Levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou que Santa Catarina foi responsável pela contratação de 18,9 mil trabalhadores estrangeiros em 2024, o maior volume do país em números absolutos. A maioria dos trabalhadores têm origem na Venezuela, Cuba e Haiti, sendo que entre estes, os venezuelanos lideram a participação entre os estrangeiros contratados, representando 74,7% do saldo das contratações, com 14.135 novos funcionários empregados entre janeiro e dezembro de 2024.
Os irmãos venezuelanos Eukaris Torres Moreno e Gerardo Torres Moreno fazem parte desta estatística. Ambos estão trabalhando na empresa Magna Compósitos, no bairro São Rafael, em Rio Negrinho. Ela – que antes chegou a morar em Joinville – está na cidade há pouco mais de dois meses, enquanto ele optou por seguir os passos da irmã há um mês. “Estou no Brasil há oito anos”, diz ela. Após sair da Venezuela, Eukaris chegou a morar no Peru por um período, antes de vir para Santa Catarina e se instalar em Joinville, onde conseguiu o primeiro emprego no país.
A empresa onde Eukaris trabalhava inicialmente foi adquirida pela Magna Compósitos, que tem também unidade em Joinville. Foi onde surgiu, através de uma conversa, a possibilidade de se mudar para Rio Negrinho. “Um supervisor falou para mim da oportunidade aqui, na Magna”, conta ela, que diz já ter se adaptado muito bem a cidade. “É muito melhor que Joinville, é muito tranquilo”, diz. “Aqui é mais sossegado, mais bonito, melhor para mim”, elogia a venezuelana, que diz preferir a rotina local à vivida na maior cidade do Estado.
Adaptação
Com relação ao idioma, Eukaris brinca que seu irmão conseguiu se adaptar rapidamente ao Português, enquanto ela ainda encontra dificuldades em algumas palavras. “Meu irmão aprendeu em três meses, ele aprendeu a falar em três meses, ele é muito inteligente, eu não”, diz. Apesar da adaptação, Eukaris conta que tem planos futuros de ir para a Austrália. “Acho que fico mais uns cinco anos”, projeta ela, relatando que a curto prazo pretende trazer sua mãe – com quem conversa diariamente pelas redes sociais – para morar em Rio Negrinho.
“Minha mãe está lá ainda (na Venezuela) e mandamos dinheiro sempre que podemos”, conta. “Quando eu mando (dinheiro) é para eles comprarem o que precisam, como alimentos”, reforça, citando que acompanha a situação da família no país vizinho, que passa por grave crise socioeconômica e política. Eukaris afirma que, para trazer a mãe, terá que juntar cerca de US$ 700, ou seja, em torno de R$ 4,1 mil. “A ideia é que ela venha de ônibus da Venezuela até a fronteira e de Boa Vista ou Manaus, de avião até Curitiba”, projeta.
Irmão quer trazer esposa
Gerardo destaca o clima como um dos pontos positivos do município, o que o faz pensar em firmar estadia em Rio Negrinho. “Aqui é mais fresco, muito mais do que em Joinville onde faz muito calor. Aqui também é muito tranquilo, silencioso, e as pessoas são amáveis”, diz ele, sobre a receptividades que teve no município desde sua chegada. Ele também elogia o regime de trabalho. “É tranquilo, em Joinville era mais acelerado”, cita ele, que chegou a trabalhar por um período no turno da noite na multinacional Whirlpool.
“Agora em abril minha esposa vai vir para cá, ela vai ficar aqui comigo um período. Vamos ver se ela gosta, se vai acostumar. Não são todas as pessoas que se acostumam, que se adaptam”, comenta ele, sobre a vinda da esposa.
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