Caps desenvolve estratégias para valorização da vida em São Bento

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• Atualizado 4 anos atrás.

Quando o desespero e a dor são difíceis de suportar, o suicídio é visto como uma forma de se libertar. Até chegar a esse ponto, a trajetória pode ser longa, provavelmente a pessoa está sofrendo há bastante tempo. Nessas situações, quem está por perto tem um papel crucial: dar atenção, incentivar a procurar auxílio profissional e mostrar-se disponível e empático, sem julgar.

Muitas dúvidas surgem junto a necessidade de ajudar. Antes de tudo, é importante entender que os sinais de sofrimento podem transparecer de diversas formas e alguns mitos precisam ser quebrados. “A pessoa começa a ficar mais quieta em casa, não senta mais à mesa para comer com a família, não se alimenta bem, dorme demais ou de menos”, cita a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Thais Mayara Becker. Além disso, nem sempre quem possui ideal suicida está passando por uma depressão. Há casos relacionados a transtornos psiquiátricos, como também ao abuso de drogas, álcool e até remédios.

Cada paciente é único, por isso não existem respostas e tratamentos prontos. Os protocolos são individualizados, feitos por profissionais especializados de serviços públicos ou particulares, e de preferência com a aceitação do indivíduo. Já com aquele que é resistente, agressivo e se isola, a ação deve ser diferente. Se há risco iminente de morte, a orientação é entrar em contato com o Samu, que faz o encaminhamento ao setor de urgência e emergência do Hospital Sagrada Família. “Lá, eles vão avaliar o paciente. Muitos acabam chegando em situações bem críticas”, comenta.

Pelo Sistema de Regulação (Sisreg), ocorre o encaminhado para ala psiquiatra de um hospital de Joinville ou Três Barras. Dependendo do contexto, é feita a internação. “Quando o quadro é estabilizado, eles dão alta e continuamos o tratamento por aqui. Por isso, frisamos a questão da família, eles têm que acompanhar a alta, observar se o paciente está tomando o medicamento correto e está fazendo o que foi proposto”, ressalta.

Trabalho local
Se a família tem dúvidas de como proceder, pode entrar em contato com o Caps. O setor público faz o acolhimento e desenvolve estratégias de prevenção para crianças, adolescentes, adultos e idosos. O trabalho é efetivo e passa por diversas etapas. No primeiro momento, é feita uma avaliação. Baseado neste parecer, o paciente passa por uma consulta médica, normalmente agendada de um dia para o outro, visto que constam vagas predestinadas para esses tipos de casos.

Além de consultas com psiquiatra e psicólogo, são realizadas oficinas terapêuticas semanalmente, com diversos temas: saúde, beleza, ginástica, cinema, artesanato, etc. Normalmente, os grupos reúnem de 8 a 12 pessoas e a definição das equipes é feita conforme o quadro clínico e as preferências e aptidões do indivíduo. As atividades possuem duração de dois meses, podendo ser renovadas quantas vezes forem necessárias, até obter uma melhora significativa e receber alta.

O Caps ainda promove visitas domiciliares, desde que o paciente não esteja muito alterado ou em surto. Na pandemia, aliás, muitas pessoas solicitaram esse tipo de serviço, segundo a coordenadora. “Essas visitas são feitas por enfermeira, fisioterapeuta, farmacêutica ou psicóloga, acompanhada de uma técnica de enfermagem. Todas são capacitadas para atender”, garante. Outro diferencial é a disponibilidade de uma Prática Integrativa Complementar, a auriculoterapia.

O número de pessoas atendidas no local e que mesmo assim deram um fim à própria vida é baixo. Isso significa que o trabalho realizado tem surtido efeito. “Lembro de ter perdido apenas três pacientes desde que ingressei aqui, em 2017”, revela.

Família
O Caps atua com a premissa de que a família é ponto chave nesse processo de valorização da vida. “Os familiares precisam entender que não é frescura, que não é mentira e que pode acabar acontecendo. Quando a família não aceita, barra muito o tratamento do paciente”, declara.

Infelizmente, ainda há grande resistência de ambos os lados. “A pessoa não consegue aceitar ajuda para não ser taxado como louco. Mas não é assim, a gente sabe que muitas vezes nós precisamos de suporte, parar um pouco e respirar. É preciso reconhecer isso”, diz.

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