Bastou um dia para que a repercussão da matéria sobre o sonho de Juquinha gerasse a concretização do antigo desejo. Na terça-feira mesmo, um cidadão se prontificou a fazer o que ele mesmo chamou de “boa ação”.
José de Almeida, hoje com 64 anos, relatou para A Gazeta sua vontade de ter uma gaita para poder continuar animando eventos da terceira idade, rodas de amigos e até as festas promovidas pelo Cras de Serra Alta. Ele trabalha como jardineiro e não tem condições de comprar um instrumento por conta do alto valor.
Ficou sem palavras
O jardineiro ficou emocionado com o presente e disse que vai cuidar e fazer com que a gaita seja utilizada para o bem, para a alegria das pessoas que gostam de música caipira e gaúcha. “Nem sei o que dizer. Não imaginava que ganharia um presente de tamanho valor. O senhor é muito bom. Muito obrigado”, disse José de Almeida. Ao lado da esposa, dona Lucila, seu Bibi ouviu atentamente algumas canções como Rosa Branca e Xote Laranjeira. “Vamos convidar ele para animar as festas da comunidade promovidas pelo Cras”, disse Cleide Pereira. Num exemplo de desapego e humildade, seu Bibi diz que muitas pessoas guardam instrumentos até que fiquem velhos, mas que devem começar a repensar a situação. “Quando li A Gazeta hoje (terça-feira), pensei comigo: ta aí uma oportunidade de fazer uma boa ação. E fiz. Sei que esta gaita ainda vai alegrar muitos ambientes”, encerrou.
Ainda na parte da manhã de terça-feira, a assistente social Cleide Pereira recebeu o telefonema da residência da família Hruschka. Era o patriarca, seu Bibi, como é carinhosamente conhecido, se prontificando a doar uma verdadeira relíquia. “O instrumentos estava aí parado há cerca de 30 anos e não é justo deixá-lo abandonado enquanto alguém pode animar festas especialmente para a terceira idade com ele”, disse Alcides Hruschka.
Com um tom de emoção nas palavras, seu Bibi disse que comprou a gaita, uma relíquia da marca Universal com 120 baixos, quando tinha apenas 15 anos. “Custou cinquenta cruzeiros, foi duro pagar por ela, mas era meu sonho”, conta. Caminhoneiro, Alcides fazia questão de levar a gaita em todas as suas viagens; era costume, quando das paradas nos finais de tarde, enquanto cozinhava uma refeição, tirar alguns acordes. “Foi uma companheira e tanto. Se ela falasse, teria muitas histórias para contar, até de bailes que tocou e de momentos alegres que nos proporcionou”, segue.
Hoje, aos 80 anos, seu Bibi ainda é apaixonado pela boa música executada com a gaita, tanto que, ao receber Juquinha em sua casa, fez questão de ouvir algumas modas tocadas pelo jardineiro. “Ele é bom… sabe tocar. Espero que faça bom uso, mas espero também que não se desfaça do instrumento, tem um valor sentimental muito alto, e estou doando por saber que ela pode animar muitas pessoas ainda”, diz o doador.