Terça-feira, 22 de abril de 2025

Entre linhas azuis: Tecendo o maternar autista

Daiane Cardoso, mãe de três crianças autistas, compartilha sua jornada de descoberta, diagnóstico e luta na conscientização do autismo

• Atualizado 19 dias atrás.

Quando Daiane Aparecida de Souza Cardoso imaginava sua família enquanto ainda gestava seus filhos, como a maioria dos pais, imaginou desafios e alegrias que passaria no seu maternar. Medos, inseguranças, e momentos maravilhosos como os primeiros passos e as primeiras palavras fizeram parte desse sonho que hoje, ao se tornar mãe de quatro crianças, é realidade. Mas a vida nem sempre segue o roteiro esperado, e para Daiane, essa realidade se revelou de forma única: três de seus quatro filhos foram diagnosticados com a Síndrome do Espectro Autista (TEA). Paloma, de 9 anos, Lorenzo, de 6 e Eloá de 3.

Aos 30 anos de idade e com profissão de costureira, Daiane destaca que a jornada é repleta de desafios e aprendizados. “Crianças autistas não fazem joguinhos, não fazem birra como muitos julgam, eles são eles mesmos. Só quem tem um autista em casa sabe o quão difícil muitas vezes é lidar, porém aprendemos muito com eles, são muito inteligentes e espertos”, ressalta.

O maternar atípico de Daiane começou com seu filho do meio, Lorenzo, diagnosticado aos 18 meses de idade. “Ele tinha um ano e seis meses quando começamos a perceber que algo estava diferente. A professora da creche notou que ele se comportava de forma incomum, então decidimos procurar ajuda médica. Até no andar, com um ano e três meses, ele caía muito, se esbarrava e começou a fazer algumas coisas que chamaram a atenção das professoras, que conversaram comigo e me alertaram para observar ele, as reações, os comportamentos. Levei no pediatra, o pediatra disse que não tinha nada, que estava tudo normal. Conversei com minha irmã e resolvemos levar em um neurologista, que foi quando veio o diagnóstico. Após consultas e avaliações, Lorenzo foi diagnosticado com TEA no nível 1, com atrasos no desenvolvimento e, em seguida, já iniciamos os tratamentos e terapias junto à Apae do município de Gaspar, onde eles ficaram até os seis anos. Agora, estão aguardando atendimento em outra entidade”, lembra a mãe.

A partir desse ponto, a jornada de Daiane se tornou uma busca constante por recursos e apoio para seus filhos. Paloma, sua primogênita, e Eloá, a caçula, também receberam diagnósticos de TEA. “O tempo ficou ainda mais corrido e mudou completamente, mas são meus amores, desperta um amor inexplicável”, diz Daiane com ternura.

A conscientização sobre o autismo é fundamental, especialmente em um momento em que se celebra o “Abril Azul”, mês dedicado à sensibilização e combate ao preconceito. Segundo Daiane, “O autismo não é doença, como muitos julgam ser, é uma condição e que pode ser melhorada. Eles são maravilhosos, cada um no seu grau de inteligência, são crianças que precisam apenas de tratamento, acompanhamento para a cada dia melhorar nas suas dificuldades”, argumenta.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa que afeta a comunicação e a interação social, variando em seu grau de comprometimento. “O Lorenzo e a Eloá são nível um de suporte, mas a Eloá é um pouco mais avançada que o Lorenzo. A Paloma também é nível um, mas ela já tem características diferentes, é mais independente, ágil e até mais autoritária”, explica Daiane, destacando a diversidade dentro da condição autista.

A inclusão escolar torna-se essencial para o desenvolvimento das habilidades de comunicação e socialização das crianças autistas. Daiane enfrenta desafios diários para garantir que seus filhos tenham acesso aos recursos necessários. “Trabalhar em uma empresa com horários específicos é impossível. É uma correria, trabalhar fora é complicado. Tenho que ficar saindo, voltando, levando um, levando outro, adaptando os horários. É muito corrido”, desabafa.

O tratamento para o autismo é personalizado e interdisciplinar, envolvendo profissionais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos. “Um tratamento intensivo e individualizado pode levar a pessoa com TEA a ter melhoras significativas”, ressalta Daiane, enfatizando a importância da intervenção precoce e da conscientização pública.

Na campanha “Abril Azul”, ampliando a conscientização e promovendo a inclusão de pessoas autistas em todos os aspectos da vida cotidiana. “É preciso que essas crianças tenham acesso a diagnóstico, educação e todos os recursos que garantam, dentro do potencial máximo de cada um, sua autonomia, independência e felicidade”, finaliza a mãe, deixando uma mensagem especial nesse mês de conscientização.​


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