Ao assumir a direção do Colégio Froebel, Joel Antonio Tauchen ouviu falar que a escola tinha 18 anos de existência. Afinal, tal qual é conhecida hoje, a escola foi fundada em 1995. Certo dia, porém, meio que ao acaso, um senhor comentou que filha e neta já haviam estudado no local. Foi o que bastou para entender que algo precisaria ser pesquisado mais a fundo.
Futuro
Atualmente com 378 alunos – entre os quais 98 crianças em período integral –, o colégio deverá contar, em 2015, com mais de 400 estudantes. A instituição planeja passar a oferecer o ensino médio em 2019. Hoje, o Froebel oferece o ensino fundamental nos períodos matutino e vespertino.
Joel, então, contatou a professora de História Juliane Buttechewitz, 30 anos, para iniciar os levantamentos a fim de saber mais da escola, ou seja, promover um resgate histórico do estabelecimento. “Como historiadora, topei na hora”, conta Juliane. As primeiras atas encontradas continham escritas em alemão gótico, uma herança luterana.
Boa parte dos documentos foi traduzida por Vera Bollmann, 89 anos, ex-aluna da instituição. As traduções revelaram detalhes tanto sobre a escola quanto sobre a própria igreja. A professora Juliane ressalta que o livro “A História da Comunidade Evangélica Luterana de São Bento do Sul”, de Alexandre Pfeiffer, também contribuiu decisivamente para o processo. Durante as pesquisas, que duraram cerca de seis meses, Juliane também gravou entrevistas que fez com diferentes personagens. Os depoimentos foram fundamentais para montar, finalmente, o quebra-cabeça histórico.
Livro e memorial itinerante
Após o término das pesquisas, concluídas há pouco mais de um mês, chegou-se à conclusão de que a “Kolumbusschule”, ou Escola Colombo, foi fundada em 9 de julho de 1893 (há 121 anos, portanto), na mesma área central que abriga a escola e a igreja. O prédio que sediou o estabelecimento de ensino já não existe mais. Na década de 1930, foi fundado o jardim de infância da instituição, no prédio ao lado da casa paroquial. Mais tarde, em 1938, as atividades da Escola Colombo foram encerradas. O motivo: a crescente tensão pré-Segunda Guerra Mundial. Os professores voltaram para a Alemanha e, no Brasil, o ensino da língua alemã foi proibido. Entre aquele ano e 1980, permaneceu em funcionamento apenas o jardim de infância.

O novo prédio, que abriga as salas da educação infantil do Froebel, foi inaugurado em 1980. Já em maio de 1995, 11 meses após o início da construção, surgiu, finalmente, a nova sede da então Escola Evangélica Friederic Froebel. Dez anos mais tarde, a nomenclatura foi modificada para Colégio Froebel, cuja entidade mantenedora é a Fundação Friederic Froebel. A história, agora, deve ser transformada em livro, segundo o diretor. “Também pretendemos criar um memorial itinerante”, diz Joel.
“Foi nas férias de 1938”
Nesta semana, acompanhada pela professora Juliane, a equipe de A Gazeta esteve na residência de Vera Bollmann, no Centro. Ela conta que nasceu em São Bento do Sul em 1925, dois anos após os seus pais, Richard e Emilie, emigrarem da Áustria para o Brasil. Aos 6 anos de idade, no início dos anos 1930, Vera entrou para a Kolumbusschule. “A escola era regida por uma espécie de comissão de pais”, explica. Conforme ela, havia apenas dois professores – um casal, a propósito. Havia matérias diversas e até mesmo atividades no contraturno escolar, como aulas de piano. As atividades teatrais também eram frequentes. Vera estudou na escola durante alguns anos. As aulas eram todas em alemão, ressalta. Porém, uma professora – Irene Corrêa – repassou os primeiros ensinamentos da “língua brasileira” (português) aos alunos.

Vera recorda-se quando as portas da Kolumbusschule foram fechadas. “Foi nas férias de 1938”, diz. Conforme ela, quando a escola encerrou suas atividades, os alunos foram transferidos para outro estabelecimento tradicional são-bentense, o Orestes Guimarães. No novo local de estudo, boa parte dos alunos tinha muito mais afinidade com o idioma alemão do que com o português. “Na hora de fazermos as redações, faltavam vocábulos”, exemplifica. Vera recorda também das aulas de matemática, nas quais havia atividades-surpresa de cálculos mentais. “O professor era muito severo”, atesta. Pontualidade, respeito e disciplina, observa, eram valores bastante cultuados naqueles tempos, os quais foram permeados também pelo conflito mundial entre nações. “Foi uma época difícil”, comenta.