São Bento do Sul carrega a fama da cidade dos móveis, do folclore, mas principalmente, da música. E não é por menos, afinal, no município há um dos principais institutos musicais do estado, a prestigiada Escola de Música Donaldo Ritzmann. Fundada em 31 de março de 1954, no domingo, a instituição celebrou 70 anos de história. E haja história. Entre os corredores, há lembranças e momentos eternizados na vida de muitos que frequentaram o local, assim como a Leones Malewschik Rudnick (foto abaixo), uma das primeiras alunas da escola de música. Mas, além de frequentar a sala de aula, ela carrega uma ligação familiar. Era afilhada do próprio Donaldo Ritzmann. “Devo quase tudo do que sou e me tornei na música a meu querido padrinho”, menciona.
Leones deu os primeiros passos no mundo da música tocando piano, no então Colégio São José (hoje Bom Jesus). Somente quando a escola de música estava no seu segundo ano de existência, que foi matriculada no instituto do padrinho, o qual ficava localizado numa singela casa de alvenaria. Além dela, todos os seis irmãos estudaram no local. Depois, sob os olhares minuciosos de Donaldo, que sempre percebeu o talento da afilhada, ela foi promovida a professora de iniciação musical, teoria e piano. Mais tarde, por sugestão do próprio fundador, ela foi a maestrina do primeiro Coral Infantil, com cerca de 40 crianças. “A escola era o meu segundo lar, tudo o que fazia era com muito amor”, menciona.
Durante 40 anos Leonés participou da Orquestra Juvenil, no início tocando percussão e depois, pianista. “O que mais admirava na pessoa do Donaldo era o valor que dava aos músicos de nossa cidade”, recorda. Aliás, tudo que Leones aprendeu, ela conseguiu levar para fora das paredes da escola, criando o seu próprio conjunto musical, o Grupo Coral e Musical Edelweiss, que permanece entre os mais tradicionais do município até os dias atuais. “Essa convivência com o meu padrinho e o seu exemplo de superação e esforço foram para mim um grande incentivo que tento seguir até hoje da melhor forma possível”, orgulha-se.
Talentos revelados
O número de alunos que passaram pela escola, quase ninguém sabe responder, mas com certeza, são mais de 10 mil. E para aqueles que conheceram o próprio Donaldo Ritzmann, sabem do orgulho que ele sentia quando viam os alunos do instituto tornando-se professores. Hoje, Leila Minicovski é professora de teclado, piano e teoria musical, mas no passado, era ela quem estava na sala como aluna. Ela começou na escola quando tinha 13 anos, aprendendo piano com a professora Córdula Maria do Valle.
Três anos depois, quando tinha apenas 16 anos, ela assumiu a responsabilidade de formar novos músicos, função esta, que carrega há 33 anos. Atualmente, Leila é a professora que está há mais tempo na Escola de Música Donaldo Ritzmann. Aliás, durante sua trajetória, ela também foi a responsável por ensinar outros professores que estão na instituição. “Eu gosto do que faço. Não é somente ensinar música, como passo conhecimento para eles, também aprendo, é uma troca de conhecimento e uma amizade que fica”, menciona.
Uma das suas alunas, a pequena Marina Schell, de apenas 9 anos, menciona que a professora é “exigente”, porém possui um método de ensino carinhoso, o que facilita na hora da aprendizagem. “Ela é exigente, mas não de um jeito ruim, quando aprendo é rápido e fácil”, admite.
Celeiro musical
Além da Leila, a escola possui mais 25 professores, proporcionando uma variedade de cursos que incluem violoncelo, bateria, trombone, técnica vocal, entre outros. Conforme o coordenador e professor, Abel Hack (foto abaixo), a importância da escola se deve ao comprometimento dos professores com seus alunos. Além disso, ele destaca que mesmo sendo comum, hoje em dia, crianças e jovens aprenderem a tocar instrumentos no mundo da internet, essa não é uma barreira encontrada na escola. Somente na lista de espera, existem mais de 800 pessoas que desejam iniciar presencialmente na Escola de Música Donaldo Ritzmann. “Daria para formar mais uma escola, com mais professores e ainda ficaria gente de fora, para você ver o tamanho da procura pelo ensino da música”, orgulha-se.
Porém, para continuar sendo uma referência no cenário musical, mudanças foram ocorrendo, adaptando-se, para estar entre as melhores de Santa Catarina. Um exemplo disso foi a reforma realizada no ano passado, que teve como objetivo proporcionar melhores condições tanto para os alunos quanto para os professores. “O espaço está bem melhor, aumentaram o número de salas e a acústica dos ensaios no auditório também melhorou”, acrescenta Abel. Ao longo dos 70 anos, a escola permanece com sua tradição de excelência, além de ser um lar acolhedor para os novos músicos, incentivando a paixão pela música por várias gerações futuras.
70 anos
Nos próximos meses haverá uma programação especial para marcar os 70 anos da escola. A primeira será a homenagem, no dia 4 de abril, às 19 horas, na Câmara dos Vereadores. A solenidade será marcada por apresentações musicais, homenagens e contará com a presença de autoridades, professores e alunos da escola. Já no dia 7 de julho acontecerá o concerto com temas de filmes da Orquestra São Bento do Sul, no Centro Cultural Dr. Genésio Tureck. Para quem deseja ficar por dentro dos outros espetáculos, basta acompanhar a escola pelas redes sociais.
A escola
Localizada na Rua Vigando Kock, Centro, ao lado da Câmara de Vereadores, o estabelecimento conta com 26 professores, além de 21 grupos musicais – formados por ex-alunos, alunos e professores. Abel é a nona pessoa, em toda a história, a ocupar o cargo de coordenador. O primeiro diretor foi o próprio Donaldo Ritzmann, permanecendo na direção da escola até 1990, vindo a falecer em maio de 1995. Passaram ainda Marcos Malewschik, Córdula Maria do Valle, Ursula Bollmann, Márcio Brosowsky, Cláudio José Fagundes, Luis Carlos Grossl e Maria Luisa Noriller Taschek.
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