Eram cerca de 8 horas de sábado quando o telefone celular do professor aposentado Mário Cristofolini tocou, acordando-o. Ao atender a ligação, o senhor de 86 anos ouviu vários gritos e o seguinte pedido: “Pai, me acuda, me tira daqui”. Como tem um filho – João – que mora em Belo Horizonte, logo caiu em desespero. “Foi horrível, eu me apavorei”, resume ele, contando que, coincidentemente, o DDD era 31, de Minas Gerais. “Aquilo me estragou o dia. Eles (os bandidos) fazem um teatro muito bem feito”, conta.
Segundo Mário, a ligação estava ruim – tanto que nem sequer conseguiu ouvir qualquer pedido de pagamento de resgate do suposto sequestro. O aposentado então resolveu levar o telefone para o filho Maurício, que tem uma loja e uma oficina de motos ao lado, no bairro Progresso. Devido às características da conversa, Maurício logo percebeu que tratava-se de um golpe. Após falar “poucas e boas” para o golpista do outro lado da linha, Maurício ligou para o irmão em Minas, confirmando que ele estava bem e que nada havia acontecido.
Redes sociais
Atila, por fim, destaca que as pessoas devem tomar cuidado com a exposição de dados pessoais e familiares na internet. “As redes sociais facilitam a vida dos marginais”, revela. Os golpistas, alerta ele, podem articular suas ações se souberem detalhes das potenciais vítimas, como local de trabalho, itinerário e rotina, veículo, entre outros.
Investigação
Se, por acaso, a vítima efetuar algum pagamento, o caso passa para a Polícia Civil, que fica responsável pelo trabalho de investigação.
Orientações
O major Atila Royer, da seção de Relações Públicas do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de São Bento do Sul, diz que o número de golpes do falso sequestro é menor atualmente se comparado há cinco anos. Normalmente os golpistas ligam aleatoriamente, muitas vezes de dentro de presídios, fazendo encenações e solicitando valores que variam de R$ 1 a R$ 10 mil. O major pede que, por mais difícil que seja no momento da ligação, a pessoa mantenha a calma e, de alguma forma, faça com que o caso chegue às autoridades policiais o mais rápido possível.
Também é importante, lembra Atila, tentar extrair mais informações dos golpistas, as quais podem ajudar o trabalho policial. “Se possível, a pessoa deve prolongar a conversa”, diz. “Geralmente são ligações de outros estados”, acrescenta. O major da Polícia Militar registra que familiares devem orientar quem é mais vulnerável a esse tipo de golpe, pessoas de idade, por exemplo. Atila comenta que existem diferentes tipos de golpistas, como os que se passam por policiais ou bombeiros, ou mesmo por funcionários de bancos e empresas de telefonia, entre outros.