Informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde mostram que 3.403 pessoas morreram vítimas de suicídio em Santa Catarina nos últimos cinco anos – a maioria era formada por homens entre 40 e 49 anos. Neste mesmo período, entre 2010 e 2015, também foram registradas 10.771 tentativas de suicídio, a maioria de mulheres entre 20 a 29 anos. As notificações revelam que os meios mais utilizados pelos homens foram armas de fogo, enquanto a maioria das mulheres optou pela ingestão de medicamentos.
Para mobilizar os profissionais de saúde e discutir estratégias para enfrentamento deste problema de saúde pública de Santa Catarina, a Vigilância Epidemiológica reuniu especialistas de diferentes áreas no 1º Fórum de Prevenção ao Suicídio: Valorização da Vida, realizado em Florianópolis. “Precisamos falar mais sobre esse tema e trabalhar na perspectiva de rede, mobilizando as instituições governamentais e não-governamentais para desenvolvermos ações mais concretas com relação à prevenção ao suicídio”, disse Gladis Helena da Silva, gerente de Vigilância de Agravos da Vigilância Epidemiológica.
Adolescentes
Outro dado que preocupa os profissionais de saúde é a quantidade de notificações de casos entre adolescentes, de 10 a 14 anos. Entre 2010 e 2015, 140 meninos e 404 meninas tentaram o suicídio. Desses, 23 foram a óbito. “O adolescente é impulsivo por si só e costuma dar avisos. Ele fala, avisa, posta nas redes sociais, se mutila. Mas, muitas vezes, não é valorizado. A família trata como se ele só quisesse chamar a atenção”, alertou a médica Deisy Mendes Porto, da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), uma das palestrantes do Fórum.
Segundo ela, 90% das pessoas que tentam suicídio têm algum transtorno mental e os sinais costumam ser variados, desde um pedido expresso de ajuda, até tristeza, mudanças de comportamento e de desempenho, irritabilidade e descaso nos cuidados pessoais. “Já a criança não ficará triste ou chorosa. Ela para de gritar, não apresenta resposta, e, por vezes, começa a dizer que é um peso, que só atrapalha e a se questionar como seria se ela morresse, por exemplo”, explica.
90% podem ser salvas
O médico Mário João Bisi, também da ACP, reforçou: “90% das pessoas que pensam em se suicidar podem ser salvas”. A maior parte dos seus pacientes que tentaram se suicidar revelou que não desejam tirar a própria vida, mas terminar com o sofrimento. “Tudo o que elas querem é conversar com alguém”, frisa.
Um importante aliado nesse sentido tem sido o Centro de Valorização da Vida, que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone, e-mail ou chat através do site da instituição.