
Em um mundo onde o egoísmo e a necessidade de tirar vantagem do próximo estão cada vez mais presentes, gestos nobres ainda nos mostram que as pessoas podem ser responsáveis por uma sociedade melhor. Foi o que fez o desempregado Altair Machado, que encontrou e devolveu a carteira de Allana Alves, com mais de R$ 1 mil dentro.
Allana conta que foi até o banco no dia 30 de outubro, um domingo, sacou seu salário do mês, cerca de R$ 1,2 mil, e sentou no banco da Praça Getúlio Vargas, no Centro. Minutos depois, foi até o supermercado, realizou algumas compras e na hora de fazer o pagamento sentiu falta de sua carteira. “Conversei com um policial militar, que me falou que dificilmente eu recuperaria meu dinheiro”, conta. “Na hora me desesperei, imagina trabalhar todo o mês e ficar sem o dinheiro?”. Porém, por volta de meio-dia, ela recebeu uma ligação. Era Altair, que estava em posse da carteira, pronto para devolvê-la com tudo dentro.
Encontrada antes da missa
Assim como todos os domingos, Altair havia saído de casa rumo ao Centro para participar da missa na Igreja Matriz Puríssimo Coração de Maria, que inicia às 9h30. Como havia chegado cedo, por volta das 9 horas, decidiu sentar na praça e esperar um pouco. Foi quando avistou a carteira de Allana sobre o banco.
Ele comenta que esperou até às 9h30, e como ninguém veio buscar, decidiu levar a carteira junto para depois entregar ao dono, com receio de que se deixasse no local outra pessoa poderia pegar e extraviar. Após participar da missa, foi para sua casa, na Rua Moema, bairro Cruzeiro, e começou a pensar em um jeito de achar a dona da carteira.
Primeiramente, Altair pensou em ligar para a rádio dizendo que havia encontrado o objeto. Porém, dentro da carteira tinha um papel com o número do telefone da mãe de Allana. Ele ligou para o número, disse que estava com a carteira e bastava passar em sua casa buscar.
A devolução
Allana foi buscar a carteira na casa de Altair e se impressionou com a simplicidade de quem estava lhe ajudando. “Ele mora em uma casa de duas peças, paga aluguel, está desempregado e os filhos ajudam a lhe sustentar”, diz. “Ele poderia ter ficado com a minha carteira, mas preferiu devolver. É bom saber que ainda existem pessoas boas”, cita.
Realmente, motivos não faltariam para Altair ficar com o dinheiro. Aos 65 anos, ele mora sozinho em uma pequena casa e, apesar de ter encaminhado a aposentadoria, ainda não obteve retorno. Com isso, depende do apoio dos filhos para se sustentar, já que durante o período em que trabalhou como ajudante de construção, sofreu um acidente na cabeça, precisou passar por cirurgia e está incapacitado de voltar ao ofício.
Apesar das dificuldades, ele tem como lema a honestidade e a integridade. “Não temos que querer o que não é nosso”, destaca.