Conheça o novo modelo da Prefeitura para atender pessoas com autismo em São Bento

Mesmo sem a aprovação do projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores, instituindo o programa “Sou Autista” como política pública municipal, a Prefeitura inicia nesta semana a fase de mudança do Centro do Autista. Atualmente o espaço é coordenado pela Associação Amigos dos Autistas (AMA), a qual permanece até sexta-feira no local. A partir de então, uma empresa contratada pela Prefeitura assumirá a gestão.

Com a alteração, a Casa dos Autistas deixa de ser somente um espaço para atendimento lúdico no conturno escolar, com profissionais cedidos pela Prefeitura, para atender os autistas em todos os aspectos relacionados ao transtorno. A unidade passa a ter uma equipe multidisciplinar com especilstas e médico nas áreas de pediatria, neuropsicologia, psicologia, fonoaudiologia, terapeuta ocupacional, musicoterapia, educador, assistente social e fisioterapeuta.

Um dos principais benefícios para as pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), em sua maioria crianças e adolescentes, está relacionado ao fato de que os atendimentos vão ser feitos de maneira simultânea. Até agora, cada paciente precisa se cadastrar via SUS na especialidade que necessita, e como uma fila anda mais rápida que outra, muitas vezes é concluído um atendimento e não começou o outro. “Agora não. Tudo será feito de forma simultânea no centro”, destaca a chefe de Gabinete, Suzana Teles.

Para detalhar todo o projeto e seu modelo de transição, a Prefeitura realizou na última quarta-feira (18) à tarde, no auditório do Samae, um evento para a imprensa e para diretores da rede municipal. Em relação aos atendimentos hoje realizados no Casa dos Autistas, estes pacientes migram para as salas especiais existentes nas escolas da rede municipal. “A maior parte destes alunos utiliza o Centro dos Autistas um período por semana, no contraturno escolar. E entendemos que muitas famílias têm sua programação e já contam com esse atendimento. Por isso, nenhum dos mais de 100 autistas vai ficar sem atendimento neste período de transição”, reforça Suzana.

Por se tratar de um modelo novo, todo o processo tem sido acompanhado de perto pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Conforme o calendário estipulado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o MP, no dia 30 de setembro a Prefeitura terá que enviar um relatório com todas as ações realizadas até então, para que possam ser avaliados os indicadores, tanto quantitativos quanto qualitativos. “Não é apenas quantidade que queremos focar, mas sim em garantir um atendimento de qualidade aos autistas”, enfatiza a chefe de Gabinete. E a meta é, em 60 dias, atender pelo menos 100 pessoas pelo novo modelo.

Sem controle
Suzana voltou a explicar que pelo modelo atual, a Prefeitura não possui controle sobre os atendimentos e muito menos sobre quem tem acesso ao Centro dos Autistas, pois todo processo e gerenciamento é feito pela AMA. A partir de agora, a ideia é unificar todas as informações, tanto das secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, para formar um cadastro único e atualizado sobre os autistas em São Bento do Sul. Atualmente estima-se serem 573, sendo pouco mais de 100, somente, atendidos no Centro dos Autistas.

Como existem mais de 460 famílias a espera de atendimento, muitos pais têm procurado a Prefeitura para saber detalhes do programa Sou Autista. Mais de uma centena deles assinou um ofício pedindo celeridade à Câmara de Vereadores na aprovação do projeto de lei em tramitação. Pelo novo modelo, a porta de entrada inicial aos atendimentos será via fila do SUS na fonoaudiologia, especialidade mais aguardada pelo autistas.

Ou seja, pacientes com diagnóstico de TEA que estejam cadastrado na fila do SUS para fonoaudiologia terão preferência nos atendimentos. E a fase de triagem já começou. Duas salas foram separadas no Centro Administrativo Leopoldo Zschoerper para que a empresa contratada pela Secretaria de Saúde possa realizar este trabalho e garantir que a partir de 1 de julho, estes pacientes possam ser atendidos no Centro dos Autistas, o qual passa a se chamar Centro de Atendimento Terapêutico TEA (Cat TEA).