Na vida política desde 1988, quando se elegeu vereador pela primeira vez, o deputado estadual Silvio Dreveck (PP) voltou a ser o centro das atenções na estrutura política do Estado. Ele foi convidado pelo governador Raimundo Colombo para atuar como líder de governo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), e a resposta foi positiva.
O convite foi uma das principais surpresas deste início de novo mandato, especialmente nas fileiras do PMDB, o partido de maior expressão na coligação, que conta com o vice-governador Eduardo Pinho Moreira. “O governador me ligou na terça-feira, ao meio-dia. Fui até a sede do governo e respondi que daria um parecer após conversar com a bancada dos deputados e com as lideranças do nosso partido. A preocupação estava em torno do desgaste, dos projetos polêmicos que vem pela frente. Mas, se for para fazer pelo bem do Estado, por que não aceitar? No fim da tarde de quarta-feira, retornei com a resposta positiva”, disse.
Segundo o deputado, os questionamentos mais contundentes estão relacionados ao fato do PP não ter apoiado o governador na campanha de reeleição. “Mas tivemos um relacionamento amistoso. Nas eleições, a aliança não foi possível por conta de alguns fatores, dentre eles o Luiz Henrique (da Silveira/PMDB), que colocou o governador em saia justa por conta de algumas pendências políticas com o Ponticelli”, analisa.
Pela região
Outra situação mencionada por Dreveck é a defesa dos projetos de interesse da região Norte. Para ele, estando mais próximo do governo, poderá pautar algumas questões pendentes, como a penitenciária industrial, que não caminha. “Não toquei no assunto, mas teremos que chegar nisso. Tem ainda a Rodovia dos Móveis, que precisa de uma aceleração nas obras. De qualquer modo, tem outras questões que vão aparecendo e precisam de atenção”, justifica.
Uma pauta com reivindicações da região será elaborada no mês de fevereiro pelo deputado. “Temos uma série de necessidades que precisam ser apresentadas e vamos levar as reivindicações para o governo”. Quanto a ser o primeiro-secretário da Alesc, o deputado diz que está descartada a possibilidade, uma vez que o regimento interno da Casa não permite ao líder de governo assumir esse posto. “Mesmo assim teremos outro nome do partido assumindo. O cargo de primeiro-secretário está garantido ao PP”, completa.
Surpresa com o convite
Dreveck confirma que ficou surpreso com o convite. Para ele, as especulações eram em torno dele assumir uma secretaria, mas a conversa nunca partiu do governador. Quanto à fidelidade, Dreveck reitera que o PP passou quatro anos praticamente apoiando o governo e que somente não fechou o apoio a Colombo por conta de um desacerto entre Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Joarez Ponticelli (PP). “Se eu tivesse aceitado o convite em troca de nomeação de alguém ou alguma vantagem, seria diferente. Ele convidou pela confiança que tem no nosso trabalho. Teremos desgaste, o que é natural, projetos polêmicos, reformas administrativas que precisam ser feitas para reduzir os gastos da máquina pública. Vamos passar por isso, mas temos que pensar no que estará sendo proporcionado para a população. Dizer que será unanimidade dentro do partido não é bem assim. Mas muitas lideranças estão manifestando apoio à nossa decisão”.
Sobre os espaços do PMDB, que está pressionando o governo constantemente, diz que, se o motivo para convidar o PP fosse enfraquecer o PMDB, o governador, aí sim, teria oferecido uma secretaria para os progressistas. E não é segredo que em 2018 o PMDB terá candidato a governador, assim como o PP.
De acordo com o deputado, a sigla na qual está filiado se afina mais com o PSD e com PSDB em âmbito estadual. Silvio diz que o governador ainda comentou com ele sobre sua postura de coerência na Alesc, a qual ajuda na defesa do Executivo, por isso não foi uma decisão pensando só em política, mas na coisa técnica. “Participei de debates acalorados na assembleia, mas nunca entrei no campo pessoal”, garante.