Domingo, 27 de abril de 2025

Dançarina de 93 anos: conheça a história de Dona Melanie Hoffmann

Melanie participa do Grupo Folclórico Lustig Tanzgruppe: ‘Com a dança eu aprendi a viver mais’

• Atualizado 24 dias atrás.

No início do mês, 69 atletas de São Bento do Sul participaram dos Jogos Abertos da Terceira Idade (Jasti), em Criciúma. Uma das que abrilhantou o evento esportivo foi a dona Melanie Hoffmann, que disputou na categoria dança popular aos 93 anos, juntamente com o Grupo Folclórico Lustig Tanzgruppe.

Lá, ela não conquistou medalha, mas conseguiu mostrar toda a sua força, carisma e principalmente, se divertir ao lado das suas amigas na competição, inclusive, arrancando elogios dos jurados. “Para mim foi muito bom, não fiquei nervosa e ainda estava com o joelho machucado, mas não doeu nada. Eles até acharam que essa viagem me faria mal, mas fui e voltei bem”, sorri.

E para deixar a apresentação ainda mais especial, ela contou com a companhia da sua filha, Ingelore Giese Valério (foto abaixo). “O orgulho é muito grande, ter uma mãe forte assim e ativa, é tudo de bom”, menciona.

Hoje em dia, para conseguir acompanhar o grupo folclórico, Melanie tende a preferir músicas com um ritmo mais tranquilo, pois encontra mais facilidade em acompanhar seus movimentos. Entretanto, mesmo que às vezes possa ter alguma lesão, ela é categórica em afirmar que não irá se aposentar do mundo das danças, já que a modalidade trouxe diversos benefícios, no quesito da saúde e no social, onde viaja para apresentações culturais e tem a oportunidade de conhecer novos lugares. “Com a dança eu aprendi a viver mais. A professora sempre me fala que não é para sair, que me ajuda a manter minha memória mais ativa”, orgulha-se.

Uma impressão unânime entre todos que conhecem a Melanie é que ela não aparenta ter a idade que possui. Seja pela energia contagiante, a simpática senhora sempre está com sorriso no rosto e uma piada pronta na ponta da língua. Além disso, para sempre estar radiante nas apresentações, a dançarina faz questão de estar bem arrumada, com o cabelo e trajes impecáveis. “Ela é bastante vaidosa”, entrega a filha.

História de vida
Além disso, outro fato marcante, apesar dela dizer o contrário, é sua memória aguçada, onde se lembra de todos os momentos marcantes da sua trajetória. Natural de Corupá, Melanie nasceu em 11 de agosto de 1930. Porém, quando ainda tinha apenas 11 meses de vida, seus pais, Elizabeth e Francisco, arrumaram as malas e firmaram moradia em Distrito de Caçador, localidade que hoje é o município Rio das Antas.

Foi por aquelas terras que ela lembra da primeira vez que viu uma dança, quando ainda era criança. Naquela época, seu pai tocava numa banda e antigamente, para não deixar os filhos sozinhos em casa, os pais os levavam para os bailes, sendo que no local havia um quarto separado para os menores dormirem, enquanto os adultos se divertiam. E lá, ela viu sua cunhada dançando, fato este que a marcou pelos movimentos graciosos. “Fiquei olhando, pensando o que era aquilo. Parece que vejo esse momento até hoje, os olhos dela olhando para mim”, recorda.

Toda a sua infância ela passou em Distrito do Caçador, porém, quando seu pai faleceu, a família tinha retornado para Corupá. E para ajudar no sustento da família, quando tinha apenas 15 anos, Melanie veio morar em São Bento do Sul. Por aqui, trabalhou como babá na família Buschle, os antigos proprietários da fábrica de chocolate. Em seguida, também chegou a trabalhar na fábrica de cadarços Cincate – prédio que agora é a Prefeitura. Naquele período, muitos trabalhadores que vinham para o município moravam em pensões, onde tinha se tornado o lar da Melanie.

E foi justamente nestas moradias que ela conheceu o falecido marido, Alfredo Raimundo Giese. Para conquistá-la, foram várias tentativas, mas a situação melhorou após os dois retornarem a pé do Salão Pauli. “Foi nessa caminhada que ele me conquistou, por causa da educação e respeito que teve comigo”, relembra.

Os dois casaram na antiga igreja matriz do Centro em 1949, e da união vieram 12 filhos, sendo que a sua filha mais velha tem 74 anos.

Família talentosa
Outra lembrança que a Melanie gosta de compartilhar é a serenata que recebeu do filho mais novo, Marcelo, há mais de 30 anos. Mas não foi apenas pela ato, mas sim, porque a música cantada pelo seu filho, “Kufstein Lied”, trouxe memórias afetivas de sua infância, quando frequentava a Sociedade Princesa Isabel, no Distrito de Caçador.

Quem estava presente na serenata, tocando junto com o Marcelo, foi o músico Luis Francisco Kamienski, o Chico, atual maestro da Banda Treml. Agora, toda vez que a idosa comparece numa retreta, Chico faz questão de tocar essa música, como forma de homenagem, para alegria e emoção de Melanie.

Nos palcos
Apesar de hoje encantar todos com suas apresentações e parecer que faz isso a vida toda, Melanie só começou a dançar quando entrou para a terceira idade. Já sua história com o Grupo Folclórico Lustig Tanzgruppe iniciou desde quando o conjunto foi criado, em 1995, pela Elizete Teresinha Florencio. 

Agora, quase 30 anos da sua fundação, Melanie já se apresentou em várias edições da Schlachtfest e Oktoberfest. Mas para ela, uma das suas lembranças favoritas ocorriam em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, quando haviam os encontros de grupos folclóricos. “Ficávamos dias lá apresentando”, resume.

Atualmente, o grupo folclórico é o único da terceira idade que está em atividade no município, com integrantes de 60 a 93 anos, onde ensaiam semanalmente na Associação São Bentese da Terceira Idade (Asbeti).

Já no Jasti, eles participaram pela primeira vez, com a coreografia da professora Rosemarie Scharfe. “Ganhamos muitos elogios dos jurados, mas as críticas eram que precisávamos fazer mais movimentos, só que neste julgamento, o erro foi que eles não sabiam que tinham pessoas com idade avançada que nem a minha mãe, que não conseguem fazer todos esses movimentos”, explica Ingelore.

Mas se depender da força de vontade do grupo, nas próximas edições da competição, eles irão estar presentes novamente.


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