detalha. “A moto é muito mais do que um meio de locomoção”, define. “É difícil explicar esse sentimento, mas, quando subo na minha moto e ouço o barulho do motor, o meu dia já melhora”, completa Ana. “Quando arrumo os alforjes para viajar e visitar alguém especial ou um lugar bonito, sozinha ou acompanhada, é impossível não sentir o friozinho na barriga e aquela felicidade ao sentir o vento no rosto e nos meus cabelos”, diz. “Sinto como se tudo fosse possível”. A motociclista argumenta que “não há dinheiro que pague o sentimento de andar de moto” e deixa uma citação que já ouviu bastante no meio: “Não tento explicar às pessoas por que ando de moto. Para os que compreendem, nenhuma palavra é necessária! Para os que não compreendem, nenhuma explicação é possível”.