Quarta-feira, 9 de abril de 2025

Grupo de voluntários se desloca até Canoas para auxiliar no resgate de animais

Grupo concentrou esforços principalmente no auxílio à causa animal

• Atualizado 6 dias atrás.

Com a intenção de aliviar o sofrimento dos animais afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, oferecendo-lhes assistência, acolhimento e mais qualidade de vida, um grupo de voluntários da região se deslocou até Canoas. Eles permaneceram no município gaúcho durante quatro dias e, neste período, presenciaram momentos intensos, imagens chocantes e compreenderam a verdadeira dimensão da tragédia.

A equipe era composta por 13 voluntários da região, sendo cinco veterinários: Ketlyn Eckel, Patrick Frankenberger, Caroline Stuy, Alessandra Silveira e Bianca Trentini. Além da mão de obra, eles levaram mais de sete toneladas de ração, vacinas antirrábicas, camas e cerca de R$ 40 mil em insumos de uso veterinário.

Assim que chegaram no Rio Grande, no dia 16 de maio, o grupo se dirigiu até o bairro Matias Velho, um dos mais populosos e também mais afetado pelas águas. A ideia inicial era atuar dentro de um abrigo, que já contava com mais de 3 mil animais, todos em situação precária. “Eles estavam sem água, ao relento, passando frio. Tinha comida, mas estava encharcada pela chuva e ainda não podiam tomar água potável, não sei por qual motivo. Era bem traumatizante”, relata Ketlyn.

Apesar dos problemas evidentes, eles perceberam que haviam muitos voluntários disponíveis no local, e por isso decidiram seguir para a linha de frente. Isto é, a região em que os barcos ingressavam na água. O objetivo, neste caso, era fazer a triagem dos bichinhos e posteriormente o encaminhamento para um local adequado. “Montamos um protocolo. Todos os animais que chegavam eram medicados com antibiótico, anti-inflamatório, probióticos e vermífugos”, revela.

O trabalho, segundo a são-bentense, foi bem angustiante, principalmente por estarem fora da “zona” de atuação. “Muita gente achava que era só resgatar que tudo ficaria bem, só que não é assim. A partir do resgate precisa ser feito o manejo e o tratamento”, explica, lembrando que em vários momentos chegaram a se questionar sobre a presença deles no local. “Tentávamos ajudar, mas tinha empecilhos de todos os lados”, cita.

Em quatro dias, os voluntários conseguiram atender mais de 1 mil animais, desde cachorros, gatos, periquitos, calopsitas, patos, inclusive alguns retornaram com eles para São Bento. Todos, sem exceção, estavam muito debilitados. Além disso, os voluntários contribuíram com resgates na água, embora não tenha sido o foco da missão. “Sem um grupo unido, não teria sido tão eficiente como foi”, exalta.

Na água
Assim como Ketlyn, Patrick também viveu uma experiência intensa na água. Muitas residências e prédios continuavam submersos, e ainda havia muitas vidas a serem salvas.

Ele conta que os instrutores anotavam os endereços e organizavam a “missão”. No dia em que participou dos resgates, o veterinário teve a oportunidade de salvar 12 animais, porém, junto à sensação de alívio, veio o medo, pois muitas áreas estavam tomadas por facções.

Os civis precisavam portar armas devido às ameaças e ataques aos barcos. Segundo relatos, os criminosos chegavam a atirar quando as embarcações se aproximavam de seus territórios. “Nem fomos com o propósito de entrar na água. E por conta da insegurança, entendemos que o nosso trabalho seria mais eficiente do lado de fora”, explica.

Patrick também se deparou com pontos com cheiro extremamente forte; alguns locais exalavam o cheiro de água suja, enquanto outros emanavam o odor de cadáveres de animais e humanos em decomposição. Além disso, encontraram casas com vazamentos de gás, o que aumentava ainda mais o risco das operações de salvamento.

Misto de sentimentos
Os veterinários voltaram para casa na segunda-feira com um misto de sentimentos. Aqui, eles possuem casa, família, amigos, trabalho, ou seja, nada mudou. E esse contraste com a situação enfrentada pelo Rio Grande do Sul causou neles uma sensação de culpa por retomarem a rotina enquanto muitas pessoas sofrem as consequências da tragédia.

Enquanto estavam lá, havia uma adrenalina constante, o que impedia que a comoção tomasse conta, pois o trabalho era constante. “E agora a gente se sente um pouco frustrados por estar longe e não poder ajudar mais”, considera Ketlyn.

Ela admite que sente vontade de estar mais presente, no entanto, considera a experiência exaustiva psicologicamente para todos os envolvidos. “Fizemos tudo o que o nosso coração mandou. Se fosse pelo certo, muita coisa não poderia ser feita”, comenta, referindo-se as regras impostas no local por organizações protetoras, órgãos de segurança e cidadãos comuns.

Para Patrick, todas as vidas são válidas e o esforço para salvar cada uma delas foi crucial. “Os problemas que enfrentamos não envolveram os animais. Todos estavam ligados aos seres humanos”, lamenta.


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