Moradores próximo ao aterro sanitário, administrado pelo Samae de São Bento do Sul, estão preocupados com uma situação de um possível crime ambiental no bairro Rio Vermelho Estação. No local há três lagoas de decantação que, segundo os moradores, estão saturadas. Com isso, o chorume acaba vazando para as canaletas sem algum tipo de tratamento e indo parar diretamente em um rio que corre ao lado do aterro. Inclusive, há relatos de peixes mortos em propriedades por onde o rio passa, além da água escura e do mau cheiro.
Ao lado do aterro, há menos de 200 metros, Márcio Schlögl e a esposa Sandra vivem em sua propriedade. O local é calmo e a família possui o imóvel há mais de 50 anos, mas tudo mudou em pouco menos de dois anos, ou seja, até 2022 nunca houve problema, o que reforça a tese dos moradores de má gestão do aterro por parte do Samae. “Temos há uns 50 anos a propriedade, herança nossa. O problema com a água começou há dois anos. O Samae limpou a primeira lagoa de decantação que estava bem saturada e na sequência iam limpar a segunda e a terceira, o que não ocorreu”, citou.
Segundo ele, cada vez que a lagoa transborda o rio e a fauna aquática são afetados. “Com as chuvas fortes, fica bem complicado. Vai a quilômetros para baixo, fica toda verde a água, com espuma e contaminada. Quem tem criação de vaca de leite, pesqueiros, morreu tudo os peixes, as vacas ficaram doentes e tiveram que usar outra água. Estamos com essa luta há praticamente dois anos”, comentou.
Pedido de limpeza
Os moradores contam que já procuraram a autarquia no ano passado, mas que nada foi feito. “O Samae prometeu uma estação de bombeamento para levar o chorume até a rede coletora existente no Santa Fé, mas isso também ficou só na falação e não deu em nada. A gente quer que a água dê para ter peixe de novo”, disse Schlögl. “Isso é muito triste, a gente pescava ali, brincava desde criança. Mais abaixo o córrego é cheio de pedras e cachoeirinhas, mas acabou. Não tem vida ali mais”, completou.
O pedido é que as demais lagoas sejam limpas, pois os moradores acreditam estar com grau elevado de poluentes, o que vem causando os problemas. E como tudo é recente, ou seja, começou somente nos últimos dois anos, seria justamente porque o Samae não tem feito a manutenção correta do aterro. “Agora que vai começar o verão, com o calor aquela água fermenta e solta um odor insuportável. Conforme a pressão atmosférica, fica bem desagradável, tipo um chiqueirão de porco”, enfatizou Márcio. Inclusive, a equipe de A Gazeta flagrou um líquido de coloração alaranjada saindo das canaletas em direção ao córrego que passa ao lado do aterro.
O que diz o Samae
Osvalcir Peters, diretor do Samae, explica que após coletado e enviado ao aterro, o lixo é enterrado. “Toda aquela matéria orgânica vai apodrecer e formar uma espécie de água, que é o chorume. Isso é captado através dos drenos e lançado nas três lagoas de tratamento”, explica.
Já Paulo Schwirkowski, diretor do Departamento de Resíduos Sólidos Urbanos do Samae, ressalta que o aterro municipal funciona desde 2010. “Por regra, legislação federal, todos os aterros sanitários precisam cumprir uma série de regras de engenharia para ter sua licença ambiental válida. Uma delas é o tratamento de chorume. É um liquido ácido, contaminante e que precisa ser tratado antes de ser lançado no rio”, diz.
Análises constantes
Para que esse processo possa acontecer, segundo Paulo, é necessária uma série de estudos e análises periódicas. “As principais análises são das águas superficiais das lagoas e nascentes existentes no local e também das águas subterrâneas, onde é feita a captação para ver se não está contaminando. Essas análises são feitas a cada três meses e todos os relatórios são enviados ao Instituto do Meio Ambiente (IMA)”, ressalta Schwirkowski.
Sobre a limpeza das lagoas, Paulo ressalta que o procedimento é realizado sempre que necessário. “Como a matéria se acumula no fundo das lagoas, periodicamente, a cada sequência de anos, precisa fazer essa limpeza. Isso é feito conforme a necessidade porque tem um custo alto, são caminhões sugando esse material o tempo todo. Normalmente, a cada quatro ou cinco anos, conforme a necessidade. Existe uma série de acompanhamentos”, pontuou.
“O pessoal comenta que a água não é cristalina, mas a cor da água não é parâmetro para julgar se ela está contaminada ou não. A presença de algas na água muda a cor, mas não quer dizer que está contaminada com poluentes. Isso, às vezes, gera uma confusão”, frisou.
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