Recentemente, A Gazeta publicou uma matéria sobre os cuidados com a alimentação escolar em relação à sensibilidade ao glúten, um composto de proteínas armazenado nas sementes de alguns cereais, incluindo o trigo, que causa doenças e reações em pessoas intolerantes. O assunto repercutiu e levantou outras dúvidas sobre a rotina de alguém com essa e outras condições, fora do ambiente escolar.
Uma das famílias que precisou mudar completamente seus hábitos diários é a de Lucimara Nunes. Sua filha, Nicoli Stiz, foi diagnosticada aos 7 anos com sensibilidade ao glúten. De acordo com a mãe, desde os primeiros anos de vida, Nicoli apresentava sintomas como dores de cabeça, dor abdominal, azia e constipação.
No entanto, o diagnóstico preciso demorou a ser confirmado, passando por tratamentos paliativos até que uma segunda opinião médica indicasse a sensibilidade ao glúten. “Desde muito cedo, percebi que algo não estava bem com a saúde da minha filha. Ela tinha frequentes dores de estômago, ficava muito fraca, sem conseguir ficar em pé, com muitas dores na barriga e crises de vômito. Fomos algumas vezes ao hospital devido a essas situações e a primeira orientação médica foi o uso de medicamentos para dor e má digestão. Isso obviamente não ajudou, então buscamos uma segunda opinião médica, que fez o diagnóstico correto. Foi aí que descobrimos a sensibilidade ao glúten. A médica recomendou uma dieta completa, retirando totalmente o glúten da alimentação dela”, revela Lucimara.
A partir daí, a vida tanto de Nicoli quanto de seus pais e pessoas ao seu redor mudou. A alimentação da família passou por uma reestruturação completa, eliminando qualquer traço de glúten. “A adaptação não foi fácil, especialmente em uma cidade com poucas opções de comercialização de alimentos sem glúten. Tivemos que buscar alternativas em supermercados até de outras cidades. Além de aprender novas receitas. Mas a família inteira adotou uma alimentação sem glúten em casa, visando a melhora da saúde de Nicoli”, relata a mãe.
Com a mudança na alimentação, a saúde de Nicoli começou a melhorar significativamente, demonstrando a importância da dieta adequada para crianças sensíveis ao glúten. Porém, um dos outros desafios enfrentados foi o planejamento de eventos sociais e viagens, onde Nicoli precisava levar sua própria alimentação. Em festas de aniversário, por exemplo, Lucimara faz questão de comunicar aos pais dos amigos da filha sobre a necessidade de uma “marmita especial”, garantindo que ela possa participar das festividades sem restrições.
“Ela leva a marmitinha dela de casa e socializa com os amigos do mesmo jeito, até nas viagens do grupo de dança que ela participa, onde às vezes acaba ficando mais do que um dia fora de casa, precisa levar a alimentação para todos os dias e a pessoa responsável é avisada que ela possui uma dieta para seguir. Na escola, a gente leva o laudo já no início do ano e com a colaboração da direção e da equipe escolar, ela tem sua alimentação adequada às suas necessidades, podendo desfrutar de refeições similares às dos colegas, porém livres de glúten. Somente agora, com novas orientações médicas, ela terá que levar lanche de casa, até repetir alguns exames. Dependendo do resultado, ela volta a comer o lanche da escola, ou não”, completa.
Nicoli, por sua vez, já se acostumou e inclusive não sente diferença alguma de quando consumia alimentos com glúten. Recentemente, seus pais a levaram a uma pizzaria em Jaraguá do Sul, especializada em buffet somente sem glúten, foi então que ela pode aproveitar para comer um dos seus pratos favoritos. “Foi muito legal porque eu podia comer tudo que eu queria. Outra vez fui em um café em Joinville e lá eles só serviam comida sem glúten também. Mas entre a comida da minha mãe e dos restaurantes, eu ainda prefiro a da minha mãe”, disse Nicoli.
Pais devem ficar atentos
Lucimara também fez um apelo para que os pais estejam atentos aos sintomas que seus filhos possam apresentar, como dores abdominais frequentes, e busquem ajuda médica adequada. Cada caso é único, e a investigação precoce pode fazer toda a diferença na qualidade de vida das crianças intolerantes ao glúten.
“É preciso buscar auxílio médico antes de iniciar qualquer dieta restritiva, pois cada corpo reage de forma diferente. É também necessário ter cuidado ao oferecer alimentos a crianças, sempre consultando os pais sobre restrições alimentares”, finaliza.
É importante lembrar ainda que a sensibilidade ao glúten abrange uma variedade de produtos, como pães, massas, bolos, biscoitos e até alguns molhos e condimentos. Além disso, a contaminação cruzada representa uma preocupação constante, visto que alimentos livres de glúten podem ser contaminados pela proteína durante o preparo ou armazenamento. Para a eficácia do diagnóstico, é essencial consultar um profissional da área da saúde e manter uma alimentação saudável sem a proteína.
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