No Brasil, a vacinação das crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 iniciou há quase duas semanas, mas muitos pais ainda estão com receio de levar seus filhos para receber a dose. É importante ressaltar que a imunização deste público gera uma proteção individual e coletiva, além de ser uma importante estratégia para reduzir a circulação do vírus e o surgimento de novas variantes que podem estender cada vez mais a pandemia.
Para esclarecer todas as dúvidas em relação a vacinação, A Gazeta conversou com o médico Eduardo Castanhel, responsável pela Clínica Médica e Vacinas Castanhel. Ele falou sobre a eficácia do imunizante, a dosagem utilizada, os riscos adversos e a relevância da vacinação para o grupo etário em questão, pois as crianças também podem desenvolver formas graves da doença e ter complicações de saúde a curto e longo prazo.
- WhatsApp: Participe do grupo fechado de A Gazeta.
Perguntas e respostas
- Qual a diferença entre a vacina contra a Covid-19 para adultos e crianças?
- É realmente necessário vacinar as crianças?
- A vacina é segura para os menores?
- Quais os possíveis efeitos colaterais da vacina?
- O alastramento da ômicron representa um perigo para as crianças?
- Existe alguma restrição para crianças alérgicas?
- Crianças que já tiveram Covid precisam se vacinar?
- A vacina contra a Covid-19 pode ser aplicada junto a outros imunizantes do calendário infantil?
- Haverá necessidade de terceira dose, assim como vem ocorrendo com os adultos?
- A vacina gera 100% de imunidade?
- O que diria aos pais que estão com receio de vacinar seus filhos?
1. Qual a diferença entre a vacina contra a Covid-19 para adultos e crianças?
Castanhel: A concentração. A vacina da Pfizer, que é a que foi liberada primeiro para as crianças, tem uma concentração menor. A Coronavac, recentemente aprovada, também terá uma concentração um pouco menor. A tecnologia e a forma de fabricar são iguais, só muda a dosagem.
2. É realmente necessário vacinar as crianças?
Sim. A vacinação em crianças é necessária porque é o grupo que está “descoberto” hoje. Crianças têm menos doenças graves, morrem menos, têm menos internações, mas não estão livres. Obviamente é uma faixa etária em que há menos hospitalizações por conta do vírus. No entanto, não significa que não vai acontecer.
3. A vacina é segura para os menores?
Não existe vacina 100% segura. Podem ocorrer eventos adversos leves, moderados e os mais graves. Se fazer uma comparação de quem teve Covid e apresentou eventos adversos graves por conta da doença e uma vacinação, o coronavírus tem 250 mais chances de gerar eventos adversos graves.
Existem os efeitos da vacinação, as reações vacinais, mas os eventos graves são muito raros. Quando você aplica uma quantidade de vacina muito grande (como os Estados Unidos, por exemplo, que já aplicou cerca de 5 milhões de doses pediátricas), uma porcentagem terá ocorrências graves. Será aquela população mais suscetível, crianças com problemas crônicos.
4. Quais os possíveis efeitos colaterais da vacina?
Basicamente os mesmos gerados nos adultos. Dor no local da aplicação, febre baixa, moleza, dor no corpo, sensação de cansaço. São eventos relacionados a própria vacinação. Alguns acreditam que terão os sintomas da doença, como se fosse o vírus, mas não. Não causa uma infecção. A vacina ensina o sistema imunológico a trabalhar. São sintomas de reação vacinal como acontecem com outros imunizantes também.
- Telegram: Receba notícias no Canal de A Gazeta.
5. O alastramento da ômicron representa um perigo para as crianças?
A princípio, essa é a única população que ainda está desprotegida. Evidentemente, se o vírus está circulando tanto e o contágio é maior que as outras cepas, mais pessoas terão Covid. Se há faixa etária descoberta, vão começar a surgir maiores complicações neste público.
6. Existe alguma restrição para crianças alérgicas?
A vacinação da Covid é diferente da gripe. A forma como é feito o imunizante não tem restrição de alergia. Mesmo assim, para a população especial, que tem problema cardíaco ou pulmonar, uma consulta pediátrica sobre o processo vacinal é interessante.
7. Crianças que já tiveram Covid precisam se vacinar?
Sim. É o mesmo procedimento dos adultos, desde que haja uma espera de quatro semanas entre o diagnóstico da Covid e a vacinação.
8. A vacina contra a Covid-19 pode ser aplicada junto a outros imunizantes do calendário infantil?
Precisa de um intervalo, dependendo da vacinação e da idade. A população maior não terá problema com outros imunizantes. Os mais jovens, abaixo de 12 anos, devem dar um intervalo de duas semanas.
9. Haverá necessidade de terceira dose, assim como vem ocorrendo com os adultos?
Depende muito dos estudos que estão acontecendo. Claro, não queríamos trabalhar com uma vacina tão emergencial. Seria importante ter mais estudos, mais dados para repassar à população. Porém, precisamos entender que estamos num momento de emergência. Só vamos saber a necessidade da terceira dose com o tempo. Por enquanto são duas.
10. A vacina gera 100% de imunidade?
A nossa linguagem sempre foi muito clara. Não é para não pegar, até porque convivemos com inúmeros vírus há muitos anos. Algumas pessoas vão contrair a Covid, contudo, a maioria não irá evoluir para uma UTI, com oxigenação e internação prolongada. As pessoas têm que entender que a Covid não acaba quando termina a doença. Temos muitas síndromes e complicações tardias. E a vacina veio para amenizar todo esse processo.
- YouTube: Inscreva-se para assistir as matérias de A Gazeta.
11. O que diria aos pais que estão com receio de vacinar seus filhos?
De todas as vacinas que temos disponíveis hoje, nenhuma dessas doenças mata tanto como a Covid. Se os pais têm segurança para vacinar contra o sarampo, meningite, pneumonia, isto é, todas as outras doses disponíveis no calendário vacinal – e essas vacinas são seguras e estão há anos no mercado, por que não vacinar com o que mais está matando essa faixa etária?
Tem que vacinar com toda a segurança que temos nesse momento. Óbvio, gostaríamos de ter uma vacina estudada há mais tempo, mas é uma emergência. Uma forma de nos proteger e a população precisa de cobertura, senão vai sofrer bastante.
Quem ainda têm dúvidas, deve falar com o médico pediátrico, que acompanha a criança. O ideal é procurar informações precisas, não informações em redes sociais, onde cada um tem a sua opinião pessoal e que não pode valer para o coletivo.
Confira mais notícias sobre vacinação e a pandemia no jornal impresso. Assine A Gazeta agora mesmo pelo WhatsApp (47) 99727-0414. Custa menos que um cafezinho por dia! ☕
