No dia 4 de setembro, na cidade de Goioerê/PR, nascia Nelcinda de Oliveira. Passaram-se 100 anos, e muitas histórias vividas por ela jamais serão contadas. Não pela falta de apetite para conversar, mas pela memória, que já não é a mesma, deixando alguns fatos se perderem pelos anos de vida. Mas o capítulo mais recente remonta o sentimento de amor e acolhida que o ser humano tanto busca no seio familiar.
Nelcinda se casou bem jovem e permaneceu na sua cidade, onde constituiu família. Viveu na roça com esposo e filhos por longos anos, até o falecimento do amado, quando decidiu permanecer no interior com o último filho vivo. Sem precisar o número de filhos que Deus lhe confiou, ela diz apenas ter ficado no convívio do último em uma chácara, onde o mesmo cuidava de açudes e outros afazeres da lida campeira. Quando este veio a falecer, a mãe, já com idade avançada, ficou completamente sozinha por 4 meses.
Uma vizinha e a dona da chácara onde a anciã morava resolveram enviar uma carta à rádio mais próxima, na tentativa de encontrar algum parente. A emissora divulgou, e as notícias foram correndo. Nelcinda tinha ainda 3 irmãos, os quais deste modo foram encontrados. Um sobrinho se prontificou a buscá-la para morar em São Bento, onde um dos irmãos reside e a acolheu há oito anos com a alegria de quem não se via há 50 anos. Ela conta que, ao reencontrar os irmãos, a alegria foi grande demais para sua estrutura emocional, mas seguiu firme e encontrou um novo lar.
Família reunida
Um dos irmãos de Nelcinda continua a acolhendo em sua casa, onde conta com atenção da esposa e dos filhos, os quais cuidam e zelam por ela. “Fomos visitar a família e ficamos emocionadas com tanto amor e carinho que ela recebe. Realmente ela comemorou 100 anos com muitas razões para sorrir e seguir conforme os desígnios de Deus”, disse Judite Morini, da Secretaria de Assistência Social, que está acompanhando a história mais de perto. “Ela diz que os sobrinhos parecem que são seus filhos, de tanto cuidado que têm com ela, principalmente quando fica doente. Até no hospital se revezam. Com certeza ela é uma pessoa abençoada por ter encontrado esse irmão e essa família iluminada”, completa.
Na quinta-feira, dona Nelcinda não apenas recebeu os agradecimentos dos amigos por ainda participar dos grupos da terceira idade, como foi homenageada pelo exemplo de vida que é.