A placa situada no posto da Polícia Militar Rodoviária, em Campo Alegre, indicava nesta terça-feira (28) que a rodovia SC-418 estava há 106 dias sem acidentes com mortes em seu percurso. No mês de conscientização sobre os acidentes de trânsito, a PMRv tem intensificado suas ações para coibir infrações e preservar a vida dos usuários da rodovia.
Conforme o sargento Gustavo José Holtz, a campanha do Maio Amarelo vem justamente para alertar sobre os perigos do trânsito. “O Maio Amarelo é uma ação global que visa chamar a atenção da sociedade sobre as mortes no trânsito e acidentes violentos. Neste ano, o Maio Amarelo veio com o tema ‘A paz no trânsito começa por você’, uma chamada mundial justamente para minimizar os acidentes”, explica.
A ideia das ações é chamar a atenção dos usuários da via para que haja maior conscientização. “Temos nas estatísticas a colisão com um ou mais veículos, onde a principal causa é a falha humana. As principais causas são o excesso de velocidade e infrações relacionadas à falta de atenção e ao não respeito das normas de trânsito”, frisou.
Passados pouco mais de três meses após o último acidente com morte na rodovia, o número estampado na placa ao lado do posto policial reflete a importância dessas ações junto aos motoristas. “No Maio Amarelo, a PMRv está atuando em duas frentes. Uma frente na educação para o trânsito, que é aquela abordagem ao cidadão através de palestras ou barreiras educativas, e a fiscalização das principais infrações nos pontos críticos, como excesso de velocidade, embriaguez ao volante e ultrapassagem em local proibido. Com certeza, isso está auxiliando muito nesse tempo todo sem mortes. Em comparação a maio do ano passado, tivemos dois acidentes fatais. Neste ano, estamos passando maio sem nenhum”, finalizou o sargento.
10 anos de uma dor sem fim
O dia 6 de setembro de 2014 ficará para sempre marcado na vida de Vanderlei de Souza. Ele foi o único sobrevivente do acidente entre uma BMW 328i e uma Ipanema no trecho conhecido como 27 curvas. A tragédia em questão vitimou seis pessoas que seguiam na Ipanema, inclusive a mãe de Vanderlei. Testemunhas afirmaram que o condutor da BMW estava embriagado.
Daquele fatídico dia, Vanderlei, hoje com 26 anos, diz não lembrar de muita coisa. “Não lembro de nada, só sei que acordei depois de uns 20 dias no hospital, não sabia nem o que estava fazendo lá. Os médicos falaram para minha irmã que não era para contar que minha mãe e meus amigos tinham falecido. Passei por cirurgias, fiquei internado 10 dias em coma induzido”, disse.
Na época do acidente, ele tinha 16 anos e conta que voltava com a mãe e os amigos da família de um aniversário. “Estávamos festejando na casa, me lembro um pouco dali, e chamaram-nos para ir no Lençol, onde a maioria dos parentes deles moravam. A gente estava errado nessa parte, em mais pessoas no carro, mas foi feito todo tipo de exame no nosso motorista e não tinha nada de alcoolismo”, ressalta.
Recuperação
No retorno das festividades foi que tudo aconteceu, e Vanderlei só sobreviveu à colisão frontal porque estava no porta-malas da Ipanema. “Graças a Deus que desmaiei na hora, para não ter visto aquela cena. Depois de 20 dias, acordei e perguntei pela minha mãe. Passei por cirurgias e, quando fui receber alta, contaram-me que minha mãe e meus amigos tinham falecido. Quando já estava em casa, pedi para me levarem onde eles estavam velados, foi quando tive a certeza ao ver a pedra com o nome deles escrito”, lembra.
Naquele acidente, morreram Wagner Felipe dos Santos (20 anos), Adriana Linzmeyer (18), Nelson Nascimento (30), Rosalindo Fragoso (33), Elair dos Santos (52) e a pequena Maria Eduarda Linzmeyer, de apenas um ano de idade. “Eram todos vizinhos de frente, crescemos nos matos, criados todos juntos. Era tudo um perto do outro, tudo família. É um peso grande que tenho que carregar pelo resto da vida. Enfrentar isso é complicado, a gente sabe que vai perder a mãe, mas não numa tragédia dessas e por falta de responsabilidade”, lamentou Vanderlei.
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