Como todo ano eleitoral, a economia passa por instabilidades, e isso reflete diretamente no desempenho de empreendimentos que buscam avançar no mercado nacional e internacional. Mas, para alguns empresários, 2014 está sendo um ano complicado por conta do processo eleitoral nacional, que deixa algumas sequelas, as quais devem trazer novas preocupações.
Liderando um dos mais importantes segmentos industriais da região e do Estado, o empresário Frank Bollmann se diz preocupado com o futuro do País após as eleições deste ano. Para ele, a situação do mercado de trabalho deve ser analisada com cautela, especialmente pelas previsões de instabilidade ainda maior para 2015.
Ao analisar o pleito eleitoral de 2014, o empresário lamenta o tom adotado na campanha dizendo que foram propostas enganosas feitas na tentativa de ludibriar o povo apenas para conquistar o poder de governar a Nação. Bollmann ainda destaca a importância de um trabalho mais enfático por parte do governo catarinense para que seja voltado aos interesses coletivos, garantindo o crescimento ordenado do Estado com incentivos gerados de riquezas econômicas.
Bollmann concedeu entrevista para A Gazeta e confidenciou ao jornal que, se fosse duas décadas mais jovem, levaria todo o empreendimento instalado na cidade para um país que trabalhe com mais transparência e seriedade. Mesmo assim, defende a importância de todos os setores que contam com pessoas sérias e bem-intencionadas no comando seguirem trabalhando para construção de uma cidade, Estado e País melhor.
AG: O ano eleitoral tem sido difícil?
Frank: Como todo ano de eleição, para nós, que temos interesse em melhorias para a cidade, Estado e País, é sempre um ano difícil.
AG: Não estaria na hora de mudar o sistema?
Frank: Sim! Defendo a ideia de uma eleição unificada. Estaríamos elegendo todos os representantes em âmbito municipal, estadual e federal. Assim evitaríamos parar a Nação a cada dois anos e diminuiríamos os gastos com campanha eleitoral. Eleições a cada dois anos custa muito caro ao Brasil.
AG: Para a região, o resultado no Estado foi positivo?
Frank: Penso que sim. São Bento conseguiu eleger, mais uma vez, um deputado, que é uma pessoa séria e comprometida com a comunidade. É isso que precisamos verificar quando se trata de eleição estadual. Elegermos pessoas que estejam mais próximas e com as quais possamos contar no dia a dia para defender os interesses coletivos.
AG: Mas a distribuição de votos é grande. Temos até empresários que patrocinam gente que nunca aparece na cidade.
Frank: Muito se fala do voto distrital, mas é uma coisa muito complexa. Mesmo assim, aos poucos, temos que seguir pensando nisso. Por enquanto ainda temos que conviver com a realidade de toda eleição os paraquedistas levarem voto da cidade.
AG: Qual a expectativa do senhor sobre as reformas no País?
Frank: O que mais mexe com pessoas trabalhadoras e sérias é o péssimo exemplo que esse governo tem dado à Nação. Temos assistido à Operação Lava Jato, que está desmascarando algumas questões. Pessoas que roubam, tiram recursos do povo brasileiro, e o dinheiro vai para nas mãos de gente do PT. É chegada a hora de disciplinar o Brasil e colocar essa gente que rouba na cadeia.
AG: Sem reforma tributária, a situação não melhora.
Frank: Precisamos de reformas. É muito difícil para nós, empresários, continuarmos seguindo o desenvolvimento com uma carga tributária exagerada como a que temos no Brasil. Sinceramente, se eu fosse uns 20 anos mais moço, levaria o empreendimento todo para um país mais sério. Trabalho com 2.500 funcionários e sinto a dificuldade de manter tudo em dia com tantos impostos.
AG: Mas o povo acaba não sabendo de tudo.
Frank: Infelizmente não. O que assistimos na última campanha eleitoral foi uma situação de enganação especialmente contra os irmãos mais pobres, aqueles com menos oportunidades de acesso à cultura. Muitas dessas pessoas concluem que não precisam mais trabalhar, afinal, são usadas nas campanhas em troca de benefícios.
AG: Qual a alternativa?
Frank: Temos que ensinar o cidadão a buscar a sobrevivência com dignidade, profissionalizar-se, dando a ele oportunidade de estudar. Esse povo que aí está no governo trabalhou para enganar o povo pelo voto e vai permanecer mais quatro anos no governo. Não quero criticar o Norte, mas o Sul perdeu de novo e terá que esperar mais quatro anos para mudar. Mas temos que obedecer a democracia, é assim mesmo.
AG: Qual é o reflexo disso?
Frank: Teremos que ser cuidadosos com as empresas, manter o emprego. Há muito tempo, não tínhamos notícias de desemprego, mas, passadas as eleições, a situação começou a mudar. Sou um sujeito otimista, mas em 2015 as coisas devem ser difíceis, inclusive com o aumento da inflação, que vai impactar direto a vida de todo povo brasileiro.
AG: O que o senhor espera do governo estadual?
Frank: Penso que o segundo governo será melhor que o primeiro. Sabemos que no primeiro mandato existe sempre as situações para arrumar. Estou confiante que o Raimundo Colombo vai fazer um bom trabalho pelo Estado.
AG: E como anda o governo municipal na sua opinião?
Frank: Olha, eu prefiro não fazer uma análise mais profunda. Mas já fui prefeito e sei como é se tornar vitrine. Sei que o Fernando Tureck está tentando realizar um bom trabalho, no entanto ainda não assimilou bem. Embora os recursos estejam escassos, ele tem se esforçado e pode fazer um bom trabalho pela cidade. Nós temos que torcer para que isso aconteça em benefício do município, ninguém em sã consciência deseja que sua cidade seja prejudicada. Penso que ele está no caminho.
AG: Com relação ao Grupo Tuper e à produção de energia, o que o senhor pode dizer?
Frank: Olha, é um capítulo tão complexo que fica difícil falar de maneira sucinta. Estamos trabalhando para buscar liberações ambientais há mais de seis anos, mas os órgãos estaduais e federais são inoperantes. Teremos racionamento de energia, está claro que vai acontecer. Mas não vamos desistir de continuar viabilizando as hidrelétricas na cidade.